sábado, 23 de janeiro de 2010

BRASIL HOLANDÊS – MUSEU HISTÓRICO NACIONAL

Anais do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, Vol.1, 1940, p.23-30.
O Museu Histórico Nacional publicou nos seus anais diversas matérias sobre numismática. A primeira delas no volume inicial de 1940 intitulada “O Meio Circulante no Brasil Holandês” de autoria do antigo Conservador da Sessão de Numismática daquele Museu.
Apesar de existirem estudos mais recentes sobre o assunto, o texto guarda informações interessantes.
Para acesso ao texto em formato pdf é só clicar no título, para ter acesso a página do Museu Histórico Nacional (clique aqui).



Moeda de XII florins com o monograma da W.I.C (West-Indische Compagnie) ou GWC (Geoctroyerd Westindische Compagnie), que circularam no Brasil Holandês. Os valores eram de III, VI e XII florins (moedas de ouro) dos anos de 1645 e 1646 e de XII stuivers (soldos) de prata de 1654. Estas moedas são muito raras, existem menos de uma centena das de ouro e apenas 5 das de prata.

Obs.: A imagem da moeda provém do site angelinicoins.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

THOMAS DE LA RUE & COMPANY. LIMITED.

                                                                                         © 2010 Marcio Rovere Sandoval


A empresa inglesa Thomas de La Rue foi criada em Guernsey por volta de 1813 com o nome de "L’lmprimerie de T. de La Rue". Produziu cédulas para Brasil de 1949 a 1964 (algumas destas estampas circularam até 1975), forneceu, também, as primeiras 500 séries da estampa A da cédula de Cr$ 100.00 (cem cruzeiros) lançadas em circulação em 1970 pelo Banco Central e depois produzidas pela Casa da Moeda do Brasil.
Em 1958 mudou de denominação e passou a se chamar De La Rue Company Limited, depois em 1991, passou a se chamar De La Rue plc. Produziu suas primeiras cédulas de banco para as Ilhas Mauricio em 1860.
Transcrevemos dois textos muito interessantes que contam a história da empresa, o primeiro é de autoria de F. dos Santos Trigueiros e o segundo de Frederic Sondern Jr..
Há de se notar que o segundo texto foi realizado em 1960, momento que a empresa ainda imprimia boa parte do papel-moeda que circulava no mundo. Nos dias de hoje houveram mudanças significativas eis que muitos países passaram a imprimir suas próprias cédulas, principalmente por questões de segurança e de economia de divisas como é o caso do Brasil.










Detalhe da cédula de 1 libra de Guersey (P.48b) de 1980-89. Na parte inferior do símbolo temos: DE LA RUE, marca da empresa impressora.



F. dos Santos Trigueiros – Dinheiro no Brasil
“A Thomas de La Rue foi criada em 1813, em Guernsey, com o nome de "L’lmprimerie de T. de La Rue". Três anos depois, era transferida para Londres. Seu fundador Thomas de La Rue nasceu naquela cidade em 24 de março de 1793.
Em 1831 imprimiu um exemplar do Novo Testamento em ouro. No ano seguinte o Rei Guilherme IV concedeu-Ihe uma Carta Real de Patente para a fabricação de naipes, por processo tipográfico. Ate aquela época, os naipes eram desenhados de maneira muito trabalhosa e coloridos com aquarela, ou impressos a uma só cor e depois pinta dos a mão. Portanto, foi T. de la Rue o pai das cartas de jogo modernas. Durante anos fez baralhos para membros da Família Real Britânica, assim coma para Reis, Rainhas e Chefes de Estado da época. Ainda hoje os fabrica.
Em 1845, para atender a procura de envelopes, devido a criação do selo postal, De la Rue inventou a primeira máquina de fazer envelopes, hoje no Museu de Ciências de Londres.
Os conhecimentos adquiridos na impressão de cartas de jogar, permitiram um desenvolvimento que levou a firma a fazer selos postais, tendo de 1879 a 1910 fabricado todos os selos da Inglaterra. A firma se orgulha em ter impresso único selo dos Estados Unidos, feito no estrangeiro: o 5 centavos emitido pelos Estados Confederados da América, durante a Guerra Civil.
Com o aumento do uso de dinheiro impresso. nova oportunidade surgiu nos negócios da empresa, que se iniciou em 1864 fazendo o bilhete de 5 libras para o Governo de Maurícia, encadernado em talão de 500 exemplares. Em 1866, preparou bilhetes de banco de 5 liras para a Itália. Em 1940 teve noventa por cento de suas instalações fabris destruídas por bombardeio aéreo.
Em 1942 construíram um abrigo subterrâneo, a mais de 25 metros de profundidade, no Oeste da Inglaterra, que no final da guerra guardavam centenas de caixas de bilhetes de banco, impressos para os Governos expatriados da França, Tchecoslováquia, Polônia. Grécia e Bélgica, para serem usados depois da liberação dos seus respectivos países.
O aperfeiçoamento de suas máquinas impressoras permitiu que ganhasse, em 1957, a concorrência para fornecer 8 máquinas para o Bureau of Engraving, em Washington, onde são impressos dólares americanos. Dai em diante. crescendo sempre. se tomou empresa fornecedora de papel-moeda a vários países. Forneceu ao Brasil de 1949 a 1964, e fez as primeiras 500 séries da estampa A da cédula de Cr$ 100.00 lançadas em circulação em 1970. (in, Dinheiro no Brasil, F. dos Santos Trigueiros, Leo Cristiano Editorial, 2a edição, 1987, p.168-169).



