domingo, 27 de março de 2011

GERARD VAN LOON E AS PRIMEIRAS MOEDAS CUNHADAS NO BRASIL


                                                                                  © 2011 Marcio Rovere Sandoval

Continuação:

Fig. 1 – Ilustração do livro de Gerard Van Loon, Beschryving der Nederlandsche Historipenningen... (Histoire Mettalique dês XVII Provinces des Pays Bas...), edição em holandês 1726, contendo a moeda de XII soldos (stuivers) de prata, cunhada em 1654 pela Companhia das Índias Ocidentais, em flamengo GWC – Geoctroyeerde Westindische Compagnie ou ainda WIC – “West-Indische Compagnie”.
"Neste mesmo ano o Sr. Goch, que havia sido durante oito anos Conselheiro no Brasil, havia chegado à Holanda por Cadix. Em 29 de julho ele teve uma audiência na Assembléia dos Estados Gerais, na qual ele afirmou que seria fácil de erguer os negócios no pais, eis que ainda possuíam mais de trezentas praças ao longo do rio, que a população temia tanto os portugueses que ninguém teria a coragem de entrar no interior do país, o que causava uma miséria inexprimível. Motivados por estas circunstâncias, o Estados Gerais, finalmente procuraram, dentro do possível, aliviar os sofrimentos da população e para este efeito enviaram a Lisboa o Srs. Rodolfi e Verhoeven, para terminar as negociações, munidos de instruções menos limitadas que aquelas que haviam sido utilizadas até aquele momento. Eles foram recebidos na Corte de Portugal, com todas as honras imagináveis, mas sem conseguir o menor acordo com os portugueses, que pudesse acabar com as diferenças recíprocas, no que diz respeito às Índias Orientais e às Índias Ocidentais; os portugueses se aproveitando do fato de que os enviados dos Estados Gerais não estavam autorizados a entrar numa negociação geral, prosseguiram a conquista de todo o Brasil antes que eles pudessem ter as novas ordens. De fato, no mês de maio do ano seguinte, nos soubemos, que por falta de reforços suficientes que foram retardados por causa da Guerra, os portugueses haviam assediado o Recife em 20 de dezembro, a última fortaleza da Companhia no Brasil; que eles haviam atacado com um frota de sessenta navios de guerra, e com um formidável exército composto de moradores, de mulatos, de mamelucos, de brasileiros e de negros, sustentados por um bom número de tropas regulares; enfim tudo o que precisavam, eles obrigaram os holandeses de se retirar inteiramente deste vasto país, deixando atrás deles trezentas peças de canhão. Esta perda foi atribuída a ausência de víveres e de vestimentas e sobretudo à desobediência dos soldados. Utilizando além de suas próprias forças e não recebendo o socorro prometido, eles trataram de voltar para o seu país de qualquer maneira; e não temendo o patíbulo, eles cunharam a seguintes peças para o pagamento do soldo , para que pudessem impedi-los de desertar para o inimigo."

Fig.2 – Moeda de XII soldos (stuivers) de prata, 1654, cunhada pelos holandeses em Pernambuco. (Das brasilianische Geldwesen. I. Die Münzen der Colonie Brasilien 1645 bis 1822. Julius Meili. Zurique: Druck des Polygraphischen Institutes A.G., 1897, Tabela I, nº 5).
"Nós vemos pelos caracteres espartanos (no original consta púnicos, o que achamos menos conveniente para a tradução em português) que se encontram na peça acima; que ela circulou por doze soldos. Ela contém somente uma cifra e três letras, que significam:
Geoctroyeerde Westindische Compagnie. 1654.
Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais. 1654."
(in, Histoire Mettalique des XVII Provinces des Pays-Bas, depuis l'abdication de Charles-Quint, jusqu'à la Paix de Bade en MDCCXVI. Gerard Van Loon. La Haye: P. Gosse, J. Neaulme et P. de Hondt, 1732, p.368-369).
Assuntos relacionados :
BRASIL HOLANDES – MUSEU HISTORICO NACIONAL

