quarta-feira, 21 de setembro de 2011

AMERICAN BANK NOTE COMPANY

                                                                                    © 2011 Marcio Rovere Sandoval


Fig. 1 – Prédio da American Bank Note Company (ABNCo.) de 1867 à 1884 – Broadway Street 142, Nova York. (TheBanker`s Almanac, V. XXIII, 1874, New York, p.1).


Fig. 2 – Propaganda da ABNCo. em inglês, francês e espanhol (The Banker`s Almanac, V. XXIII,1874, New York, p.2).
  
A empresa American Bank Note Company (ABNCo.) foi criada por Robert Scot em 1795 e consolidada em 1856/58. Segundo F. dos Santos Trigueiros, a história da empresa esta ligada a Paul Revere, que “...em 1775, pela primeira vez, empregou o processo calcográfico na impressão de valores, ou seja, gravou nos Estados Unidos da América o primeiro bilhete de banco, sendo considerado o Pai da Indústria” (in, Dinheiro no Brasil. F. dos Santos Trigueiros. Rio de Janeiro, 2ª edição, Léo Cristiano Editorial, 1987, p.171).
A empresa, no decorrer dos anos, produziu, além de cédulas bancárias, selos postais, certificados de ações, cheques de viagem, passaportes, cupons alimentares e outros documentos de segurança.
A ABNCo. foi uma das maiores empresas de impressão de papéis de segurança do mundo, quiçá a maior. Entre as concorrentes podemos citar a inglesa Thomas de La Rue & Company (TDLR), hoje, apenas De La Rue. Produziu cédulas para cerca de 115 países diferentes.
A ABNCo. produziu cédulas bancárias até a década de 80. Seu prédio, em Manhattan (70, Broad Street), foi construído entre 1907/1908 em estilo neoclássico e foi vendido a investidores imobiliários em 1984. Os antigos materiais da empresa, como os modelos de cédulas (specimens), provas, ensaios e até mesmo chapas de impressão, começaram a ser leiloados a partir de 1993 e ainda podem ser encontrados nos dias de hoje.
A empresa continua existindo, agora com nova denominação - American Banknote Corporation (grupo ABnote) - sempre no campo de documentos de segurança.
Atuava no Brasil e foi recentemente vendida, produzia, entre outros artigos, cartões telefônicos.
Datam de 1857 os primeiros trabalhos realizados pela ABNCo. para o Brasil. Foram os bilhetes da Caixa Matriz do Banco do Brasil (1853-1889). Para o Tesouro Nacional (Órgão que se ocupava do Meio Circulante antes da criação do Banco Central), as primeiras cédulas foram realizadas em 1869 - 5 e 10 mil-réis, apresentando a efígie de D. Pedro II, ainda jovem -, e as últimas em 1966 - cédula de 10.000 cruzeiros (C060 e C060A), trazendo Alberto Santos Dumont e o 14 bis.
Portanto, a ABNCo. forneceu cédulas para o Brasil de 1857 a 1966 (109 anos), uma relação mais do que centenária.

Obs.: Este texto faz parte da matéria intitulada “JoaquimMurtinho e o caso da Cédula de 2 mil-réis de 1900” publicado no Boletim da AFSC – Associação Filatélica e Numismática de Santa Catarina n˚63, de março 2011, p. 4-19.

 Assuntos relacionados
- Santos Dumont

Veja Também: ABNCo. :  Brasil e Estados Unidos

Autor: Marcio R. Sandoval (sterlingnumismatic@hotmail.com)

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

ZANZIBAR

                                                                                         © 2011 Marcio Rovere Sandoval

Fig. 1 – Bilhete de 10 rúpias (P.3) emitido pelo Governo de Zanzibar sob administração britânica em agosto de 1916. (fonte:numismondo) (Clique para ampliar)

Zanzibar é uma ilha do Oceano Indico na costa da Tanzânia da qual é parte integrante[1]. Tem uma superfície de 1.658 km² e cerca de um milhão de habitantes (Zanzibar e Pemba).
O nome vem do árabe “Zanj-Bar” que significa Costa dos “Zanj” ou negros.
Em 1503 os portugueses se instalam na região, no século XVII eles foram substituídos pelo sultão de Oman que trouxe "prosperidade" à ilha com a instalação de um mercado de escravos que foi suprimido apenas em 1873. O Sultanato de Zanzibar foi disputado simultaneamente pelos ingleses e alemães em 1885 e depois dividido entre as duas potências (1888/1889). Em 1890 torna-se protetorado britânico.

Em 1960 os ingleses concedem autonomia a Zanzibar que se torna independente em 1963, depois se incorpora com Tanganica para formar a República Unida de Tanganica e Zanzibar, isto em 26 de abril de 1964. Esta República se torna a atual Tanzânia em 29 de outubro de 1964.
Durante os anos de 1908 e 1928, sob protetorado britânico, o Governo de Zanzibar emitiu 14 bilhetes nos valores de 1, 5, 10, 20, 50, 100 e 500 rúpias, vejamos:

1º de janeiro de 1908 – 5 (P.2), 10 (P.3) e 20 (P.4) rúpias
1º de agosto de 1916 – 5 (P.2), 10 (P.3), 20 (P.4), 50 (P.5) e 100 (P.6) rúpias
1º de setembro de 1916 – 10 (P.3) rúpias
1º de setembro de 1920 – 1 (P.1) e 500 (P.7) rúpias
1º de fevereiro de 1928 – 5 (P.2), 10 (P.3) e 20 (P.4) rúpias

Todos os bilhetes são do mesmo tipo e foram impressos por W&S (Warterlow & Sons Ltd.) ou TDLR (Thomas de La Rue), ambas inglesas.[2]
O texto é preponderantemente em inglês, sendo que o nome do emissor (The Zanzibar Governement) aparece também em árabe e o valor além do inglês e do árabe, aparece também em língua amárica (língua da Etiópia). As vinhetas representam à esquerda, um felouque (barco tradicional) e à direita a colheita de cravo por um grupo local. Os bilhetes são todos unifaciais.
A partir de 1936 as cédulas da “East African Currency Board”[3] substituíram os bilhetes de Zanzibar. Os valores de 1,5 e 10 rúpias são raros. Os bilhetes de 50, 100 e 500 são raríssimos ao ponto de não encontrarmos sequer as imagens para ilustrar esta matéria. Na prática são todos muitos raros e dificilmente aparecem no mercado.
A partir de 1966 passaram a circular na ilha as cédulas da Tanzânia.

Autor: Marcio R. Sandoval (sterlingnumismatic@hotmail.com)

Assuntos Relacionados:



[1] Zanzibar tem o status de território semiautônomo.
[2] Em relação aos bilhetes de 50 e 500 rúpias não encontramos referências quanto à empresa impressora.
[3] De acordo com o World Paper Money, General Issues, 12 th edition, 2008, p.1223.


Fig. 2 – Mapa de Zanzibar – 1906 (clique para ampliar)