segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Relatório Anual da American Bank Note Company - 1975


A American Bank Note Company (ABNCo.) ilustrava seus relatórios anuais com uma série de cédulas de sua produção ou de sua subsidiária autônoma a Bradbury Wilkinson & Company (BWC).

O primeiro relatório que encontramos tais reproduções foi o de 1972. Os relatórios dos anos de 1912, 1914 e 1915 estão disponíveis on line em pdf, mas apresentam apenas a contabilidade, sem nenhuma imagem.

Aqui listamos as cédulas com as respectivas imagens do ano de 1975. A imagem completa da cédula (anverso e reverso) pode ser visualizada em clicando-se no hiperlink (do valor e classificação da cédula).



Annual report 1975

These are examples of the billions of bank notes which our Company and its subsidiaries supply to over seventy nations throughout the world. Our new high-speed, multi-color Magna Press - pictured here - is the most modern and efficient bank note printing press in the world and mesures the superior quality of our products.

Relatório anual

Esses são exemplos dos bilhões de notas bancárias que nossa empresa e suas subsidiárias fornecem a mais de setenta nações em todo o mundo. Nossa nova impressora Magna de alta velocidade e multicolorida - ilustrada aqui - é a impressora de notas bancárias mais moderna e eficiente do mundo na medida da qualidade superior de nossos produtos.


Cédulas – Da esquerda para a direita temos:


1. Luxemburgo




- 100 Francos (P. 56s) 1970. Grão Duque Jean.


Impressão: BWC (Bradbury Wilkinson & Company) filial autônoma da ABNCo.


2. Luxemburgo




- 50 Francos (P.55s) 1972. Grão Duque Jean.


Impressão: BWC (Bradbury Wilkinson & Company) filial autônoma da ABNCo.


3. Honduras



- 10 Lempiras (P.64) 1976-89. Cabañas.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


4. Honduras



-50 Lempiras (P.66a) 1976-93. Juan Manuel Gálvez D.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


5. Ilha de Man



- 5 Libras (P. 30s) 1972. Rainha Elizabeth II.


Impressão: BWC (Bradbury Wilkinson & Company) subsidiária autônoma da ABNCo.


6. Catar



- 100 Riais (P. 5s) 1973. Armas do Catar.


Impressão: BWC (Bradbury Wilkinson & Company) filial autônoma da ABNCo.


7. Oman



- 5 Riais (P. 11s) 1973. Armas do Oman.


Impressão: BWC (Bradbury Wilkinson & Company) filial autônoma da ABNCo.


8. Venezuela



- 10 Bolivares (P.51s) 1972. Simon Bolívar e Antônio José de Sucre.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


9. Venezuela



- 20 Bolivares (P.53s) 1974-79. José Antônio Paz.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


10. Burundi



- 1000 Francos (P. 25s) 1968-75. Color trial specimen (Amostra de teste de cor).


Impressão: BWC (Bradbury Wilkinson & Company) filial autônoma da ABNCo.


11. Haiti




- 50 Gourdes (P.204s) c.1970. Lysius Salomon Jeune.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)



12. Haiti



- 100 Gourdes (P.205s) c.1970. Henri Christophe.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


13. Haiti




- 10 Gourdes (P.203s) c.1970. François Duvalier.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


14. Haiti



- 5 Gourdes (P.202s) c.1970. François Duvalier.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


15. Haiti



- 500 Gourdes (P.207s) c.1970. François Duvalier.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


16. Haiti



- 2 Gourdes (P.201s) c.1970. François Duvalier.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


17. Haiti



- 250 Gourdes (P.206s) c.1970. Jean Jaques Dessalines.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


18. Ecuador



- 1000 Sucres (P.97s) 1944-67.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.) Imagem: Museu de Valores do Banco Central.


19. Ecuador



- 50 Sucres (P.94a) 1939-49 (1943).


