© 2012 Marcio Rovere Sandoval
Fig.
1 – Reverso da cédula de 2 francos (AMC) para a França (P.114b), 1944 (78 x 67 mm ). Estas cédulas ficaram
conhecidas como “billets drapeau” em função de apresentarem no reverso o pavilhão
francês. Foram também chamadas “francos complementares” ou ainda “francos de
invasão”.
Os
Aliados à medida que foram conquistando os territórios das tropas do Eixo
emitiram cédulas de ocupação (Military Currency) que circularam concomitantemente
com o numerário existente nos países liberados. Trataremos aqui apenas das
cédulas emitidas pelos Aliados denominadas AMC (Allied Military Currency) que circularam na Itália, França, Alemanha
e Japão[2].
A
emissão destas cédulas ficou a cargo da tesouraria da AMGOT - Allied Military Governement of Occupied
Territories [3].
As
emissões de ocupação militar (Military Currency - moeda militar) são, em teoria,
emissões de uso exclusivo de tropas militares; elas são preparadas por uma
potência militar ou governamental e declaradas de curso legal em determinado
território pelo comandante das forças. Sua utilização pode ser estendida ao
pessoal civil, o que veio ocorrer com as cédulas analisadas. As emissões de
ocupação devem ser distintas, na aparência, da moeda oficial (nacional), mas a
unidade monetária, em geral, é a mesma. Esse expediente foi utilizado
amplamente durante a 1ª e 2ª Guerra Mundial. É visto por muitos como uma forma
de dominação e intromissão nos assuntos internos do país concernente; em geral,
essa moeda foi emitida sem lastro e em alguns casos em proveito da autoridade
militar que, assim, financiava as despesas realizadas. Essa situação ficou
evidenciada na Itália em 1943, quando foi emitida grande quantidade dessa moeda,
o que acabou por gerar uma grande inflação. Uma versão mais moderna deste tipo
de moeda são os “Military Payment
Certificates” (MPC), que foram utilizados na Guerra do Vietnam, liberados
em dólares e com circulação exclusiva entre os militares.
Fig.2
– Da esquerda para a direita temos: 1 Lira (P.M10b), 5 francos (P.115a), 5 marcos
(P.193a) e 10 centavos (P.63), respectivamente da Itália, França, Alemanha e
Japão. Todas apresentam as mesmas dimensões, ou seja, aproximadamente 78 x 67 mm , correspondendo à
cédula de 1 dólar americano cortada ao meio.
As emissões
na Itália
Com
a capitulação das tropas do Eixo na África, os Aliados se preparam para o
desembarque em solo europeu, o que ocorreu na Sicília em 9 de julho de 1943. Em
agosto de 1943, os Aliados, através de um Decreto assinado pelo General inglês Harold
Alexander (Decreto n° 12 de 23 de agosto de 1943), autorizaram a emissão dessas
cédulas para a Itália. Os valores desta série (Series 1943) foram: 1 lira
(M10), 2 liras (M11), 5 liras (M12), 10 liras (M13), 50 liras (M14), 100 liras
(M15), 500 liras (M16) e 1000 liras (M17). As cédulas foram impressas nos
Estados Unidos pelo Bureau of Engravingand Printing (BEP) de Washington e postas em circulação no mesmo dia da
assinatura do Decreto. Houve uma segunda emissão dessa mesma série, com
circulação a partir dia 8 de setembro de 1943, com cédulas impressas pela Forbes Lithograph Manufacturing Company de
Boston. As cédulas impressas por esta companhia contêm a marca da empresa
impressora, um “F” em micro caracteres (aposto na rosácea do lado inferior
direito). A segunda série (Series of 1943A), impressa pela Forbes, apresenta os seguintes valores: 5 liras (M18), 10 liras
(M19), 50 liras (M20), 100 liras (M21), 500 liras (M22) e 1000 liras (M23).
Fig.3
– Detalhe do lado inferior direito da cédula de 1 Lira (P.M10a), impressa pela
Forbes Lithograph Manufacturing Company de Boston. No destaque temos a letra
“F” de Forbes.
As cédulas foram impressas em dois formatos, 78 x
No
que tange à numeração, as duas séries apresentam as letras AA. Na série 1943A,
nos valores 5, 10, 50 e 100 liras, temos também as letras AB. Nesta mesma série,
as cédulas de 100 liras apresentam também as letras AC.
