Tipografia, ilustração do livro de Jost Amman e Hans Sachs, Eygentliche Beschreibung aller Stände auff Erden, hoher und nidriger, geistlicher und weltlicher, aller Künsten, Handwercken und Händeln ...Durch d. weitberümpten Hans Sachsen gantz fleissig beschrieben u. in teutsche Reimen gefasset, Frankfurt am Mayn: Feyerabend, 1568, [120 Bl.].
6 – “Saiba o mundo, e a posteridade, que, no ano de 1808 da era cristã, mandou o governo português no Brasil, buscar à Inglaterra uma impressão, com os seus apéndiculos necessários, e a remessa que daqui se lhe fez importou em 100 libras esterlinas!!! Contudo diz-se que aumentará esse estabelecimento, tanto mais necessário quanto o governo ali nem pode imprimir as suas ordens para lhes dar suficiente publicidade. Tarde, desgraçadamente tarde: mas, enfim, aparecem tipos no Brasil; e eu de todo o meu coração dou os parabéns aos meus compatriotas brasilienses”. Eis como Hipólito da Costa saudou no 5° número do seu periódico o estabelecimento no Rio de Janeiro da Impressão Régia. No número imediato, transcreveu o respectivo decreto, datado de 13 de maio de 1808, brindou com elogios o seu autor, o ministro D. Rodrigo de Sousa Coutinho, a seguir conde de Linhares, e registrando a notícia, aliás falsa, de que a tipografia oficial se estamparia toda e qualquer obra, defendeu ardorosamente a liberdade de imprimir.
– I, pág 517 V. os primeiros diplomas sobre a Impressão Régia no Boletim Bibliográfico da Imprensa Nacional, ns. 1 a 7.
D. Rodrigo de Sousa Coutinho, Conde de Linhares (1755/1812).
O material gráfico não fora, como disse Hipólito, adrede comprado para a oficina do Rio. Adquirira-o, e não tivera tempo de montá-lo em Lisboa, a Secretaria de Estrangeiros e da Guerra, e viera parar na Colônia sem ciência do governo. Foi António de Araújo, o futuro conde da Barca, então titular daquele Ministério, quem, na precipitação da fuga, lembrou-se de trazê-lo consigo no porão da “Medusa” e, chegando ao Rio, mandou instala-lo nos baixos de sua residência, na Rua dos Barbonos.
Antonio de Araújo de Azevedo (1752/1817), Conde da Barca. (Gravura de Pradier, da Missão Artística de 1816).
O teor do decreto instituidor da Impressão Régia não deixa dúvida a respeito, porquanto ali se diz “constar” acharem-se “nesta capital” os prelos “destinados a Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, pelo que se mandava servisse interinamente de Impressão Régia “a casa onde eles se estabeleceram”. O expediente de António de Araújo reverteu em ótimo achado para D. Rodrigo.
A administração da Impressão Régia coube, pela decisão de 24 de junho de 1808, a uma Junta composta de José Bernardes de Castro, oficial da Secretaria de Estrangeiros e da Guerra, Mariano da Fonseca, o antigo consócio de Silva Alvarenga na jacobina Sociedade Literária, e Silva Lisboa.
Competia-lhe, conforme o regimento baixado na mesma data, afora a gerência da oficina, “examinar os papéis e livros que se mandassem publicar e fiscalizar que nada se imprimisse contra a religião, o governo e os bons costumes”. Era a censura prévia, a que logo se daria feição adequada. (in, Rizzini, Carlos. O Livro, o Jornal e a Tipografia no Brasil: com um breve estudo geral sobre a informação. São Paulo: Impressa Oficial do Estado, Edição fac-similar, 1988, p. 315-317) (grifo nosso).
Da Biblioteca Nacional temos:
“Foram navios britânicos, da Armada de Lord Nelson, que escoltaram até o Rio de Janeiro as maquinas da primeira tipografia oficial do Brasil. A tipografia era nova. Embarcada para Portugal, chegam a Lisboa na véspera da partida da Corte para o Brasil. Às pressas voltaram a um navio, o Medusa, que desembarcou no Rio de Janeiro em 7 de março de 1808. Entre a chegada do navio e a primeiro obra impressa passaram-se pouco mais de dois meses. Se o padre Perereca exultou (“O Brazil até o feliz 13 de Maio deo anno de 1808 não conhecia o que era Typographia: foi necessário que a brilhante Face do Príncipe Regente Nosso Senhor, bem como o refulgente Sol, viesse vivificar este Paiz”, Hipólito José da Costa não esconde o estarrecimento (“O mundo talvez se admirará que eu vá enunciar, como uma grande novidade, que se pretende estabelecer uma imprensa no Brazil; mas tal é o facto).
(in, Herkenhoff, Paulo. Biblioteca Nacional – A História de uma Coleção. Rio de Janeiro: Editora Salamandra, 1997, p. 81).
Obs.: O primeiro trabalho da Imprensa Régia foi a "Relação dos Despachos Publicados na Corte pelo Expediente da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra..." de 13 de maio de 1808, um folheto de 27 páginas.