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)



20. Ecuador



- 10 Sucres (P.101A) 1956-74. Sebastião de Benalcazar.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


21. Costa Rica




- 1000 Colones (P.250s) 1975-85. Tomás Soley Guell.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


22. México



- 500 Pesos (P.51s) 1948-78. Morelos.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


23. México



- 1000 Pesos (P.52s) 1948-77. Cuauhtemoc.


Impressão: American Bank Note Company (ABNCo.)


24. Sri Lanka



- 50 Rúpias (P. 79Aa) 1972-74. S.W.R.D. Bandaranaike.


Impressão: BWC (Bradbury Wilkinson & Company) filial autônoma da ABNCo.



Obs.: A BWC (Bradbury Wilkinson & Company) foi uma empresa inglesa de impressão de papéis de segurança fundada em 1850 e adquirida pela American Bank Note Company (ABNCo.) em 1903. Em 1986 ela foi vendida, a também inglesa, De La Rue que a desativou.


quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

E o Paraguai descobre o livre comércio


         Figura 1 – Armas do Paraguai, detalhe do bilhete de 4 pesos de 1862 (P.16).
Impressão: Tesouro do Estado do Paraguai.

Quando encontra a porta fechada, o livre comércio sabe se impor pela força das armas. Seguidor de rigoroso protecionismo, o Paraguai viveu essa dolorosa experiência entre 1865-1870, durante a guerra da Tríplice Aliança que o opôs ao Brasil, Uruguai e Argentina. Financiados pela comunidade empresarial de Londres, esses três países conseguiram submetê-lo à economia mundial britânica.

No final do Século 19, a maioria dos estados latino-americanos dependia quase inteiramente do Reino Unido, a maior potência mundial: eles se dedicavam à produção das matérias-primas de que Londres precisava e ofereciam aos industriais britânicos novos mercados para vender seus bens. Com base na ideologia dominante do livre comércio - segundo a qual cada país deve fortalecer suas "vantagens comparativas" - tal modo de integração na economia mundial apresenta muitos problemas: impede a industrialização dos países do Sul, concentra as riquezas nos do Norte e favorece os comportamentos parasitários das oligarquias nacionais. Em suma, ele condena o país da periferia ao subdesenvolvimento.



Figura 2Anverso da cédula de 10.000 Guaranis (P.203s) de 1963, com a efígie do Dr. José Gaspar Rodrígues de Francia (1766-1840). Impressão: Thomas de La Rue & Company (TDLR), Londres.


Nesta categoria, o Paraguai é uma exceção.

Quando assumiu o poder, em 1814, o líder paraguaio José Gaspar Rodrígues de Francia instaurou um regime autoritário. Não para oprimir a população, mas para esmagar a oligarquia: contando com o campesinato, expropria os latifundiários. Enquanto a maioria dos países conta com a ascensão de uma burguesia nacional para orientar a criação de riqueza, Francia lança as bases para um Estado de controle forte. Com o cuidado de se proteger dos fluxos internacionais de mercadorias que poderiam enfraquecer sua própria produção, o Paraguai mantém, assim, o protecionismo estrito.

Após a morte de Francia, em 1840, seus sucessores (Carlos Antonio López e seu filho Francisco Solano Lopez) continuaram sua política. Vinte anos depois, os resultados são consideráveis. A perseguição das grandes fortunas levou ao seu desaparecimento: a redistribuição da riqueza atinge níveis tais que muitos viajantes estrangeiros relatam que o país não conhece mendicância, nem fome, nem conflitos. As terras foram distribuídas em bases lembradas pelos mais avançados projetos de reforma agrária do século XX.


Figura 3 – Anverso da cédula de 5.000 Guaranis (P.203s) de 1979, com a efígie de D. Carlos Antonio López (1792-1862). Impressão: Thomas de La Rue & Company (TDLR), Londres.

Em meados do século 19, a elite paraguaia passou a se formar em universidades européias.

