segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

CÉDULAS BRASILEIRAS NA HERITAGE AUCTIONS

© 2019 Marcio Rovere Sandoval

HERITAGE AUCTIONS é uma empresa de leilões estadunidense situada em Dallas no Texas. Foi constituída entre os anos 70 e 80 e negocia coleções numismáticas, de quadrinhos, de artes, de livros, de acessórios de luxo, suvenires de filmes, de música, dos esportes e assuntos afins.
Neste caso trata-se de um leilão de papel-moeda mundial em Orlando, com término em 09 de janeiro de 2020. Abaixo das imagens trazemos a descrição (de nossa autoria) e o link para as paginas do leilão (Clique no número do lote).





Lote 28026 – 1 Conto de Réis – Caixa de Estabilização (1926), 1ª Estampa. Specimen em papel-cartão (P.109; R190s). Impressão:  American Bank Note Company – ABNCo. Estas cédulas foram emitidas em 1927 e desmonetizadas em 1951. A Caixa de Estabilização encerrou suas atividades em 1931 em virtude da crise financeira de 1929.



Lote 28027 – 50 mil-réis – Banco do Brasil (c. 1860) Specimen em papel-cartão. (P.S253; JM[1].297) Impressão: American Bank Note Company – ABNCo. O Banco do Brasil (1853-1892) foi fruto da fusão do Banco Comercial do Rio de Janeiro com o Banco do Brasil de Mauá (1853). Este foi o terceiro com este nome.

  


  
Lote 28028 – 50 mil-réis – Banco do Brasil (c. 1860) Specimen em papel-cartão. (P.S253; JM.297) Impressão: American Bank Note Company – ABNCo. Um segundo exemplar com a letra B e numeração em vermelho.

  


  
Lote 28029 – 100 mil-réis – Banco do Brasil (c. 1868) Specimen em papel-cartão. (P.S254; JM.300) Impressão: American Bank Note Company – ABNCo.




  

Lote 28030 – 200 mil-réis – Banco do Brasil (c. 1875) Specimen em papel-cartão. (P.S255; JM.301) Impressão: American Bank Note Company – ABNCo.





Lote 28031 – 500 mil-réis – Banco do Brasil (c. 1875) Specimen em papel-cartão. (P. S256; JM.302) Impressão: American Bank Note Company – ABNCo.

  



Lote 28032 – 100 mil-réis – Banco do Brasil (c. 1890) Specimen em papel-cartão. (P.S526; JM.LF-49) Impressão: American Bank Note Company – ABNCo.





Lote 28033 – 200 mil-réis – Banco do Brasil (c. 1890) Specimen em papel-cartão. (PS.527; JM.LF-50) Impressão: American Bank Note Company – ABNCo.

  


Lote 28034 – 500 mil-réis – Banco do Crédito Popular do Brasil (c. 1891) Specimen em papel-cartão. (P.S555) Impressão: American Bank Note Company – ABNCo. Não consta nos catálogos brasileiros. O que seria a emissão própria do banco não chegou a entrar em circulação, os valores eram: 1, 2, 5, 10, 20, 50, 100, 200, e 500 mil-réis. Assim, só existem specimens ou proof. Os catálogos brasileiros mencionam apenas três valores, quais sejam 5, 50 e 100 mil-réis.

  


Lote 28035 – 50 mil-réis – Banco dos Estados Unidos do Brasil (c. 1890) Specimen em papel-cartão. (P.S607A) Impressão: American Bank Note Company – ABNCo. Não consta nos catálogos brasileiros. O que seria a emissão própria do banco não chegou a entrar em circulação, os valores eram: 5, 10, 20, 30, 50 (2[2]), 200, e 500 mil-réis. Assim, só existem specimens ou proof. Os catálogos brasileiros mencionam seis valores, quais sejam 5, 10, 20, 50, 200 e 500.






Lote 28036 – 500 mil-réis – Banco dos Estados Unidos do Brasil (c. 1890) Specimen em papel-cartão. (P.S607B; JM.68) Impressão: American Bank Note Company – ABNCo


  


Lote 28037 – 30 mil-réis – Banco dos Estados Unidos do Brasil (c. 1890) Specimen em papel-cartão. (P.S607) Impressão: American Bank Note Company – ABNCo. Não circulou. Não consta nos catálogos brasileiros. Na margem esquerda do specimen acima podemos ver a seguinte inscrição: “Work suspended”. 



Lote 28038 – 500 mil-réis – Banco da República dos Estados Unidos do Brasil (c. 1891) Specimen em papel-cartão. (P.S650; JM.LF83) Impressão: American Bank Note Company – ABNCo.

Autor: Marcio Rovere Sandoval





[1] JM – Julius Meili; utilizamos como referência a obra “O Meio Circulante no Brasil. Parte III – A Moeda Fiduciária no Brasil 1771-1900. Zurique: Tipografia de Jean Frey, 1903.
[2] Havia duas cédulas de 50 mil-réis, uma impressa pela G&D – L&Cia (Gieseke & Devrient de Leipzig – Alemanha, com participação de Laemmert & Cia. do Rio de Janeiro. A outra é a cédula ABNCo.

domingo, 8 de dezembro de 2019

Moçambique

As primeiras emissões do 
Figura 1 – Superimpressão da cédula de 50 escudos do Banco de Moçambique (P.116); emissão provisória da República Popular, 1976.
   © 2019 Marcio Rovere Sandoval

                        Em 1976, um ano após a independência do país, o Banco de Moçambique[1] realizou suas primeiras emissões. Tratava-se de uma emissão provisória. Assim, foram utilizadas cédulas das emissões anteriores do Banco Nacional Ultramarino (filial de Moçambique). Os valores aproveitados através da aplicação da superimpressão “Banco de Moçambique” foram: 50 (P.116.), 100 (P.117), 500 (P.118) e 1000 (P.119) escudos.
                        Todas as cédulas haviam sido impressas na Inglaterra, as de 50 e 1000 escudos pela Thomas de La Rue & Company (TDLR) e as de 100 e 500 escudos pela Bradbury Wilkinson & Co. (BWC)[2].
                        As cédulas eram de muito boa qualidade para os padrões da época, possuindo inclusive fio de segurança.
                        Naquele mesmo ano (1976) a Thomas de La Rue & Company (TDLR) havia projetado novas cédulas nos valores de 5, 10, 20, 50 e 100 meticais[3]. No entanto, o design não foi aprovado.
                        As cédulas em meticais entrariam em circulação apenas em 1980[4]. Nos anos 90 a TDLR voltou a imprimir cédulas para Moçambique.