Pouco
tempo depois de emitida a primeira série (Series 1943) constatou-se que as
cédulas eram facilmente falsificáveis, por causa da má qualidade do papel e
outros detalhes, como a forma de impressão (litografia). Acrescenta-se, ainda, o
fato da escassez de elementos decorativos, possibilitando o acréscimo de zeros,
transformando, por exemplo, uma cédula de 1 lira em 10 liras. Por este motivo
foi providenciada uma nova emissão, acrescentando-se o valor por extenso, em inglês
e italiano. Mas, como pode ser observado, a tal melhora foi medíocre. Devido à
inflação, as cédulas de 1 e 2 liras não constam da segunda emissão.
As
cédulas impressas pelo Bureau of Engraving and Printing (BEP) de Washington, ou seja, ainda da primeira
série, apresentavam filigrana ou marca d’água (pouco visível) com os
seguintes dizeres: “Allied Military”,
de forma descontínua, elemento de segurança que não foi mantido na segunda
série impressa pela Forbes.
Os
três primeiros valores (1, 2 e 5 liras) de ambas as emissões apresentam uma
cena campestre no anverso e os demais valores apenas motivos geométricos.
Essas
cédulas circularam legalmente até 1950, ano em que perderam a validade. Sua
circulação foi concomitante com as demais cédulas utilizadas na Itália.
As
AMC liras financiaram os gastos das tropas aliadas que, segundo o armistício,
ficaram por conta da Itália.
A
seguir apresentamos as tabelas contendo a quantidade de cédulas provavelmente
emitidas na Itália pelos Aliados, baseada na numeração.
(Series 1943) a (Forbes) b (BEP)
M10
|
1 lira
|
a. 44.600.000
|
b. 37.600.000
|
||
M11
|
2 liras
|
a. 37.200.000
|
b. 36.600.000
|
||
M12
|
5 liras
|
a. 42.900.000
|
b. 24.700.000
|
||
10 liras
|
a. 12.100.000
|
|
b. 10.100.000
|
||
M14
|
50 liras
|
a. 33.700.000
|
b. 10.100.000
|
||
M15
|
100 liras
|
a. 23.700.000
|
b. 14.800.000
|
||
M16
|
500 liras
|
a.
1.800.000
|
b.
6.000.000
|
||
M17
|
1000 liras
|
a. 1.200.000
|
b.
3.000.000
|
Series of 1943A (todas impressas pela Forbes)
a (prefixo/sufixo A-A), b (prefixo/sufixo A-B)
e c (prefixo/sufixo A-C)
M18
|
5 liras
|
a. 31.360.000
|
b. 34.976.000
|
||
M19
|
10
liras
|
a. 77.824.000
|
b. 35.872.000
|
||
M20
|
50
liras
|
a. 50.692.000
|
b. 43.692.000
|
||
M21
|
100
liras
|
a. 61.492.000
|
b.
100.000.000
|
||
c. 60.000.000
|
||
M22
|
500
liras
|
a. 59.978.000
|
1000 liras
|
a. 69.108.000
|
As emissões na França
O
“Dia D” (em inglês “D Day”) designa o
6 de junho de 1944, dia em que tiveram início as manobras Aliadas de
desembarque na Normandia. A partir deste acontecimento, foram postos em marcha
os serviços de tesouraria da AMGOT, para colocar em circulação cédulas
impressas nos Estados Unidos, que tiveram “curso
legal” a partir do dia 28 de agosto de 1944. Essas cédulas foram
denominadas de “francos complementares”
porque serviriam como um “empréstimo”
provisório ao Tesouro Francês.
O
objetivo desta emissão seria cobrir os gastos do exército Aliado e a “reconstrução da França”. Esse projeto
monetário acompanhava um projeto político, que tinha a intenção de instalar uma
administração militar (AMGOT) na França, após a liberação.
A
AMGOT foi promovida pelo presidente americano Franklin Delano Roosevelt que, até
aquele momento (Dia D), não reconhecia o CFLN (Comité français de la Libération nationale),
presidido pelo General Charles de Gaulle, como legítimo representante do
Governo Francês. Em 26 de maio de 1944, o CFLN se tornou o GPRF (Gouvernement Provisoire de la République Française ).