Reverso da cédula de 5 colones da Costa Rica (P.238e) de 1992, "Alegoria do Teatro Nacional, J. Villa, 1897", produzida pela Thomas de La Rue & Company. (clique para ampliar)

Frederic Sondern, Jr.
(Condensado de “The Finacial Times”)
Thomas De La Rue & Co. - impressores mundiais de papel-moeda - vivem empenhados numa batalha de Sagacidade com falsários e outras pessoas que conspiram contra o seu produto.
“Nos Arredores de Leeds, no norte da Inglaterra, existe um grande edifício de tijolos que é guardado tão rigorosamente como qualquer instalação nuclear ou de teleguiados. Nenhuma pessoa ou embrulho entra ou sai dali sem meticuloso exame. Há guardas por toda a parte. Caminhões que parecem veículos comerciais comuns saem periodicamente dos seus portões. Não há blindagem nem guardas armados nos caminhões. Mas cada um deles raramente fica longe das vistas dos carros de polícia que também não chamam a atenção e que patrulham o seu caminho. A carga dos caminhões consiste em pesadas caixas revestidas de metal, cujo destino pode ser Berna, Aqaba, Caracas ou Bancoc. Cada caixa leva uma fortuna, freqüentemente vultosa - talvez em francos suíços, em dinares da Jordânia, em bolívares da Venezuela ou em ticais da Tailândia. Todos eles acabaram de ser impressos por Thomas De La Rue & Co., um dos maiores impressores de papel-moeda do mundo. Dos portões de De La Rue saem semanalmente cerca de 20 milhões de notas para governos do mundo inteiro. Uma vez que a divisão de notas da firma desenha, grava e imprime o dinheiro de 92 países, os seus desenhistas devem ser versáteis de maneira a satisfazer o gosto variável dos tesouros e dos bancos nacionais. Os suíços, por exemplo, apreciam um desenho sóbrio, simples, de preferência moderno, para as suas notas. O Irã quer um desenho extremamente complicado, que lembra um tapete persa. A Nova Zelândia pede motivos maoris. O Camboja se especializa em dançarinas. Muitos países latino-americanos preferem notas que mostrem os retratos dos presidentes, as armas nacionais e os edifícios públicos. Depois que o desenho colorido de uma nova nota é submetido à apreciação de um governo, e aprovado, passa às mãos dos gravadores. Há apenas uns 100 gravadores no mundo com perícia suficiente para fazer chapas de notas de superior qualidade. Desses, 20 estão com De La Rue. Artífices meticulosos, eles são de temperamento muito parecido - calmos, agradáveis e dotados de infinita paciência. Dedicam-se à tarefa de reproduzir um desenho no aço com toda a exatidão. Prima - donas à sua maneira, não podem ser apressados nem perturbados. As mesas de trabalho na grande sala de gravação, agradavelmente decorada, são bem separadas umas das outras, e não é raro ver-se um gravador a olhar vagamente por uma janela ou a andar de um lado para outro de cachimbo aceso, talvez pensando na melhor maneira de produzir o efeito de uma vela enfunada ou de uma montanha espetacular. Os desenhos complexos não têm valor apenas estético. Ajudam a confundir os falsários. Assim também o faz o torno geométrico. Essa máquina de cortar, extremamente complexa, grava numa chapa os complicados círculos, volutas e laços em geral usados nas margens das notas. Não há mão humana capaz de produzir sequer um fac-símile razoável. Além disso, um torno geométrico não pode copiar o trabalho feito por outro, salvo se quem o fizer funcionar tiver a f6rmula do original e ajustar de acordo com ela o seu labirinto de engrenagens e excêntricos. Esses tomos custam 16.000 libras, só são vendidos aos impressores de boa reputação e são cuidadosamente guardados. Há duas outras características numa nota bem, feita que nem mesmo um falsário com o melhor aparelho de reprodução fotográfica pode imitar a tinta e o papel. As tintas inimitáveis da Companhia De La Rue, preparadas segundo fórmulas secretas, são famosas há muitos decênios. Só três firmas no mundo ocidental fabricam o papel peculiarmente duro e inteiramente feito de trapos com a consistência estralejante de uma autêntica cédula. Essas firmas são: Crane, que é a fornecedora do Tesouro dos Estados Unidos; Portals, na Inglaterra, que fornece o papel à De La Rue, e o Office Français des Papiers Surfins et Fiduciaires, de Paris, que abastece o Banco da França. Todas as folhas fabricadas são contadas e escrituradas até ao último centímetro quadrado. Muitos são os governos que acrescentam ao papel outra característica de segurança a filigrana. Ninguém descobriu ainda um meio realmente satisfatório de falsificar uma filigrana. Apesar disso, a eterna batalha entre o impressor e o falsário continua. “É sempre a nossa sagacidade contra a deles”, diz um dos “delaruvianos”, como eles se chamam. A companhia tem alguns artifícios difíceis de superar. Um deles