Figura 2 e 3 – Logotipo do Banco Nacional Ultramarino[5], do reverso da cédula de 100 escudos (P.117) contendo um veleiro e a data de 1864 – data da fundação do banco e Brasão de Armas da Província Ultramarina de Moçambique do reverso da cédula de 500 escudos (P.118).

                        Contexto histórico: A penetração portuguesa no Moçambique teve início no Século XVI, mas somente em 1885, com a partilha da África pelas potências européias na Conferência de Berlim é que houve a submissão dos estados ali existentes, o que levou no início do Século XX a implantação de uma verdadeira administração colonial. Depois de uma guerra de libertação que durou cerca de 10 anos, Moçambique tornou-se independente em 25 de junho de 1975.
                        As cédulas que foram aproveitadas para a emissão provisória[6] haviam sido emitidas durante o período da ditadura em Portugal (Estado Novo) que durou 41anos (1933-1974). As personalidades homenageadas haviam, na maioria, participado nas guerras coloniais de submissão do território, ocorridas no final do Século XIX e início do Século XX. No caso, apenas Gago Coutinho e Sacadura Cabral (Cédula de 1000 escudos), parecem escapar a regra. As cédulas foram aproveitadas por uma questão de necessidade, assim, pouco importando as personalidades homenageadas. A superimpressão tem ai um aspecto importante, de anular por completo as mensagens da emissão antecedente, como no caso do aproveitamento das cédulas alemãs pela autoridade soviética de ocupação na Alemanha em 1948, antes da formação da RDA[7].  


Emissão provisória do Banco de Moçambique (Republica Popular do Moçambique)

Características técnicas das cédulas da emissão provisória:

P.116 – 50 escudos (1976; data antiga 27/10/1970) Anverso: Preto sobre fundo policrômico. João de Azevedo Coutinho à esquerda, brasão de armas à direita. Superimpressão horizontal “Banco de Moçambique”, substituindo e anulando a autoridade emissora anterior, qual seja a do Banco Nacional Ultramarino – BNU (filial de Moçambique).
Reverso: Logotipo do Banco Nacional Ultramarino, contendo um veleiro e a data de 1864 (data da fundação do banco).
Filigrana ou marca d água: Brasão de Armas da Província Ultramarina de Moçambique.
Apresenta fio de segurança sólido.
Dimensões: 160 mm X 80 mm
Emissão: Banco de Moçambique
Impressor: Thomas de La Rue & Company (TDLR) England.
Cédula aproveitada do Banco Nacional Ultramarino – BNU (filial de Moçambique) através do emprego de superimpressão, sobre a cédula de 50 escudos emissão de 27/10/1970 (P.111).


Figura 4 – Cédula de 50 escudos (P.116), 1976. Emissão do Banco de Moçambique. Impressão: Thomas de La Rue & Company (TDLR) England (160 mm X 80 mm).

João de Azevedo Coutinho (1865-1944) foi um político, administrador colonial e militar português. Foi Governador Geral da Colônia de Moçambique (1905-1906). Participou de diversas campanhas de “pacificação” com o objetivo de garantir a dominação portuguesa em Moçambique. Foi homenageado pelo Estado Novo (ditadura que perdurou em Portugal por 41 anos ininterruptos, desde a aprovação da Constituição de 1933 até a Revolução de 25 de abril de 1974).
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P.117 – 100 escudos (1976; data antiga 27/03/1961) Anverso: Verde sobre fundo policrômico. Aires de Ornelas à direita em um medalhão. Superimpressão horizontal “Banco de Moçambique”, substituindo e anulando a autoridade emissora anterior, qual seja a do Banco Nacional Ultramarino – BNU (filial de Moçambique).
Reverso: Logotipo do Banco Nacional Ultramarino, contendo um veleiro e a data de 1864 (data da fundação do banco).
Filigrana ou marca d água: Brasão de Armas da Província Ultramarina de Moçambique.
Apresenta fio de segurança sólido.
Dimensões: 166 mm X 85 mm
Emissão: Banco de Moçambique
Impressor: Bradbury Wilkinson & Co., New Malden, Surrey, England. (BWC).


Figura 5 – Cédula de 100 escudos (P.117), 1976. Emissão do Banco de Moçambique. Impressão: Bradbury Wilkinson & Co., New Malden, Surrey, England. (BWC). 166 mm X 85 mm

Aires de Ornelas (1866-1930) foi um político, administrador colonial e militar português. Foi Governador Geral da Colônia de Moçambique (1896-1898). Em Moçambique tomou parte de diversas campanhas contra lideranças locais. Ficou conhecido por sua “valentia” e “sangue frio”. Por incrível que possa parecer, em 1889 foi nomeado técnico na Conferência de Haia de onde saíram os primeiros tratados internacionais sobre leis e crimes de guerra.
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P.118 – 500 escudos (1976; data antiga 22/03/1967) Anverso: Púrpura sobre fundo policrômico. Alfredo Augusto Caldas Xavier à direita. Superimpressão horizontal “Banco de Moçambique”, substituindo e anulando a autoridade emissora anterior, qual seja a do Banco Nacional Ultramarino – BNU (filial de Moçambique).
Reverso: No centro, Brasão de Armas da Província Ultramarina de Moçambique.
Filigrana ou marca d água: Alfredo Augusto Caldas Xavier
Apresenta fio de segurança sólido.
Dimensões: 170 mm X 90 mm
Emissão: Banco de Moçambique
Impressora: Bradbury Wilkinson & Co., New Malden, Surrey, England. (BWC)
Figura 6 – Cédula de 500 escudos (P.118), 1976. Emissão do Banco de Moçambique. Impressão: Bradbury Wilkinson & Co., New MaldenSurreyEngland. (BWC). 170 mm X 90 mm.