Autor: Marcio R. Sandoval (sterlingnumismatic@hotmail.com)

quarta-feira, 23 de março de 2011

GERARD VAN LOON E AS PRIMEIRAS MOEDAS CUNHADAS NO BRASIL

                                                                                        © 2011 Marcio Rovere Sandoval


Fig. 1. Ilustração do livro de Gerard Van Loon, Histoire Mettalique dês XVII Provinces des Pays Bas..., edição em francês de 1732, pg. 283, contendo as moedas cunhadas pela Companhia das Índias Ocidentais, em flamengo GWC – Geoctroyeerde Westindische Compagnie ou ainda WIC – “West-Indische Compagnie”. Os valores cunhados em ouro foram: XII, VI e III florins ou ducados, nos anos de 1645 e 1646.

Realizamos a tradução dos comentários de Van Loon a respeito destas moedas a partir do exemplar em francês (francês arcaico). Nesta primeira parte, concernente ao ano de 1646, ele menciona as moedas de ouro cunhadas pela Companhia holandesa, mais conhecida nos meios acadêmicos pela sigla WIC. Posteriormente faremos a tradução da parte que trata da moeda cunhada em 1654 (XII soldos ou stuivers). Estas foram as primeiras moedas cunhadas no Brasil.
"Esta vantagem era bem pouco considerável, em comparação à perda que a Companhia sofreu no Brasil, tanto durante o ano precedente, que durante este, pela pérfida e pela traição dos portugueses, que tomaram de um só golpe quase tudo o que a Companhia tinha adquirido pouco a pouco, tanto pelo sangue que pelas despesas. Em 12 de junho do ano de 1641 fora concluído com o novo Rei de Portugal, após que este Reino ficou livre do julgo dos espanhóis, uma trégua de dez anos, pela qual fora estipulado que se conservaria tanto de um lado quanto do outro tudo o que estivesse em sua possessão. Os portugueses, no entanto, inquietos da negociação de paz, temiam que as Províncias Unidas, livres da guerra com a Espanha, não caíssem sobre eles na América com todas as suas forças após o fim da trégua. Para prevenir esta situação, eles faziam todos os esforços no Brasil para acalmar os holandeses, em elogiando a suavidade do Governo Holandês para de outro lado, eles tentavam na surdina ganhar a confiança de seus compatriotas que estavam sob o julgo da Companhia e de lhes inspirar um espírito de revolta. Seu objetivo era de provocar contra a Companhia uma revolta geral, de massacrar todos os primeiros oficiais durante uma festa de casamento e de se tornar senhores do Recife, de Serinhaem, de Nazaré e de outros lugares importantes. Mas os holandeses que haviam sido advertidos por uma carta enviada de sua pátria que se tramava contra eles uma funesto projeto, evitaram o golpe, prenderam vários navios carregados de armas e forçaram os inimigos, que tendo pegado em armas, já tinham formado um batalhão, a fugir para o mato. Como esta conspiração não deu resultado, os portugueses se armaram abertamente, pilharam os campos, queimaram as plantações dos holandeses, massacraram os seus operários e suas gentes do mar, e ameaçaram com a forca todos os que se recusassem as reconhecer o Rei de Portugal como soberano. Os súditos da companhia muito fracos para parar pela força uma revolta tão universal, fizeram publicar uma anistia geral e entregaram alguns deles para o Vice-Rei português. Mais esta atitude estava tão longe de fazer um bom efeito que um dos empregados foi tão perverso a ponto de vender aos inimigos o Cabo de Santo Agostinho, do qual ele era o comandante. O General Huys viu entre outros acontecimentos seus soldados serem derrotados perto de Cameron e uma frota de quarenta grandes navios aportar um grande socorro aos portugueses revoltados que, tomaram por um assédio a fortaleza de Serinhaem, desfizeram inteiramente as tropas holandesas, isoladas do contato com Recife e tomaram espada em mão Porto Calvo e Rio de São Francisco. Eles teriam se tornado senhores do Recife mesmo si, se por chance uma frota holandesa carregada de víveres, não tivesse vindo acostar no porto. A guerra que começara assim nestes recantos se prolongou por dez anos, durante os quais os nativos do país e mesmos os ventos tomam partido dos portuguêses, de uma maneira tão perniciosa para a Companhia, que ela foi forçada a abandonar inteiramente o Brasil, porque lá ela fora quase totalmente arruinada. No entanto, antes de chegar a este extremo ela se defendeu em todos os lugares com muito valor e por ainda estar em condições de pagar suas tropas ela decidiu, pela falta de moeda, cunhar as seguintes peças:"