é o “fio de segurança”, um fino fio de matéria plástica que se insere no papel por ocasião da fabricação. Os moedeiros falsos imitam esse fio imprimindo em lugar dele uma linha estreita. Mas é fácil identificar a nota falsa, bastando para isso passar a unha sobre ela. Por outro lado, com o fio de segurança, é possível agora para os bancos examinarem com rapidez centenas de notas por meio de uma máquina que automaticamente separa as falsas. A precisão cada vez maior dos métodos de reprodução fotográfica tem dado muitas dores de cabeça aos homens da De La Rue. Uma das principais providências que tomaram em sua defesa foi o emprego de uma série de delicados tons claros que as melhores máquinas de fotografia a cores não podem reproduzir exatamente, mas que podem ser distinguidos até pela vista de um leigo. Entretanto, a maior contribuição da Companhia De La Rue para a fabricação de notas consiste nas suas incomparáveis máquinas de impressão. No Banco da Inglaterra, algumas notas inglesas são impressas em máquinas da De La Rue e há dois anos nove dessas máquinas foram instaladas na Oficina de Gravura e Impressão de Washington, nos Estados Unidos. Até há pouco tempo era necessário umedecer o papel das notas antes da impressão, em virtude da sua extraordinária dureza. Isso freqüentemente apresentava inconvenientes: quando o papel impresso secava, era freqüente as linhas saírem ligeiramente deformadas. Mas as prensas da De La Rue imprimem com tal pressão e exatidão que já não é necessário umedecer o papel, e todas as folhas saem absolutamente perfeitas à razão de 2.500 por hora. Isso teve uma importância particular para o Tesouro dos Estados Unidos pelo fato de ele tradicionalmente não empregar filigranas nem tintas especiais, dependendo da absoluta precisão e clareza da impressão. A Casa De La Rue foi fundada em 1813 por um impressor de múltiplas aptidões e imensamente engenhoso, Thomas De La Rue, que se especializou na impressão de papel de cartas em relevo e em cartas de jogar. Quando os selos postais começaram a ser usados na Inglaterra, dedicou-se a eles e durante 30 anos teve o contrato exclusivo da impressão de todos os selos ingleses. Começaram então a chegar numerosas encomendas de selos de outros países. No começo do século, a enorme expansão mundial da indústria e do comércio produziu uma repentina procura do papel-moeda para substituir o ouro e a prata, mais difíceis de manusear. Alguns países tentaram imprimir o seu dinheiro e se viram desastrosamente às voltas com os falsários. Em toda a parte havia muito poucas pessoas com a aptidão técnico - artística, o conhecimento mecânico e as máquinas complicadas e caras necessárias para fazer notas relativamente garantidas contra os moedeiros falsos. Quando, em 1901, o Governo da Tailândia pediu ao Banco da Inglaterra que lhe imprimisse o dinheiro, o Banco se escusou, mas sugeriu De La Rue. E foi assim que começou a grande indústria de notas. Talvez o mais duro golpe já sofrido pelo mundo da impressão de notas tenha sido - coisa que pode tornar a acontecer a falsificação da moeda de um governo por outro durante a Segunda Guerra Mundial. Os nazistas organizaram um plano para descontrolar o sistema monetário britânico por meio da introdução furtiva de notas de cinco libras no Reino Unido e espalhando-as pelo mundo. As falsificações eram tão boas que enganaram até os peritos. Felizmente para a Inglaterra, a guerra acabou antes que uma quantidade considerável dessas notas pudesse ser distribuída. Pensou-se durante muito tempo que as chapas das notas de cinco libras dos nazistas tinham sido jogadas por homens das tropas de assalto em fuga num lago das montanhas na Áustria; recentemente maços de notas falsificadas do Banco da Inglaterra foram retirados do Lago Töplitz. Os detalhes do plano nazista são ainda um segredo sigilosamente guardado. Mas, ha cerca de três anos, o Banco da Inglaterra começou a por em circulação notas de cinco libras de espécie inteiramente nova. "O povo a princípio não gostou da mudança", disse um funcionário do Banco. "Tivéramos durante tanto tempo as notas velhas e bem conhecidas. Alas era preciso." Nada mais disse. As novas notas de cinco incorporam todos os progressos mais recentes - tons claros, fios de segurança, saliências no papel sensíveis ao tato e outras características secretas, inclusive tintas e papel que agem eletronicamente de maneira especial. Muitas dessas coisas foram inovações da De La Rue. -Acreditamos que continuaremos a dar muito trabalho aos falsários, tanto particulares como de algum governo, se houver necessidade - diz um delaruviano. (in, Seleções do Reader’s Digest, Tomo XXXVII, nº 217, Fevereiro de 1960, Editora Ypiranga S.A, Rio de Janeiro, p. 73 a 77).