Alfredo Augusto Caldas Xavier (1852-1896) foi um militar, engenheiro e administrador colonial português. Ele se distinguiu nas guerras de “pacificação” do Moçambique das primeiras décadas do Século XX.
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P.119 – 1000 escudos (1976; data antiga 23/05/1972) Anverso: Verde sobre fundo policrômico. Gago Coutinho à esquerda. Superimpressão horizontal “Banco de Moçambique”, substituindo e anulando a autoridade emissora anterior, qual seja a do Banco Nacional Ultramarino – BNU (filial de Moçambique).
Reverso: À esquerda, Gago Coutinho e Sacadura Cabral em um cockpit de um avião.
Filigrana ou marca d água: Gago Coutinho
Apresenta fio de segurança sólido.
Dimensões: 170 mm X 85 mm
Emissão: Banco de Moçambique
Impressora : Thomas de La Rue & Company (TDLR) England.

 
Figura 7 – Cédula de 1000 escudos (P.119), 1976. Emissão do Banco de Moçambique. Impressão: Thomas de La Rue & Company (TDLR) England. (170 mm X 85 mm).

Gago Coutinho (1869-1959) foi um oficial da marinha portuguesa, piloto e historiador. Em 1922 realizou a travessia aérea do Atlântico Sul, juntamente com Sacadura Cabral.

Bibliografia:

- “Moçambique” As campanhas de pacificação nas emissões do BNU, BNU, s/d.
- “Papel-Moeda” As casas fabricantes de papel-moeda contratadas pelo BNU, BNU, s/d.
- PICK, Albert. Standart Catalog of World Paper Money - General Issues, 1368-1960, 15th edition, Edited by George S.Cuhaj, USA, 2014.
- PICK, Albert. Standart Catalog of World Paper Money – Modern Issues, 1961-Present, 24th edition, Edited by Tracy L. Schmidt, USA, 2018.

Autor: Marcio Rovere Sandoval



[1] É o banco central do Moçambique. Foi fundado em 17/05/1975, substituindo o Banco Nacional Ultramarino (BNU – Filial de Moçambique), cujo patrimônio foi revertido integralmente para o novo banco.
[2] Na época da impressão destas cédulas a BWC era uma filial da American Bank Note Company (ABNCo.). Em 1986 ela foi adquirida pela Thomas de La Rue & Company (TDLR), atual De La Rue.
[3] A nova moeda de Moçambique.
[4] Desconhecemos o impressor.
[5] O Banco Nacional Ultramarino foi criado como um banco de emissão para os territórios de ultramar portugueses. Era um banco privado.
[6] Provavelmente as remanescentes que se encontravam nos cofres do banco.
[7] Veja sobre este assunto a matéria “As cédulas de Hitler”, de nossa autoria.

sábado, 7 de dezembro de 2019

5 Cruzeiros (1950-1967)


As cédulas de 5 Cruzeiros da 2ª Estampa do Tesouro Nacional (1950-1967[1]) e a quebra na sequência das assinaturas
© 2018 Marcio Rovere Sandoval[2]

Figura 1 – Anverso da cédula de 5 Cruzeiros da 2ª Estampa, Série 4170ª, n° 099966 (C 073a; P.176c) 157 mm X 67 mm. Microchancelas do Ministro da Fazenda Octávio Gouvêa de Bulhões e do Diretor da Caixa de Amortização Reginaldo Fernandes Nunes. Impressão: Thomas de La Rue & Company, Londres. Emissão dessa série pelo Tesouro Nacional: após 20.05.1965[3].


Introdução

                        As cédulas de 5 Cruzeiros da 2ª Estampa do Tesouro Nacional foram emitidas a partir de 14.08.1950 e desmonetizadas em 13.05.1967. Foram impressas pela Thomas de La Rue & Company de Londres[4], como pode ser constatado nas margens brancas[5] do anverso e do reverso das cédulas.
                        De 1950 a 1965 foram impressas 4.700 séries, ou seja, 470.000.000 (quatrocentos e setenta milhões) de cédulas[6].
                        Considerando as assinaturas[7] e ainda os autógrafos[8], temos dez variações para essas cédulas e, por causa da quebra na sequência das assinaturas (no caso, a do Diretor da Caixa de Amortização), são consideradas ainda mais quatro variantes intermediárias, num total de quatorze, como veremos em todos os pormenores.
                        As cédulas da 1ª Estampa desse valor haviam sido impressas pela American Bank Note de Nova York (ABNCo.)[9] e emitidas a partir de 18.11.1944[10].
                        No entanto, as primeiras cédulas de 5 Cruzeiros[11] foram emitidas em 1942, com cédulas aproveitadas do Padrão Mil-Réis (cédulas de 5 Mil-Réis da 19ª Estampa[12]), com uma dupla superimpressão em forma de rosácea (C002; P.125). No medalhão, tínhamos, também, a efígie do Barão do Rio Branco.



Figura 2 – Detalhe das cédulas de 5 Cruzeiros com a efígie do Barão do Rio Branco. Da esquerda para a direita temos: 5 cruzeiros de 1942 (cédula aproveitada da 19ª Estampa do Padrão Mil-Réis – C002; P.125); 5 Cruzeiros de 1944 (1ª Estampa – C017; P.134) e 5 Cruzeiros de 1950 (2ª Estampa – C065; P.142). As duas primeiras cédulas foram impressas pela ABNCo. e a terceira pela Thomas de La Rue & Company (TDLR), objeto do presente estudo. A Gravura do Barão do Rio Branco (1845-1912) foi gravada originalmente por Robert Savage (1868-1943) da ABNCo. e utilizada pela primeira vez na cédula de 5 Mil-Réis de 1913 (R095; P.24). A gravação realizada pela Thomas de La Rue & Company, apesar de ter a mesma fonte (provavelmente uma fotografia do Barão do Rio Branco), tem os traços diferentes.



Figura 3 – Detalhe das rosáceas, contendo o valor da cédula de 5 Cruzeiros, nas três ocasiões anteriormente descritas (figura 2). Na primeira imagem, vemos uma das superimpressões (Casa da Moeda – 5 Cruzeiros) aplicadas nas cédulas de 5 Mil-Réis da 19ª estampa.