Fig. 2 – A mesma ilustração da Fig.1, esta da edição holandesa de 1726. Veja a marca da placa de impressão no papel.

"A primeira é de doze francos, a segunda é de seis e a terceira de três. Abaixo das cifras romanas que exprimem seu valor, pode-se ver a legenda holandesa:
Geoctroyeerde Westindische Compagnie
Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais
Trata-se da outorga dada a esta Companhia em 3 de junho de 1621, e por causa das perdas que ela sofrera, ela fora assistida pelos Estados da soma de setecentos mil francos. No reverso de cada uma das três moedas pode-se ver esta inscrição:
BRASILIÆ ANNO 1646.
No Brasil. Ano de 1646."

(in, Histoire Mettalique des XVII Provinces des Pays-Bas, depuis l'abdication de Charles-Quint, jusqu'à la Paix de Bade en MDCCXVI. Gerard Van Loon. La Haye: P. Gosse, J. Neaulme et P. de Hondt, 1732, p.283-284.

Autor: Marcio R. Sandoval (sterlingnumismatic@hotmail.com)

sábado, 19 de março de 2011

HISTOIRE MÉTALLIQUE DES XVII PROVINCES DES PAYS BAS – VAN LOON

                                                                                    © 2011 Marcio Rovere Sandoval


frontispício da edição francesa da Histoire Méttallique des Pays-Bas, de 1732. (clique na imagem para ampliar)
edição em holandês:
Beschryving der nederlandsche historipenningen, of beknopt verhaal van't gene sedert de overdracht der heerschappye van Keyzer Karel den vyfden op Koning Philips zynen zoon, tot het sluyten van den Uytrechtschen Vreede, in de zeventien Nederlandsche Gewesten is voorgevallen. Gerard Van Loon. Lahaye: P.Gosse, J.Neaulme et P. De Hondt, 5V., 1723 à 1731.
edição em francês:
Histoire Métallique des XVII Provinces des Pays Bas, depuis l'abdication de Charles-Quint, jusqu'a la Paix de Bade en MDCCXVI. Gerard Van Loon. Le Haye : P.Gosse, J.Neaulme et P. De Hondt, 5V., 1732 et 1737.
Em português teríamos (tradução do titulo em francês): História Metálica das XVII Províncias dos Países Baixos, depois da abdicação de Carlos V, até a Paz de Baden em MDCCXVI (1716). Gerard Van Loon. Haia: P.Gosse, J.Neaulme et P. De Hondt, 5V., 1732 à 1737.
Gerard Van Loon (Delft-1683; Leiden-1758)
O autor da "Histoire Métallique des XVII Provinces des Pays Bas" consagrou a maior parte de sua vida a duas grandes paixões: a história e a numismática. Redigiu esta obra colossal em 5 volumes, originalmente em holandês. O primeiro volume saiu em 1723, seguido de dois outros em 1726 e 1731. A tradução francesa é de 1732 (V1 a 3), 1736 (V4 e 5). Obra de referência e testemunho notável de erudição numismática. Agrupa mais de 3000 mil moedas e medalhas, na maioria das vezes com a ilustração da respectiva peça. As moedas e as medalhas são classificadas por ordem cronológica e contam com texto explicativo que as remetem ao contexto histórico pertinente. O título imponente da obra faz jus ao conteúdo.
Gerard Van Loon escreveu outras obras das quais podemos citar: História antiga da Holanda (1734) e o Tratado do antigo governo holandês (1744).
No que concerne ao Brasil, acreditamos que esta obra seja a primeira a mencionar moedas brasileiras, quais sejam, os florins ou ducados cunhados pela Companhia das Índias Ocidentais – GWC. Nesta obra também temos as medalhas holandesas relacionadas direta ou indiretamente à História do Brasil.
Esta obra permaneceu fora do alcance do grande público e recentemente, graças a internet, é possível ter acesso aos volumes, vejamos:
4º Volume em holandês (formato em pdf)