O General Charles de Gaulle fez
sua entrada em território francês em 14 de junho de 1944 e restabeleceu a
autoridade do Governo Nacional evitando assim que a AMGOT, prevista pelos
americanos, fosse posta em
funcionamento. O General Charles de Gaule
declarou que as cédulas, denominadas comumente "bilhets drapeau"[4],
não eram outra coisa que moeda falsa. Mesmo assim, ele recomendou aos bancos que
aceitassem as cédulas, mas que não as remetessem em circulação. Em 27
de junho de 1944 foi interditada sua circulação, no entanto, permaneceram em
circulação até o final do mês de agosto.
Roosevelt
acabou por admitir a legitimidade do GPRF em 23 de outubro de 1944, após o
discurso do General Charles de Gaulle, na Prefeitura de Paris, em 25 de agosto
daquele mesmo ano.
Os
valores colocados em circulação, a partir do desembarque na Normandia, e
designados como francos complementares
(1ª emissão) foram: 2 francos (P.114), 5 francos (P.115), 10 francos (P.116),
50 francos (P.117), 100 francos (P.118), 500 francos (P.119), 1000 francos
(P.120) e 5000 francos (P.121 – não emitido).
Todas
essas cédulas apresentavam o pavilhão francês no reverso e foram também chamadas
de "francos de invasão",
eis que colocadas em circulação pelas tropas Aliadas, quando do desembarque na
Normandia. Essas cédulas não foram bem acolhidas pela população.
As
cédulas da 2ª emissão, semelhantes às da primeira, também impressas nos Estados
Unidos, são denominadas "francos
provisórios", eis que havia necessidade de substituir boa parte do
meio circulante devido ao período de ocupação (existia grande quantidade de
cédulas falsas circulando) e essas cédulas seriam provisoriamente utilizadas
para esse fim. A emissão dessas cédulas se deu em 4 de junho de 1945.
As
cédulas da 2ª emissão foram autorizadas ainda pelo CFLN (Comité français de la Libération nationale).
Ambas as
emissões são tratadas pelos franceses como cédulas do Tesouro. Pensamos, assim,
que no caso da França, essas emissões tenham ficado sob a responsabilidade do
Tesouro francês e não da Administração Militar Aliada.
Os
valores da 2ª emissão foram: 50 francos (P.122), 100 francos (P.123), 500
francos (P.124), 1000 francos (P.125) e 5000 francos (P.126 – não emitida).
A
principal diferença desta 2ª emissão é de não apresentar a bandeira francesa no
reverso e sim a palavra "France".
As
dimensões de ambas as emissões são aproximadamente 78 x 67 mm para os valores de 2, 5
e 10 francos e 156 x 67 mm
para os demais valores.
A
seguir, apresentamos as tabelas contendo as quantidades de cédulas, baseadas na
numeração das duas emissões.
1ª emissão – “francos complementares” ou “francos de invasão”.
114
|
2
francos
|
200.000.000
|
115
|
5
francos
|
160.000.000
|
116
|
10
francos
|
80.000.000
|
50 francos
|
40.000.000
|
|
118
|
100 francos
|
144.000.000
|
119
|
500 francos
|
20.000.000
|
120
|
1000 francos
|
40.000.000
|
121
|
5000 francos
|
2.720.000
|
2ª emissão –“francos provisórios”
122
|
50 francos
|
290.000.000
|
100 francos
|
950.000.000
|
|
124
|
500 francos
|
Specimen[5]
|
125
|
1000 francos
|
250.000.000
|
126
|
5000 francos
|
Specimen
|
Fig. 4 – Specimen de 5000 francos (P.126), 1944 (156 x
Segundo
a "Nota de Informação nº 128"
do Banco da França, de fevereiro de 2002, que trata da troca de cédulas e de
moedas de franco francês por euros, podemos constatar que as cédulas de 2, 5 e
10 francos de 1944 (tipo complementar), respectivamente P.114, P.115 e P.116, podiam
ser trocadas até 01 de janeiro de 2004.
Já
as cédulas de 50, 100, 500 e 1000 francos (tipo 1944, americana, com a bandeira
no reverso), não podiam ser trocadas, eis que perderam o valor em 15 de junho
de 1945.