As características das cédulas do Cruzeiro

                        As características de impressão e segurança em relação às cédulas do Cruzeiro, impressas pela American Bank Note Company e Thomas de La Rue & Company, foram aprovadas pela Junta Administrativa da Caixa de Amortização[13] em 1963 – Processo 5.890/63. Vejamos:

“O Cruzeiro foi criado pelo Decreto-Lei n°4.791, de 5 de outubro de 1942. Suas características foram aprovadas pela Junta Administrativa da Caixa de Amortização e são as seguintes:
CÉDULAS DE CR$1 – CR$2 – CR$5 – CR$10 – CR$20 – CR$50 – CR$100 – CR$200 – CR$500 e CR$1.000.
Anverso – As cédulas de 1, 2, 5, 10, 20, 50, 100, 200, 500 e 1.000 Cruzeiros são impressas em papel especial de formato retangular, tamanho único, e medem, quando novas, admitidas as tolerâncias normais, 156 x 67 mm.
Os ângulos superiores apresentam rosáceas bordejadas por filetes ondulados, contendo os algarismos do valor nominal em caracteres greco-romanos com terminações em fantasia; nos ângulos inferiores, rosáceas cordiformes, ambas com os algarismos do valor nominal idênticos aos das rosáceas superiores.
A cartela principal traz o dístico REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL[14], composto em caracteres greco-romanos, com terminações em espículos ou crenos. Abaixo, em caracteres menores, sobre o fundo de segurança, está o dístico SE PAGARÁ AO PORTADOR DESTA QUANTIA DE nas estampas que trazem na cartela inferior, sob o dístico do valor por extenso, a expressão valor recebido, o que não ocorre com as da estampa valor legal.
Acompanhando a curva superior do medalhão, o dístico NO TESOURO NACIONAL, quando se trata das cédulas com a expressão valor recebido, e TESOURO NACIONAL, no caso das cédulas com a expressão valor legal.
Ao centro, entre dois desenhos que compõem a rosácea principal e que incluem por quatro vezes, e em dois tamanhos, o valor em algarismos, está a efígie do vulto homenageado, num medalhão emoldurado e embasado, trazendo, na parte inferior da moldura, o dístico com o seu nome.
Sob o medalhão, uma cartela com os seguintes dísticos: VALOR DA CÉDULA POR EXTENSO e as expressões VALOR RECEBIDO nas cédulas de impressão mais antigas e VALOR LEGAL, nas emissões mais recentes.
Aos lados, em sentido vertical, entre os dentículos e as tarjas, compondo o corondel, estão destacados pequenos blocos formados por algarismos repetindo o valor.
Os motivos descritos são impressos pelo processo calcográfico e constituem os principais elementos figurativos da cédula.
Em toda a área livre, observa-se o fundo de segurança, representado por pequenos algarismos do valor nominal, contornados simetricamente por desenhos tramados, recortados por traços sinuosos, paralelos e transversais. Em torno da rosácea principal, vê-se um florão irisado. Todos esses motivos são impressos pelo processo “offset”.

Nas áreas livres estão distribuídos:

a)      aos lados da rosácea principal, os elementos acessórios de identificação individual, impressos pelo processo tipográfico em cor carmim, vistos de cima para baixo, respectivamente, à esquerda ESTAMPA, SÉRIE e NÚMERO, e à direita, NÚMERO, ESTAMPA e SÉRIE.
b)       sob a rosácea principal, os elementos acessórios de autenticação, as microchancelas do Diretor da Caixa de Amortização à esquerda e a do Ministro da Fazenda à direita, impressas pelo processo tipográfico em cor negra.

Reverso – O reverso da cédula se compõe de um painel legendado com alegoria ou figuração que lembra motivo da cultura pátria. Nos lados, três rosáceas superpostas, contendo, cada uma, algarismos do valor nominal em tamanhos diferentes. Encimando e embasando o painel, cartelas com os dísticos REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL. Compondo a moldura do painel, vêem-se ornatos de complementação e, na parte superior, duas pequenas cartelas com algarismos do valor nominal. A composição do reverso é impressa em calcografia.

            Nas margens brancas do anverso e do reverso, na parte inferior, está gravado, pelo processo calcográfico, o nome da firma impressora – American Bank Note Company ou Thomas de La Rue & Company, Limited, London. (in: Cédulas Brasileiras da República – Emissões do Tesouro Nacional. Rio de Janeiro: Banco do Brasil S.A. - Museu e Arquivo Histórico, 1965, p.103) (grifo nosso).

                        Essas características de impressão e segurança aprovadas pela Junta Administrativa da Caixa de Amortização em 1963, referem-se às cédulas que vinham circulando desde 1943, quando se tentou padronizar “em definitivo” as cédulas brasileiras.
                        Mas, como tivemos a oportunidade de mencionar, essas tentativas vinham sendo realizadas desde o Padrão Mil-Réis, por volta de 1918.[15] Assim, o Governo demorou cerca de quarenta e cinco anos para realizar uma nomenclatura[16] que foi útil apenas durante 7 anos, já que, em 1970, quando as cédulas passaram a ser impressas no Brasil, pela Casa da Moeda, as características das cédulas mudaram radicalmente, tornando praticamente obsoleta aquela nomenclatura.


Figura 4 – Reverso da cédula de 5 Cruzeiros da 2ª Estampa (C072; P.176b), 157 mm X 67 mm, que traz a reprodução do quadro de Antonio Parreiras: A Conquista do Amazonas (1907), que se encontra no Museu Histórico do Pará, em Belém. Trata-se de um specimen de 1963. Em 1958, a Thomas de La Rue & Company mudou sua razão social para De La Rue Company Limited PLC. Neste exemplar, podemos ver a antiga denominação na margem branca e a nova razão social na superimpressão “De La Rue & Co LTD”.