Autor: Marcio R. Sandoval (sterlingnumismatic@hotmail.com)

sexta-feira, 11 de março de 2011

REFLEXÕES SOBRE O DINHEIRO


                                                                                    © 2011 Marcio Rovere Sandoval



A Arte de Governar consiste em retirar a maior quantidade possível de dinheiro de uma categoria de cidadãos a fim de dar-lhe a uma outra.
L'art de gouverner consiste à prendre le plus d'argent possible à une catégorie de cítoyens afin de le donner à une autre.
Voltaire (1694-1778)


Detalhe do anverso da cédula de 10 francos (1964)

Tradução: Marcio R. Sandoval
email: sterlingnumismatic@hotmail.com

SANTA CATARINA – FOTOS ANTIGAS – ANOS 50

                                                                                  © 2011 Marcio Rovere Sandoval


Fig. 1 – Foto antiga de Santa Catarina (década de 50). Na legenda temos: "Paisagem de Santa Catarina – Do Paraná para o sul, existe um Brasil diferente, pelos tipos de habitação, pelo uso da terra e pelos próprios brasileiros que ali vivem, a maioria dos quais descendem de alemães, italianos e eslavos". (in, O Brasil e o mundo – As Regiões Brasileiras. Aroldo de Azevedo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 24ª edição. 1964, p.210).
Os livros didáticos antigos, em geral anteriores à década de 60, nos reservam belas surpresas, como é o caso desta foto de uma paisagem de Santa Catarina. Apesar de o livro datar de 1964, a fotografia é do decênio anterior, como denuncia o automóvel ( ao que parece uma Mercedes Bens, um modelo dos anos 50). Temos também na foto, araucárias (o pinheiro do Paraná), uma carroça e uma casa rural. Notar que a via não era pavimentada.


Fig. 2 – Mercedes Bens 220 (W187), anos 50 (1951-1955). Ao que tudo indica é do mesmo modelo que aparece acima. Notar o friso lateral do capô e a parte inferior do radiador.
Clique nas fotos para ampliar
Veja uma fotografia antiga tirada no Campeche em Florianópolis
Veja uma matéria sobre a araucária ou pinheiro do Paraná
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Autor: Marcio R. Sandoval (sterlingnumismatic@hotmail.com)