Assunção está entre as primeiras capitais da América Latina a inaugurar uma rede ferroviária. Com uma linha telegráfica, fábricas de materiais de construção, de tecidos, papel, louças, pólvora, o país consegue adotar uma indústria siderúrgica e também uma frota mercante composta por navios construídos em projetos nacionais. O superávit da balança comercial indica que ignora todo o problema da dívida e pode enviar alguns dos seus cidadãos para estudar nas melhores universidades européias.


 Figura
4 – Anverso da cédula de 1.000 Guaranis (P.201s) de 1963, com a efígie do Marechal Francisco Solano Lopez (1827-1870). Impressão: Thomas de La Rue & Company (TDLR), Londres.

População dizimada

Londres tem uma visão sombria desta experiência única de desenvolvimento econômico autônomo em um país periférico: Assunción escapa do livre comércio! Rapidamente, a Coroa interveio em uma disputa de fronteira entre Brasil e Paraguai e patrocinou a assinatura do tratado por meio do qual Argentina, Brasil e Uruguai juntaram forças para derrotar seu vizinho: o Tratado da Tríplice Aliança, que deu nome ao conflito que estourou em 1865. Os três aliados se beneficiaram do apoio financeiro do Bank of London, da Baring Brothers e do Banco Rothschild.

Cinco anos depois, o Paraguai é derrotado. Perdeu 60% de sua população e nove em cada dez homens morreram. Aqueles que não foram ceifados pela luta sucumbiram à fome (todas as forças produtivas foram monopolizadas pela guerra). À medida que os soldados caem, as crianças são alistadas, obrigadas a usar barbas postiças e equipadas com pedaços de madeira pintados para parecerem rifles na falta de armas. Depois de alguns anos, alguns paraguaios não estão mais com os uniformes. Eles lutam nus. Após a rendição de Solano Lópes em 1870, grande parte da infraestrutura foi destruída. O Paraguai está finalmente integrado ao sistema econômico mundial.

(in, Le Monde Diplomatique, Manuel d'histoire critique – De la Révolution Industrielle à nos jours. Pg.14 e 15, s/d c.2015).

Título original do artigo: Et le Paraguay Découvrit Le Libre-Échange.

Autor:Renaud Lambert – Rédacteur en chef adjoint au Monde diplomatique.

Tradução e interpretação de nossa autoria (Marcio R. Sandoval)

Texto sobre as cédulas de nossa autoria. A matéria original apresenta outras imagens.


Obs.: O Paraguai vinha imprimindo suas próprias cédulas desde 1856, permanecendo assim até o final da Guerra em 1870. Neste ano, a Autoridade de Ocupação Militar da Argentina no Paraguai, emitiu através da Provedoria do Exército, vales impressos pela Litografia San Martin de Buenos Aires (P.S181 a P.S185). Depois da Guerra, o Paraguai teve algumas cédulas impressas pela Argentina (1875) e em seguida pela Alemanha (1894). Em 1889 a American Bank Note Company (ABNCo.) iniciou a produção de cédulas para o Paraguai, tornando-se o seu principal fornecedor. Em 1907, a Waterlow & Sons (W&S) foi a primeira empresa inglesa a imprimir cédulas para o Paraguai. Nos dias de hoje, o Paraguai continua imprimindo suas cédulas no exterior, inclusive na Inglaterra.

As cédulas brasileiras começaram a ser impressas na Inglaterra em 1808 (cédulas do 1º Banco do Brasil) e em seguida as do Tesouro Nacional à partir de 1835. Em 1869-70 a American Bank Note Company (ABNCo.) iniciou a impressão de cédulas para o Brasil, permanecendo seu maior forncedor até que a Casa da Moeda do Brasil passasse a fabricar localmente em 1970.

A Argentina e o Uruguai tiveram, também, uma longa relação com os impressores ingleses e americanos.


email:sterlingnumismatic@hotmail.com