As Cédulas de 5 Cruzeiros da 2ª Estampa recebidas de Londres


                        O livro de Cleber Batista Gonçalves, intitulado “Casa da Moeda do Brasil”, editado em 1989, traz a relação das cédulas de 5 Cruzeiros recebidas da Thomas de La Rue & Company de Londres, de 21.08.1956 a 13.07.1965[17]. Vejamos:

Tabela I – Cédulas recebidas do impressor

Data do recebimento
Séries
Quantidade

 ?    ?  1950 (C065; P. 142)[18]
1ª a 500ª
50.000.000

 ?    ?  1953 (C066; P.158a)
501ª a 1000ª
50.000.000

 ?    ?  1954 (C067; P.158b)
1001ª a 1300 ª
30.000.000

21.08.1956 (C068;  P.158c)
1301ª a 1350 ª
  5.000.000

08.10.1957 (C068); P.158c)
1351ª a 1430 ª
  8.000.000

09.10.1957 (C068; P.158c)
1431ª a 1450 ª
  2.000.000

15.10.1957 (C068; P.158c)
1451ª a 1500ª
  5.000.000

17.10.1957 (C068; P.158c)
1501ª a 1550ª
  5.000.000

07.11.1957 (C068; P.158c)
1551ª a 1600ª
  5.000.000

22.01.1958 (C068; P.158c)
1601ª a 1611ª
  1.100.000

02.01.1958 (C068; P.158c)
1612ª a 1615ª
     400.000

07.01.1958 (C068; P.158c)
1616ª a 1665ª
  5.000.000

30.12.1957 (C068; P.158c)
1666ª a 1705ª
  4.000.000

23.12.1957 (C068; P.158c)
1706ª a 1725ª
  2.000.000

18.12.1957 (C068; P.158c)
1726ª a 1775ª
  5.000.000

17.12.1957 (C068; P.158c)
1776ª a 1800ª
  2.500.000

08.01.1959 (C069; P.158d)
1801ª a 1827ª
  2.700.000

14.01.1959 (C069; P.158d)
1828ª a 1854ª
  2.700.000

29.01.1959 (C069; P.158d)
1855ª a 1881ª
  2.700.000

20.02.1959 (C069; P.158d)
1882ª a 1951ª
  7.000.000

06.03.1959 (C069; P.158d)
1952ª a 2050ª
  9.900.000

10.04.1959 (C070; P.158e)
2051ª a 2130ª
  8.000.000

27.04.1959 (C070; P.158e)
2131ª a 2158ª
  2.800.000

18.05.1959 (C070; P.158e)
2159ª a 2212ª
  5.400.000

04.06.1959 (C070; P.158e)
2213ª a 2266ª
  5.400.000

23.06.1959 (C070; P.158e)
2267ª a 2300ª
  3.400.000

08.05.1962 (C071; P.176a)
2301ª a 2320ª
  2.000.000

28.05.1962 (C071; P.176a)
2321ª a 2420ª
10.000.000

29.05.1962 (C071; P.176a)
2421ª a 2500ª
  8.000.000

26.06.1962 (C071; P.176a)
2501ª a 2591ª
  9.100 000

27.06.1962 (C071; P.176a)
2592ª a 2691ª
10.000.000

28.06.1962 (C071; P.176a)
2692ª a 2780ª
  8.900 000

16.08.1962 (C071; P.176a)
2781ª a 2876ª
  9.600 000

13.08.1962 (C071; P.176a)
2877ª a 2900ª
  2.400 000

09.01.1963 (C071; P.176a)
2901ª a 3004ª
10.400 000

10.12.1962 (C071; P.176a)
3005ª a 3104ª
10.000 000

14.11.1962 (C071; P.176a)
3105ª a 3204ª
10.000 000

04.10.1962 (C071; P.176a)
3205ª a 3244ª
  4.000 000

04.10.1962 (C071; P.176a)
3245ª a 3294ª
  5.000 000

04.10.1962 (C071; P.176a)
3295ª a 3300ª
  6.000 000

11.09.1962 (C071; P.176a)
3301ª a 3396ª
  9.600 000

13.08.1962 (C071; P.176a)
3397ª a 3422ª
  2.600 000

13.08.1962 (C071; P.176a)
3423ª a 3472ª
  5.000 000

13.08.1962 (C071; P.176a)
3473ª a 3500ª
  2.800 000

20.11.1963 (C072; P.176b)
3501ª a 3600ª
10.000.000

21.11.1963 (C072; P.176b)
3601ª a 3636ª
  3.600.000

10.10.1963 (C072; P.176b)
3637ª a 3686ª
  5.000.000

03.10.1963 (C072; P.176b)
3687ª a 3700ª
  1.400.000

23.10.1964 (C073; P.176c)
3701ª a 3716ª
  1.600.000

30.11.1964 (C073; P.176b)
3717ª a 3732ª
  1.600.000

07.12.1964 (C073-74; P.176b-d)
3733ª a 3844ª
11.200.000

06.01.1965 (C074; P.176d)
3845ª a 3972ª
12.800.000

10.02.1965 (C074; P.176d)
3973ª a 4084ª
11.200.000

10.03.1965 (C074 P.176d)
4085ª a 4148ª
  6.400.000

20.05.1965 (C073 a e b - C074 a e b; P.176c e d )
4149ª a 4248ª
10.000.000
£ 42,750.0
18.05.1965 (C074b; P.176d)
4249ª a 4298ª
  5.000.000
18.05.1965 (C074b; P.176d)
4299ª a 4348ª
  5.000.000
£ 40,470.0
17.05.1965 (C074b; P.176d)
4349ª a 4440ª
  9.200.000
11.05.1965 (C074b; P.176d)
4441ª a 4490ª
  5.000.000
£ 23,940.0
11.05.1965 (C074b; P.176d)
4491ª a 4524ª
  3.400.000
07.05.1965 (C074b; P.176d)
4525ª a 4574ª
  5.000.000
£ 18,240.0
07.05.1965 (C074b; P.176d)
4575ª a 4588ª
  1.400.000
13.07.1965 (C074b; P.176d)
4589ª a 4700ª
11.200.000
£ 14,250.0

Total geral de cédulas = 470.000.000 (quatrocentos e setenta milhões)
Custo aproximado: £ 1.339.500[19]
O milheiro de cédulas custava aproximadamente £ 2,85 em valores da época.

Tabela II – Chancelas do Diretor da Caixa de Amortização e do Ministro da Fazenda das cédulas de 5 cruzeiros da 2ª estampa.