domingo, 6 de março de 2011

CATALOGAÇÃO DAS CÉDULAS

                                                                               © 2011 Marcio Rovere Sandoval


Como catalogar uma cédula?
Vamos analisar passo a passo a imagem acima.
1. A primeira vista podemos observar a quase inexistência de caracteres ocidentais nesta cédula, com exceção da numeração (anverso) e do valor (no reverso), 1 yen (iene). Assim, trata-se com certeza de uma cédula Oriental (Japão, China, Taiwan...).
2. O iene é a moeda do Japão. Pelas características desta cédula podemos notar que ela não é atual. Por este motivo iniciaremos a pesquisa pelo catalogo World Paper Money – General Issues (Pick), emissões Gerais 1368-1960, pelo Japão.
3. Apesar de ser uma cédula de 1 iene, ela não se encontra na lista de cédulas japonesas. Uma outra constatação é que a cédula acima não apresenta o Selo Imperial do Japão – o crisântemo, geralmente presente nas cédulas japonesas.
4. A ação seguinte seria pesquisar no catálogo especializado (World Paper Money – Specialized), ainda pelo Japão, o que também foi negativa. Neste caso então é necessário conhecer um pouco da história daquela região da Ásia. Poderíamos começar por onde o Japão teve influência ou ocupou durante algum tempo, por exemplo, na Manchúria (China), na Coréia...
5. Iniciaremos pela Coréia que nos parece mais plausível, a Coréia foi protetorado japonês (1905-1910) e depois foi anexada pelo Japão (1910-1945). Em 1945 na Conferência de Potsdam ela foi dividida em duas pelo paralelo 38°, em zonas de ocupação (semelhante à Alemanha), ficando a Coréia do Norte sob a influência russa e a do Sul sob a influência americana.
6. O período que nos interessa da história coreana é o da dominação japonesa (1910-1945). Pesquisando-se no Catálogo das emissões gerais do WPM, podemos verificar que existem três cédulas semelhantes a esta que analisamos, vejamos:
P.29 – 1 yen (1932); P.33 – 1 yen (1944) e a P.38 – 1 yen (1945)
7. Para estabelecermos a catalogação, já que a cédula já foi identificada, passaremos a analisar os detalhes da cédula. A P.38 de 1945, devemos descartar, eis que apesar de ser semelhante, não apresenta o florão central. A P.33 de 1944, apresenta apenas uma numeração, enquanto que aquela que nós analisamos apresenta duas. Talvez se trate da série nesta cédula e a mesma não apresentaria a numeração.
8. Finalmente podemos catalogar a cédula em P.29a da Coréia de 1932 (período em que ela se encontrava anexada ao Japão). No caso o "a" indica que trata-se de uma cédula de circulação para diferenciar das seguintes, que são cédulas modelo (specimen), s1, s2 e s3, indicadas.


Detalhe de um Mapa Mundi de 1943, época em que a Coréia se encontrava anexada ao Japão. (in, The World Map for National Geographic Magazine. Washington: National Geographic Society, dezembro, 1943). No mapa de 1957, também da National Geographic Society, já temos Pyongyang capital da Coréia do Norte. (clique no mapa para ampliar)

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Autor: Marcio R. Sandoval (sterlingnumismatic@hotmail.com)

REFLEXÕES SOBRE O DINHEIRO


© 2011 Marcio Rovere Sandoval

O dinheiro não traz felicidade. É de se perguntar por que os ricos fazem tanta questão de possuí-lo.
Réflexion sur l'argent
L'argent ne fait pas le bonheur. C'est même à se demander pourquoí les ríches y tíennent tant.
Georges Feydeau (1862-1921) (dramaturgo francês)