Antigas cartas de baralho produzidas pela Thomas de La Rue & Company.

Veja um vídeo sobre a Thomas de La Rue e um  artigo sobre a empresa Bradbury Wilkinson que foi comprada pela De La Rue.

Autor: Marcio R. Sandoval
email: sterlingnumismatic@hotmail.com
© 2010 Marcio Rovere Sandoval

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

NUMISMÁTICA – JULIUS MEILI V - CURAÇAO MEIA DOBRA CERCEADA

Curaçao 1815 (Meia Dobra, cerceada de D. Maria I e Pedro III)

                                                                                            © 2010 Marcio Rovere Sandoval



A moeda em dois momentos distintos – Citada no artigo de Julius Meili em 1902 - nº 8 (Coleção Meili?) e após no leilão da Stack’s em 2005 (Coleção Louis Eliasberg). Clique para ampliar.

O entusiasmo de um grande numismata frente a uma magnífica moeda.
Na matéria publicada no Arqueólogo Português em outubro-novembro de 1902 (e reproduzida anteriormente), intitulada "Moedas portuguesas de ouro carimbadas ou cravejadas nas Índias Ocidentais e no Continente Americano" Julius Meili descreve a moeda de n˚8 das ilustrações que acompanham o trabalho da seguinte forma, vejamos:
"8. Meia dobra, cerceada, de D. Maria I e D.Pedro III, 1781, (Sem letra monetária), peso 12gr, 35.
Este exemplar é o que figurou na coleção de Jules Fonrobert, que vem descrito no respectivo catálogo sob o n˚ 8:808; foi castigado com seis carimbos no anverso e um no reverso. Os do anverso são: na orla, G I, L, M, H (em monograma), (B ás avessas), no centro G M (os dois últimos carimbos em círculos dentados) e mais um sinal em forma de roseta ou de trevo de quatro folhas. O do reverso, que não está mencionado no catálogo de Fonrobert, consiste numa pequena letra W dentro de um círculo. Fonrobert atribui estes carimbos á autoridade portuguesa que em 1823 continuava a sustentar-se na cidade da Bahia (Brasil); creio, porém, que não se pode produzir nenhum motivo que fale em favor de semelhante suposição. Parece-me que também devemos procurar a origem destes carimbos nas Índias Ocidentais." (in: O Arqueólogo Português. Lisboa: Museu Etnográfico Português – S.1 vol. 7, n˚ 10-11 (out.-nov. 1902), p.256).
Esta mesma moeda figurou no leilão da Coleção de Louis Eliasberg realizado pela empresa Stack’s em 2005.
Vejamos alguns detalhes da descrição desta moeda:
Data: cerca de 1815 (Curaçao)
Contramarca em 6.400 réis do Brasil de 1781
Catalogação: Fr-2, Gordon-14c e KM-20
Estado de Conservação: Detalhes EF (Extremely Fine) ou S (Soberba).
Peso: 12.34 gr
Dimensões: 28.70 mm