       
Séries
Data de recebimento
Chancelas (Diretor da Caixa Amortização e Ministro da Fazenda
C065; P.142
1ª a 500ª  
1950
Autografadas
C066; P.158a
501 ª a 1000 ª
1953
Claudionor de Souza Lemos e Horácio Lafer
C067; P.158b
1001ª a 1300ª
1954
Claudionor de Souza Lemos e Oswaldo Aranha
C068; P.158c
1301ª a 1800ª
1956-58
Claudionor de Souza Lemos e José Maria Alkimin
C069; P.158d
1801ª a 2050ª
1959
Claudionor de Souza Lemos e Lucas Lopes
C070; P.158e
2051ª a 2300ª
1959
Affonso Almiro e Lucas Lopes
C071; P.176a
2301ª a 3500ª
1962
Reginaldo Fernandes Nunes e Walter Moreira Salles
C072; P.176b
3501ª a 3700ª
1963
Reginaldo Fernandes Nunes e Miguel Calmon
C073; P.176c
3701ª a 3748ª
1964
Reginaldo Fernandes Nunes e Octávio Gouvêa de Bulhões
C074; P.176d
3749ª a 4148ª
1965
Sérgio Augusto Ribeiro e Octávio Gouvêa de Bulhões
C073a; P.176c
4149ª a 4180ª
1965
Reginaldo Fernandes Nunes e Octávio Gouvêa de Bulhões
C074a; P.176d
4181ª a 4200ª
1965
Sérgio Augusto Ribeiro e Octávio Gouvêa de Bulhões
C073b; P.176c
4201ª a 4232ª
1965
Reginaldo Fernandes Nunes e Octávio Gouvêa de Bulhões
C074b; P.176d
4233ª a 4700ª
1965
Sérgio Augusto Ribeiro e Octávio Gouvêa de Bulhões


A quebra na sequência das assinaturas


Figura 5 – Anverso da cédula de 5 Cruzeiros da 2ª Estampa, Série 4205ª, n° 041895 (C 073b; P.176c) 157 mm X 67 mm. Microchancelas do Ministro da Fazenda Octávio Gouvêa de Bulhões e do Diretor da Caixa de Amortização Reginaldo Fernandes Nunes. Impressão: Thomas de La Rue & Company, Londres. Emissão dessa série pelo Tesouro Nacional: após 20.05.1965.

                        Através das tabelas I e II podemos verificar que até a série 4148ª (lote recebido em 10.03.1965), tudo estava correto, ou seja, a assinatura de Reginaldo Fernandes Nunes[20] havia sido substituída pela de Sérgio Augusto Ribeiro[21], novo Diretor da Caixa de Amortização[22].
                        A partir das séries 4149ª a 4248ª (lote recebido em 20.05.1965), ocorreram erros por parte da empresa impressora (Thomas de La Rue & Company de Londres), que reutilizou a microchancela do antigo Diretor da Caixa de Amortização, qual seja, Reginaldo Fernandes Nunes, em duas ocasiões nesse lote, nas séries 4149ª a 4180ª (32 séries ou 3.200.000 cédulas, chamaremos de erro n° 1) e nas séries 4201ª a 4232ª (32 séries ou 3.200.000 cédulas, erro n° 2).
                        As demais séries que compunham aquela remessa, ou seja, 4181ª a 4200ª e 4233ª a 4248ª vieram corretas, com a microchancela de Sérgio Augusto Ribeiro. Dessas séries até a última (4700ª) não houve mais erros.
                        Deste modo, as séries que deram ensejo à quebra na sequência de assinaturas foram as de números 4149ª a 4180ª (C73a; P.176c) e as de números 4201ª a 4232ª, (73b; P.176c) todas recebidas na data de 20.05.1965.
                        Trata-se do período de transição entre a Caixa de Amortização e o Banco Central do Brasil, sendo que na data de recebimento do lote em questão, qual seja, em 20.05.1965, ao que tudo indica, nem mesmo Sergio Augusto Ribeiro exercia seu cargo. O fato é que o correto deveria ter sido a utilização de sua microchancela nas séries 3749ª até a 4700ª, o que não veio a ocorrer.


Da existência das variantes C073 (a e b) e C074 (a e b)


                        As variantes C073 (a e b) e a C074 (a e b) são apontadas no Catálogo Amato[23], o que não ocorre no World Paper Money, que relaciona 10 variantes, considerando apenas as assinaturas, vejamos:

5 cruzeiros 2ª Estampa – TDLR (WPM)
P.142
Séries 1ª a 500ª
P.158ª
Séries 501ª a 1000ª
P.158b
Séries 1001ª a 1300ª
P.158c
Séries 1301ª a 1800ª
P.158d
Séries 1801ª a 2050ª
P.158e
Séries 2051ª a 2300ª
P.176ª
Séries 2301ª a 3500ª
P.176b
Séries 3501ª a 3700ª
P.176c
Séries 3701ª a 3748ª; 4149ª a 4180ª; 4201ª a 4232ª
P.176d
Séries 3749ª a 4148ª; 4181ª a 4200ª; 4233ª a 4700ª

                        O catálogo brasileiro, além das dez variantes consideradas em relação às assinaturas, relaciona mais quatro variações intermediárias que levam em conta a quebra na sequência das assinaturas, que são as C073a e b e a C074a e b, vejamos:

5 Cruzeiros 2ª Estampa – TDLR (Amato)

C.065
Séries 1ª a 500ª
C.066
Séries 501ª a 1000ª
C.067
Séries 1001ª a 1300ª
C.068
Séries 1301ª a 1800ª
C.069
Séries 1801ª a 2050ª
C.070
Séries 2051ª a 2300ª
C.071
Séries 2301ª a 3500ª
C.072
Séries 3501ª a 3700ª
C.073
Séries 3701ª a 3748ª
C.073a
Séries 4149ª a 4180ª
C.073b
Séries 4201ª a 4232ª
C. 074
Séries 3749ª a 4148ª
C. 074a
Séries 4181ª a 4200ª
C. 074b
Séries 4233ª a 4700ª

                        Como vimos, o erro ocorreu nas séries recebidas em 20.05.1965, e em duas ocasiões, quais sejam, nas Séries 4149ª a 4180ª (3.200.000 cédulas) e nas Séries 4201ª a 4232ª (3.200.000 cédulas). Essas 6.400.000 cédulas são semelhantes e foram produzidas intercaladas nas séries que deveriam conter a assinatura de Sérgio Augusto Ribeiro (figuras 1 e 4).
                        Acreditamos que a existência desses dois erros deve ser considerada, já que as demais séries, apesar da descontinuidade, estão corretas.
                        Teríamos, assim, toda a sequência de assinaturas e mais a C073a e b, apenas. O fato é que existem dez variantes e dois erros que foram cometidos pela TDLR, respectivamente C073a e C073b.
                        Seriam, assim, 12 tipos e não 14, como relaciona o Catálogo Amato, e nem 10 como relaciona o World Paper Money.
                        De qualquer forma, as cédulas de 5 Cruzeiros da 2ª Estampa, impressas pela Thomas de La Rue & Company (TDLR) e emitidas pela Tesouro Nacional, oferecem uma boa gama de variantes e que existem em abundância no mercado, mesmo no estado flor de estampa, possibilitando tanto ao veterano quanto ao iniciante uma boa e agradável experiência.