No
que tange às cédulas de 50, 100 e 1000 francos (tipo 1944, americana, com a
menção “France” no reverso) podiam
ser trocadas até 01 de janeiro de 2004. O banco trazia o valor de câmbio ainda
em francos e advertia que estas cédulas podiam ter um valor numismático
superior ao valor da troca.
As emissões na Alemanha
Enquanto
o General Eisenhower combatia na frente Ocidental, os soviéticos comandados
pelo Marechal Jukov (Zhukov) marchavam em direção a Berlim, que foi atingida em
28 de abril de 1945. Com a Alemanha ocupada, procedeu-se a divisão em quatro
zonas de ocupação, administradas por autoridades americanas, inglesas, russas e
francesas.
Para
a Alemanha, os Aliados emitiram 8 valores, quais sejam, ½ marco (P.191), 1
marco (P.192), 5 marcos (P.193), 10 marcos (P.194), 20 marcos (P.195), 50
marcos (P.196), 100 marcos (P.197) e 1000 marcos (P.198), que circularam
concomitantemente com as demais cédulas do país, como havia ocorrido na Itália.
As
dimensões são aproximadamente 78 x 67 mm para os valores de ½, 1 e 5 marcos; e 112
x 67 mm
para a cédula de 10 marcos e os demais valores 156 x 67 mm .
Essas cédulas
foram postas em circulação pela primeira vez em 21 de outubro de 1944, na
cidade de Aachen[6], sendo esta a primeira
grande cidade alemã a ser invadida. Essas cédulas foram impressas nos Estados
Unidos pela Forbes Lithograph
Manufacturing Company de Boston, antes da ocupação da Alemanha, sob o
código “Wild Dog”, ou seja,
“cão selvagem”. Após a Conferência de Teerã (novembro a dezembro de 1943), essas
cédulas também passaram a ser impressas na União Soviética, pela empresa Gosnak de Moscou que recebeu, em abril de 1944, dos americanos, as chapas e o papel
para a impressão.
Fig. 5 – Cédula de 20
marcos (P.195a), 1944 (156 x 67 mm ). Impressão americana
(Forbes).
Inicialmente,
elas foram utilizadas somente pelas forças militares Aliadas.
No
anverso consta o nome do emissor em alemão: "Allierte
Militärbehörde", ou seja, Autoridade Militar Aliada e também a
inscrição "in umlauf gesetzt in
deutschland ", ou seja, "posto em circulação na Alemanha".
O
"F" em micro caracteres, marca da empresa impressora – Forbes, aparece no canto inferior direito
para os valores de ½, 1 e 5 marcos e no
canto superior direito para os demais valores. Os exemplares impressos
pelos soviéticos, com os clichês americanos, não apresentam esta marca.
No
âmbito das coleções, costumava-se fazer a distinção das zonas em que circularam
as cédulas pelas primeiras cifras dos seus números. Assim, “00” corresponderia à zona de
ocupação francesa; “0”
à zona de ocupação inglesa; “1”
à zona de ocupação americana e “–“ (hífen) à zona de ocupação soviética, mesmo
não existindo documentos que comprovem esta situação[7].
No que tange ao hífen que denotaria emissão e mesmo impressão soviética, deve-se
observar que existem cédulas com hífen (8 dígitos) e com o "F" da Forbes, ou seja, impressão americana,
tratando-se de cédulas americanas de reposição.
A
União Soviética imprimiu as cédulas começando com altos números de série, chegando
a nota 100.000.000 em todos os valores, menos os de ½ e 1000 marcos. Assim,
existem cédulas com 9 dígitos emitidas pela Rússia. A diferenciação se faz, mais
uma vez, pela ausência da marca da empresa impressora “Forbes” e pelo prefixo “1” . Em 8 de dezembro de 1944, os
Estados Unidos proibiram a emissão das cédulas de 1000 marcos. Consta dos
registros oficiais que apenas 10 dessas cédulas foram emitidas.
A
seguir, apresentamos uma tabela contendo a numeração das cédulas, o impressor e
a quantidade emitida. Utilizamos dois catálogos para a elaboração desta tabela,
o “World Paper Money – General Issues”
e o “Die deutschen Banknoten ab 1871” de Holder Rosenberg. A quantidade de
cédulas emitidas vem do site da Moneypedia
e não conseguimos ainda determinar sua fonte primária.