Descrição: No anverso: As letras GI em um quadrado na parte superior, B invertido em um círculo radiante do lado direito, MH à direita da data, L em um círculo do lado esquerdo, no centro direito, o monograma CM em um círculo radiante, a esquerda deste, sobre Maria temos um sinal em forma de trevo. No reverso: W em um círculo do lado esquerdo. Todas estas marcas sobre a moeda de origem (Brasil Fr-107, do Rio de janeiro). Ouro amarelo brilhante, traços de brilho e algumas linhas finas fracas. A marca circular minúscula na base do reverso é presumivelmente uma marca contemporânea da broca de teste, todas as marcas foram feitas vigorosamente, embora, o W no reverso demonstre aspereza.
Uma raridade extraordinária entre as moedas de ouro introduzidas na circulação nas Caraíbas. Segundo Pridmore estas marcas são as indicações individuais dos membros do comitê que examinava as moedas.
A coleção de Garrett incluiu um exemplar sobre uma moeda de 1776 do Rio de Janeiro (é a KM-19) De acordo com Gordon, somente três únicas moedas deste tipo são conhecidas em Curaçao, fazendo desta a mais significativa e indescritível das Índias Ocidentais. É a única moeda genuína conhecida com todos os 6 selos (a outra tem somente 5), e esteve fora do mercado desde sua aparecimento em 1927 na venda de Peltzer. É a estrela da seção das Índias Ocidentais desta coleção. Preço sugerido: ($20.000-35.000). Esta peça foi descrita por Frank Duffiedl em abril de 1921 no The Numismatist de duas fontes diferentes, uma parece ser o Catálogo de Fonrobert, quanto ao outro é desconhecido a nós. Nenhum é mencionado. A partir de Adolph Weyl’s, venda da coleção de Fonrobert, 1878, Lote 8808; Glendining’s venda da coleção de Richard F. Peltzer, junho de 1927, Lote 655; a coleção de Jonhn H. Clapp; propriedade de Clapp a Louis E. Eliasberg, 1942. Classificado em Pridmore, p.250 ("duas moedas foram identificadas"); Classificado no Catálogo de Moedas de Ouro de Krause-Mishler, p. 808 ("única").

Ilustração do Catálogo Krause para a Ilha de Curaçao (KM20) e a menção "unique" e a outra moeda (KM19), também com as seis contramarcas, mas com a base ilegítima. Clique para ampliar.
Textos e imagens originais (clique para visualizar):
- Standart Catalog of World Coins, 19 th Century, 1801-1900, third edition, 2001, p.907.

Autor: Marcio R. Sandoval (sterlingnumismatic@hotmail.com)

© 2010 Marcio Rovere Sandoval

ALBERTO SANTOS DUMONT - DIRIGÍVEL Nº.5

O “naufrágio” aéreo de Santos Dumont com o dirigível nº.5 após colidir com o Hotel Trocadero em 8 de agosto de 1901, retratado pelo Suplemento Ilustrado do Le Petit Journal.