Bibliografia

AMATO, Claudio Patrick Et al. Cédulas do Brasil 1833 a 2011. 5ª edição, 2011.

Cédulas Brasileiras da República – Emissões do Tesouro Nacional. Rio de Janeiro: Banco do Brasil S.A. - Museu e Arquivo Histórico, 1965.

GONÇALVES, Cleber Baptista. Casa da Moeda do Brasil. Rio de Janeiro: Casa da Moeda do Brasil, 2ª Edição, 1989.

Museu de Valores do Banco Central do Brasilhttp://www.bcb.gov.br/?red-museu

PICK, Albert. Standart Catalog of World Paper Money - General Issues, 1368-1960, 15 th edition, Edited by George S.Cuhaj, USA, 2014.

TRIGUEIROS, F. dos Santos. Dinheiro no Brasil. Rio de Janeiro: Leo Cristiano Editorial Ltda., 2ª edição, 1987.

Nota: Nossos agradecimentos a Felipe Augusto (http://numisbrazilis.blogspot.com) de Curitiba-PR, por nos ter colocado em evidência as diferenças entre as microchancelas das 1ª e 2ª Estampas do Cruzeiro.


Autor: Marcio Rovere Sandoval

Publicado originalmente no Boletim da Associação Filatélica e Numismática de Santa Catarina (AFSC), n° 74, agosto de 2019, p.6 a 18.


Anexo – Conceitos pertinentes à matéria.


                        Apresentamos alguns conceitos para melhor podermos compreender a catalogação dessas cédulas. Estes conceitos nos vêm dos termos utilizados pela antiga Caixa de Amortização, do atual Banco Central e ainda compulsando as ciências econômicas e gráficas. Vejamos:
                        Denomina-se Estampa o conjunto de características “físicas e/ou gráficas” de um grupo de cédulas. Assim, uma mudança nos motivos, na filigrana, na cor, no tamanho, etc.[24] engendram uma nova estampa. É, ainda, um elemento acessório de identificação individual.
                        Constatamos que, em várias cédulas do Mil-Réis e do Cruzeiro, temos a indicação da estampa, o que não ocorre (ao menos explicitamente) nas cédulas de outros países, mesmo que impressas pela American Bank Note ou pela Thomas de La Rue & Company.
                        No caso que analisamos, ou seja, da 2ª Estampa da cédula de 5 Cruzeiros, houve diversas mudanças em relação a 1ª Estampa, vejamos algumas delas:

- Mudança da empresa impressora: as cédulas da 1ª Estampa foram impressas pela American Bank Note & Company de Nova York (ABNCo.) e as da 2ª Estampa pela Thomas de La Rue & Company de Londres (TDLR);
- Tratando-se de impressores diferentes, são novas placas de impressão, que podem ser semelhantes às anteriores (como é o caso), mas nunca iguais, eis que de gravadores diferentes.
- As assinaturas (microchancelas) vêm de novos cartões de assinatura, que são diferentes em relação à 1ª Estampa. No caso da cédula de 5 Cruzeiros não é possível fazer a comparação com as cédulas da 1ª Estampa, eis que estas não comportam microchancelas, que apareceram posteriormente. Fizemos a comparação com outras da mesma família, vejamos:


Microchancela do Diretor da Caixa de Amortização Reginaldo Fernandes Nunes. A imagem da esquerda é da cédula de 10 Cruzeiros da 1ª Estampa (C020; P.167b) de 1963, impressa pela American Bank Note Company de Nova York (ABNCo.) e a segunda é a de 10 Cruzeiros da 2ª Estampa (C082; P.176d) de 1965, impressa pela Thomas de la Rue & Company de Londres (TDLR). É nítida a diferença entre as microchancelas, eis que as assinaturas foram realizadas em momentos distintos[25] e, como vimos, gravadas por empresas diferentes.

                        Série é um elemento acessório de identificação individual que, na maioria das vezes, corresponde a 100.000 unidades, sendo o caso das cédulas que analisamos.
                        Número da cédula é um elemento acessório de identificação individual, no caso das cédulas do Cruzeiro de 000 001 a 100 000 em cada série, ou seja, com seis dígitos.
                        Microchancelas são as assinaturas em tamanho reduzido. No caso em questão, temos as microchancelas do Ministro da Fazenda e do Diretor da Caixa de Amortização.
                        Fundo de segurança é a impressão subjacente, no caso em análise, de algarismos e desenhos tramados. Em geral impresso em ofsete, sob o qual se sobrepõem as impressões em calcografia e tipografia. A que tudo indica, o fundo de segurança era impresso em primeiro e, depois, os demais elementos, eis que observando cem cédulas com numeração sequencial, não fomos capazes de identificar uma só igual, o que seria de se esperar, considerando a posição na placa de impressão. Pensamos que o mesmo ocorre com as cédulas da ABNCo. No caso da cédula de 5 Cruzeiros da 1ª Estampa eram impressas vinte e oito cédulas por placa.
                        Valor recebido – é uma indicação constante nas cédulas do Tesouro Nacional desde o Império até 1961 e que diz respeito ao lastro monetário, representado pela expressão “se pagará ao portador desta quantia o valor de ... valor recebido". Esse pagamento, em tese, seria realizado em ouro ou prata, mais precisamente em moedas de ouro ou prata, como era praxe no caso dos bancos privados e das Caixas de Conversão e Estabilização. Diríamos em tese, eis que na prática, ao que temos conhecimento, isto aconteceu apenas com a primeira emissão do Banco do Brasil (1º Banco do Brasil – 1808) e nas experiências das Caixas de Conversão e de Estabilização e ainda no caso dos bancos privados que tinham autorização para realizar emissões. O lastro nem sempre era integral. Assim, no caso das cédulas do Tesouro Nacional, a garantia, a nosso ver, era letra morta, existente apenas pela tradição que remontava ao Império.
                        Valor legal – indicação constante nas cédulas do Tesouro Nacional e nas primeiras do Banco Central e que diz respeito à "garantia", nesse caso, conferida em virtude da Lei. A Lei garante a circulação da cédula, sendo obrigatório o seu recebimento. A circulação é obrigatória porque a lei determina que seja desta forma e não pela existência da “garantia real”, qual seja, ouro ou prata existentes em depósito.
                        Os conceitos de valor recebido e valor legal são vetustos em economia, já que o lastro desapareceu completamente na esfera internacional com a crise de 1929.