Tradução: Marcio R. Sandoval
email: sterlingnumismatic@hotmail.com

STANDARD CATALOG OF WORLD PAPER MONEY – CATÁLOGO PICK

                                                                                         © 2011 Marcio Rovere Sandoval


Fig. 1.1 – Capa do Standard Catalog of World Paper Money – 1ª edição de 1974, de autoria de Albert Pick, ao lado temos a capa do Catálogo similar (Fig.1.2), com a nova denominação Standard Catalog of World Paper Money – General Issues – 1368-1960, já na sua 13ª edição (2010), editado por George S. Cuhaj. (clique para ampliar)
Standard Catalog of World Paper Money
Catálogo Padronizado do Papel-Moeda Mundial ou simplesmente Catálogo do Papel-Moeda Mundial.
Este catálogo é conhecido nos meios numismáticos como "Catálogo Pick" ou "Pick Catalog". Sua publicação é exclusivamente em inglês.
O mais conhecido dos catálogos de papel-moeda mundial foi editado pela primeira vez em 1974 (Fig.1.1) por Albert Pick, por esta razão, ao se fazer a classificação das cédulas adotou-se a prática de indicar a numeração precedida da letra P. (abreviação de Pick), mesmo depois que o catálogo passou a ser editado por outros editores (Fig.1.2).
Albert Pick é um conhecido numismata alemão nascido em Colônia (Köln) em 1922. Ele iniciou sua coleção em 1930. Realizou estudos de filosofia, literatura e história. Foi diretor de uma editora antes de se dedicar ao estudo do papel-moeda e se tornar um especialista reconhecido.
Sua coleção de cédulas bancárias atingiu a cifra de 180.000 exemplares, muito vasta para um colecionador privado, motivo pelo qual foi recebida pelo Bavarian Mortgages and Exchange Bank (Bayerische Hypotheken - und Wechselbank, hoje HypoVereinsbank). Albert Pick permaneceu como curador da coleção entre os anos de 1964 a 1985. Encontra-se aposentado.
Publicou outros livros sobre numismática, aos quais podemos citar: The History of Paper Money (1962), Paper Money - Catalogue of the Américas (1974) e Papierged Lexikon (1974).
O Standard Catalog World Paper Money vem sendo publicado por Krause Publications desde os anos 80 e conta hoje com três volumes. A partir dos anos 90 passou a contar com novos editores, Neil Shafer, Colin R. Bruce II e o editor atual George S. Cuhaj.
Edições:
- Standard Catalog World Paper Money, Specialized Issues – Volume 1: 1ª edição (1982?); 11ª edição (2009).
- Standard Catalog World Paper Money, General Issues, 1368-1960 – Volume 2: 1ª edição (1974); 13ª edição (2010).
- Standard Catalog World Paper Money, Modern Issues, 1961-Present – Volume 3: 1ª edição (1995); 17ª edição (2011).
Obs.: No Volume 3, em relação ao período que o catálogo abrange, temos três modalidades: com a indicação da data final (Ex: 1961-1995), este para o período de 1995 a 2002; com a indicação date (Ex: 1961-date), para os anos de 2003 a 2005 e com a indicação Present (Ex: 1961-Present), a partir de 2006 até a última edição de 2011.
O Volume 1 (emissões especializadas) desconhecemos a data da primeira edição, assim, 1982 é uma data aproximada.
O Sistema de catalogação do Catálogo Pick:
Informações gerais: Os catálogos são organizados por lista de países em ordem alfabética (em inglês). Em alguns casos é necessário pesquisar na lista dos países (no início dos volumes). Tomamos como exemplo o caso do Benin: é uma ex-colônia francesa, que veio a ser tornar independente em 1960 e passou a se chamar República do Daomé (Dahomey); em 1975 passou a se chamar República do Benin. No Volume 2 (das emissões Gerais) deve-se procurar pelo Daomé (emissões da época da Administração Francesa) e no Volume 3 (1961-Present) deve-se procurar pelo Benin, mas ele não se encontra na ordem alfabética de países, eis que não conta com emissões próprias e sim com as emissões da União Monetária dos países da África do Oeste (West African States).
A catalogação: Número de catálogo (Catalog number): em geral a numeração é seqüencial, por ordem de valores e por época de emissão. A inicial P. indica-se quando se faz a citação do Catálogo Pick, assim, no catálogo propriamente dito ela não aparece. Em alguns casos, existem sessões especiais designadas por letras maiúsculas (A e B), como por exemplo, P.120A. As variantes se designam por letras minúsculas, como por exemplo, P.120a e ainda existem outras designações mais específicas, estas menos freqüentes.
Para citação são utilizados os seguintes prefixos:
P. – Utilizado para as emissões regulares (Vol.2 e 3).
P.S – Utilizado para as emissões especializadas (Vol.1)
P.M – Utilizado para as emissões militares
P.R – Utilizado para as emissões regionais
C.S – Utilizado para as emissões comemorativas ou para as cédulas modelo (specimen)
Na imagem da primeira edição do World Paper Money de 1974 podemos notar a existência de uma cédula brasileira, a primeira de baixo para cima, acreditamos tratar-se da cédula de 100 mil-réis de 1926 (R187; P.106) ou a de 1 conto de réis (R190; P.109) do mesmo ano, ambas da Caixa de Estabilização.
Em relação às cédulas brasileiras é sempre interessante indicar em primeiro lugar o número da cédula no catálogo brasileiro, eis que ele é mais específico. Em uma coleção de cédulas estrangeiras o mesmo se impõe, é interessante conhecer os catálogos locais pelo mesmo motivo.
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Autor: Marcio R. Sandoval (sterlingnumismatic@hotmail.com)

© 2011 Marcio Rovere Sandoval