Capa do Le Petit Journal – Supplément Illustré de 25 de agosto de 1901 noticiando a queda do dirigível nº 5 de Santos Dumont (clique para ampliar)
Um naufrágio aéreo
O "dirigível" do Sr. Santos Dumont
Quando o Sr. Santos Dumont terá ganhado o prêmio Deutsch, será necessário convir que ele não terá voado.
Nós sabemos que o prêmio de cem mil francos esta destinado pelo seu fundador ao aeronauta que, partir da encosta de Saint-Cloud, ali terá voltado ao final de trinta minutos após ter contornado a Torre Eiffel.
Uma primeira vez, o Sr. de Santos-Dumont fez o percurso, mas perturbado pelo vento, ele ultrapassa em alguns minutos o prazo fixado.
Deveria ser feito novamente. O jovem aeronauta esperava um tempo mais favorável, e alguns dias depois, a 6 horas e 11 minutos da manhã, ele deixa a encosta de Saint-Cloud.
Tudo ai vem no começo: os curiosos o viram contornar rapidamente a Torre Eiffel e voltar com uma facilidade que não deixava nenhuma dúvida quanto ao seu sucesso; quando de repente depois de algumas ondulações inquietantes, seu aparelho desapareceu.
Ele tinha acabado de descer bruscamente e se despedaçado sobre o teto de um prédio da rua de Passy. Para sua felicidade, a parte que sustentava a cesta ficou presa. Graças ao socorro do Sr. Gustave Cassafier, antigo soldado, que, ajudado de alguns transeuntes, lhe lançou cordas, o Sr. de Santos-Dumont foi salvo.
O acidente originou-se da falta de rigidez do reservatório de gás; a dilatação prevista não aconteceu nas condições esperadas, o vento que estava na vertical durante o retorno fura o tecido e rompendo o equilíbrio.
O Sr. Dumont conhece a causa de seu acidente, ele conseguirá remediar o problema; ele precisa somente de quinze dias para construir um novo aparelho com o qual certamente, desta vez, ele conseguirá.” (in, Le Petit Journal – Supplément Illustré, nº 562, 25/08/1901, p.271). Tradução nossa.
Segue o texto original:
“Un naufrage aérien
Le "dirigeable" de M. de Santos-Dumont
Quand M. de Santos-Dumont aura gagné le prix Deutsch, il faut convenir qu’il ne l’aura pas volé.
On sait que ce prix de cent mille francs est destiné par son fundateur à l’aéronaute qui, parti des coteaux de Saint-Cloud, y será revenu au bout de trente minutes après avoir doublé la Tour Eiffel.
Une première fois, M. de Santos-Dumont fit le parcours, mas gêné par le vent il dépassa de quelques minutes le délai fixé.
C’était à refaire. Le jeune aéronaute attendit un temps plus favorable, et il y a quelques jours, à 6 heures 11 du matin, il quittait les coteaux de Saint-Cloud.
Tout alla bien au début : les curieux le virent doubler rapidement la Tour Eiffel et revenir avec une aisance que ne laissait aucun doute sur son succès; quand tout à coup après quelques ondulations inquiétantes son appareil disparut.
Il venait de descendre brusquement et de se briser sur le toit d’une grande maison du quai de Passy. Par bonheur, la partie qui soutenait la nacelle était restée accrochée. Grâce au socours de M. Gustave Cassafier, acien zouave, qui, aidé de quelques passants, lui lança des cordes, M. de Santos-Dumont fut sauvé.
L’accident provient du manque de rigidité du réservoir de gaz; la dilatation prévue ne s’y étan: pas produite dans les conditions attendues, le vent que était debout au retour creusa dans l’étoffe et rompit l’équilibre.
M. de Santos-Dumont connait la cause de son accident, il y remédiera; il ne demande que quinze jours pour construire un nouvel appareil avec lequel bien certainement, cette fois il réussira.” (in, Le Petit Journal – Supplément Illustré, nº 562, 25/08/1901, p.271).

Narração deste acidente por Santos Dumont

Reposto o balão e em estado de funcionar, revistas e consertadas todas as suas peças, cheio de novo, fiz experiências preliminares. Convocada novamente a Comissão do Aero Club, parti para a torre Eiffel que circunaveguei de novo; mas, ao voltar, desarranjou-se-me a máquina nas alturas do Trocadero. Manobro para escolher um bom lugar para descer. Supunha ter sido feliz em minhas manobras e esperava descer em uma rua, quando ouço um grande estrondo, grande como o de um tiro de canhão; era a ponta do balão que, na descida, que foi rápida, tocara o telhado de uma casa. Um saco de papel cheio de ar, batido de encontro a uma parede, arrebenta-se, produzindo grande ruído; pois bem, o meu balão, saco que não era pequeno, fez um barulho assim, mas... em ponto grande. Ficou completamente destruído. Não se encontrava pedaço maior do que um guardanapo! Salvei-me por verdadeiro milagre, pois fiquei dependurado por algumas cordas, que faziam parte do balão, em posição incômoda e perigosa, de que me vieram tirar os bombeiros de Paris. Os amigos e jornalistas me aconselharam a ficar nisso e não continuar em minhas ascensões, da última das quais me salvara por verdadeiro milagre. O conselho era bom, mas eu não pude resistir à tentação de continuar; não sabia contrariar o meu temperamento de sportsman. (in, O que eu vi, o que nós veremos. Santos Dumont, Alberto. São Paulo: Hedra, 3ª edição, 2000. (p.49-50).
Abaixo as fotos do acidente:







Textos originais em pdf (clique no título)


O que eu vi, o que nós veremos. Santos Dumont, Alberto. São Paulo: Hedra, 3ª edição, 2000.