Autor: Marcio Rovere Sandoval

Publicado originalmente no Boletim da Associação Filatélica e Numismática de Santa Catarina (AFSC), n° 74, agosto de 2019, p.6 a 18.




[1] Foram emitidas a partir de 14.08.1950 e desmonetizadas em 13.05.1967. A Circular n° 86 de 01.04.1967 estabeleceu que as cédulas de 5, 2 e 1 Cruzeiros perderiam o poder liberatório em 13.05.67. (Fontes: Museu de Valores do Banco Central e Casa da Moeda do Brasil).
[2] Esta matéria contém diversas informações inéditas, fruto de pesquisa laboriosa. A reprodução esta condicionada à autorização prévia do autor, basta nos enviar mensagem por email – sterlingnumismatic@hotmail.com.
[3] Data do recebimento das Séries 4149ª a 4248ª da empresa impressora (Fonte: Casa da Moeda do Brasil, Cleber Baptista Gonçalves, 1989).
[4] Impressor britânico de papel-moeda e outros documentos de segurança. O nome atual da sociedade é De La Rue. A companhia foi fundada em 1821, por Thomas de La Rue em Guernsey e tem sua reputação calcada, principalmente, na impressão de papel-moeda e selos postais para diversos países do mundo. Produziu, também, durante muito tempo, cartas de jogo.
[5] Trata-se da superfície não impressa que circunscreve a gravura, “com bordas de corte mecânico”. É uma característica de impressão que no Brasil foi utilizada desde o Império até o final dos anos 60.
[6] Podemos estimar o custo total, em valores da época, em £ 1.339.500 (um milhão, trezentos e trinta e nove mil e quinhentas libras), sabendo que o milheiro custava £ 2,85.
[7] Mais especificamente microchancelas, graficamente falando, ou seja, assinaturas impressas em tamanho reduzido. No caso, temos as microchancelas do Ministro da Fazenda e do Diretor da Caixa de Amortização.
[8] Assinaturas de próprio punho, com caneta-tinteiro. Praticadas desde o Império e abolidas em 1953.
[9] Empresa estadunidense fundada em 1795 e que imprimia cédulas bancárias e outros documentos de segurança para diversos países do mundo. Encerrou a produção de papel-moeda por volta de 1988. Continua existindo com a denominação ABCorp. Foi a principal fornecedora de cédulas para o Brasil, desde o Império até o final dos anos 60. A partir de 1948, sofreu concorrência do impressor inglês Thomas de La Rue & Company. As duas empresas vieram a perder os contratos a partir de 1970, quando a Casa da Moeda do Brasil passou a imprimir as cédulas no Brasil.
[10] O Museu de Valores do Banco Central indica a data de 16.11.1944, mas constatamos que as primeiras séries (0001/0040) foram recebidas em 18.11.1944, portanto, dois dias depois. Essas informações nos vêm de Cleber Batista Gonçalves, na obra Casa da Moeda do Brasil, de 1988.
[11] O Cruzeiro foi criado pelo Decreto-Lei n° 4.791, de 5 de outubro de 1942.
[12] Foram emitidas pelo Tesouro Nacional, em 1925. As remanescentes, que não haviam sido colocadas em circulação, quais sejam, as séries 375ª a 436ª, foram aproveitadas para o Cruzeiro.
[13] Órgão criado em 1828 e que, em 1836, passou a ser responsável, entre outros, pela gestão do meio circulante até 1967, quando suas funções foram repassadas ao Banco Central do Brasil (Decreto-Lei n° 263, de 28 de fevereiro de 1967).
[14] Nome oficial do país de 24 de fevereiro de 1891 a 15 de março de 1967.
[15] Veja sobre este assunto a matéria de nossa autoria intitulada “A padronização do Mil-Réis (1918-1942), publicada no Boletim da AFSC – Associação Filatélica e Numismática de Santa Catarina, n° 69, de março de 2015, p.4-22.
[16] Conjunto de termos específicos de uma ciência, arte ou técnica, apresentado segundo uma classificação metódica; vocabulário técnico, terminologia. (in: Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, 2001).
[17] As informações existentes dizem respeito às séries 1301ª a 4700ª. As séries anteriores, quais sejam, da 1ª a 1300ª, não constam da lista. No entanto, incluímos informações de outras fontes, que, eventualmente, podem não ser exatas. As últimas séries trazem o valor pago ao impressor em Libras Esterlinas.
[18] Temos aqui a catalogação brasileira e a internacional (World Paper Money).
[19] Aqui estamos no campo das suposições, calculamos estes valores a partir dos dados disponíveis na bibliografia apontada.
[20] Reginaldo Fernandes Nunes foi Diretor da Caixa de Amortização de 07/09/1961 a 31/07/1964.
[21] Sérgio Augusto Ribeiro foi o último Diretor da Caixa de Amortização de 01/08/1964 a 01/03/1965.
[22]Com a criação do Banco Central do Brasil, em 31 de dezembro de 1964, a Caixa de Amortização teve suas funções transferidas para o novo órgão, cujo primeiro presidente foi Dênio Nogueira, de 12/04/1965 a 21/03/1967. A Caixa de Amortização foi definitivamente extinta através do Decreto n°61.962, de 22 de dezembro de 1967.
[23] Aqui indicamos apenas o nome pelo qual ficou conhecido o catálogo, mas a sua autoria é de Claudio Patrick Amato, Irlei Soares das Neves e Julio Ernesto Schütz.
[24] No presente caso houve a mudança de empresa impressora (ABNCo. para TDLR), com a consequente gravação de novas placas de impressão e alteração das cores, entre outros.
[25] Ocorre mesmo entre as cédulas que analisamos na presente matéria; a microchancela de Claudionor de Souza Lemos (C066; P.158a e C067; P.158b) apresenta diferenças, denotando cartões de assinatura distintos, mesmo em se tratando da mesma empresa impressora.