Segundo o
impressor – USA ou Rússia (numeração e quantidade emitida)
Numeração – Impressor
|
Emitidas
|
|
191 – ½ marco
|
a. 000000001 à 075448000 USA
(9 dig.)
|
75.448.000
|
b. -00000001
à -00470159 USA (8
dig.)
|
(-) reposição
|
|
c.-50000001 à -54 500000 Rússia (8 dig.)
|
4.500.000
|
|
192 – 1
marco
|
a.000000001 à 114296000 USA (9 dig.)
|
114.296.000
|
b.100000000 à 116600000 Rússia (9 dig.)
|
16.600.001
|
|
c. -00000001 à -00397639 USA (8 dig.)
|
(-) reposição
|
|
d.-75 000001 à -99 999999 Rússia (8 dig.)
|
24.999.999
|
|
193 – 5
marcos
|
a. 000000001 à 075896000 USA (9 dig.)
|
75.896.000
|
b.100000000 à 110400000 Rússia (9 dig.)
|
10.400.001
|
|
c. -00000001 à -00449695 USA (8 dig.)
|
(-) reposição
|
|
d.
-50000001 à -99999999
Rússia (8 dig.)
|
49.999.999
|
|
194 – 10 marcos
|
a.
000000001 à 077800000
USA (9 dig.)
|
77.800.000
|
b.100000000
à 111000000 Rússia (9
dig.)
|
11.000.001
|
|
c.
-00000001 à -00071569
USA (8 dig.)
|
(-) reposição
|
|
49.999.999
|
||
195 – 20 marcos
|
a.
000000001 à 075544000 USA
(9 dig.)
|
75.544.000
|
b.100000000
à 109800000 Rússia (9
dig.)
|
9.800.001
|
|
c.
-00000001 à -00441784
USA (8 dig.)
|
(-) reposição
|
|
d.-50
000001 à -99 999999
Rússia (8 dig.)
|
49.999.999
|
|
196 – 50 marcos
|
a.
000000001 à 061120000 USA
(9 dig.)
|
61.120.000
|
b.100000000
à 112700000 Rússia (9
dig.)
|
12.700.001
|
|
c.
-00000001 à -00299462
USA (8 dig.)
|
(-) reposição
|
|
d.
-40000001 à -99999999
Rússia (8 dig.)
|
59.999.999
|
|
197 – 100 marcos
|
a.
000000001 à 048084000 USA (9 dig.)
|
48.084.000
|
b.100000000
à 121000000 Rússia (9
dig.)
|
21.000.001
|
|
c.
-00000001 à -00195093
USA (8 dig.)
|
(-) reposição
|
|
d.
-35000001 à -99999999
Rússia (8 dig.)
|
64.999.999
|
|
e.[8]
? Rússia (8 dig.) letras c,m,o,p ou x
|
?
|
|
198 –
1000 marcos
|
a.000000001 à 004532000 USA (9 dig.)
|
4.532.000[9]
|
6.300.000
|
||
c. -00000001 à -00095069 USA (8 dig.)
|
(-) reposição
|
As emissões para o Japão
Após
o término da guerra na Europa ainda havia o Japão, última potência do Eixo. Na
Conferência de Potsdam (17/07/1945 à 2/08/1945) foi apresentado um ultimato ao
Japão para que se rendesse, sendo ele ameaçado de uma rápida e total
destruição. O ultimato foi ignorado. A cessação das hostilidades foi efetivada
seis dias após o lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima (6 de agosto de
1945) e Nagasaki (9 de agosto de 1945). A assinatura de capitulação do Japão se
deu em 2 de setembro de 1945.
Para
o Japão e para a Coréia (zona de ocupação americana - sul) foram preparadas duas
séries, A e B, nos valores de: 10 (P.62 e 63) e 50 (P.64 e 65) sen, 1 (P.66 e 67), 5 (P.68 e 69), 10 (P.70
e 71), 20 (P.72 e 73), 100 (P.74 e 75) e 1000 (P.76) ienes. As cédulas que
trazem no anverso um “A” circularam na Coréia – setor americano (setembro de 1945 a junho de 1946)[10]
e as que trazem um “B” circularam no Japão (setembro de 1945 a julho de 1948).
As
cédulas com a letra “A” foram de uso exclusivo militar e as com a letra “B” foram
utilizadas também pela população.
Para
a Coréia e para ilha de Okinawa não foram emitidas cédulas de 1000 ienes que
ficaram restritas ao Japão (letra B).
A
cédula de 1000 ienes (P.76) foi emitida apenas em 1951. Em Okinawa, que ficou
sob administração americana até 1972, estas cédulas circularam até 1958, sendo
esta a mais longa duração de utilização de uma moeda militar americana.
Quanto
à impressão, boa parte das cédulas foi impressa nos Estados Unidos, por Strecher-Traung de São Francisco (marca
da empresa impressora "S", em micro-caracteres, na rosácea do lado
esquerdo da cédula) e pelo US Bureau of
Engraving and Printing (P.67b). Algumas cédulas de 1, 5 e todas as de 1000
ienes foram impressas no Japão pelo impressor do Ministério das Finanças
japonês.
Temos
notícias sobre falsificações que teriam ocorrido em São Francisco e, a
que tudo indica, com a participação do pessoal da própria empresa impressora,
tornando impossível a diferenciação das cédulas verdadeiras das falsas.
As dimensões das cédulas são de
aproximadamente 78 x 67 mm
para os valores de 10, 50 sen e 1 iene; de 112 x 67 mm para as cédulas de 5 e
10 ienes e de 156 x 65 mm para os demais valores.
A
seguir apresentamos as tabelas contendo a quantidade de cédulas emitidas.
Tipo A – Japão e Coréia (uso militar) set.1945
a junho 1946
62
|
10 sen
|
93.456.000
|
64
|
50 sen
|
76.688.000
|
66
|
1 yen
|
66.176.000
|
68
|
5 yen
|
29.840.000
|
70
|
10 yen
|
51.880.000
|
72
|
20 yen
|
4.506.000
|
100 yen
|
9.144.000
|
Tipo B – Japão (1945-1948), Okinawa e Ryukyo
Islands (1945-1958)
63
|
10 sen
|
51.856.000
|
65
|
50 sen
|
43.344.000
|
67
|
1 yen
|
a.53.984.000
|
b. 2.624.000
|
||
c. 7.680.000
|
||
d. 7.680.000
|
||
69
|
5 yen
|
a. 27.000.000
|
b. 2.000.000
|
||
71
|
10 yen
|
60.000.000
|
73
|
20 yen
|
35.408.000
|
75
|
100 yen
|
39.042.000
|
1000 yen
|
a.1.500.000
|
|
b.4.000.000
|
Peculiaridades das emissões
As
cédulas da Ocupação
Militar Aliada para Itália são classificadas pelo World Paper Money com a inicial M (para emissões militares), ou
seja, de M10 a M20, o que não ocorre para os outros três países analisados,
apesar destes também apresentarem outras emissões de caráter militar. As
cédulas para a Itália, também, são as únicas que vêm preponderantemente em inglês. A Itália
nunca desindexou sua moeda, culminando com a emissão da cédula de 500.000 liras
(P.118) em 1997, antes da adoção do euro.
Nas
cédulas impressas para a França não aparece o nome do emissor, como nas da
Itália "Allied Military
Currency", nas da Alemanha "Allierte
militärbehörde" ou ainda, nas do Japão "Military Currency".
No
reverso das cédulas impressas para o Japão, Ilha de Okinawa, Ilha de Ryukyo e
Coréia, temos a inscrição: "Issued
Pursuant to Military Proclamation", ou seja, "Emitida nos Termos da Proclamação Militar". O Japão,
também, nunca desindexou sua moeda.
Nenhuma
destas cédulas apresenta assinatura, como muitas outras de caráter militar.
Uma
coleção “completa” destas cédulas, incluindo todas as variantes possíveis, bem
como specimens, comportaria aproximadamente
33 cédulas para a Itália, 46 para a França, 39 para a Alemanha e 20 para o
Japão.
Fig.6
– Cédula de 10 centavos (P.62), 1946. Usada exclusivamente pelos militares
americanos na Coréia e impressa nos Estados Unidos pela empresa Strecher –
Traung de São Francisco.
PS: Esta matéria teve origem numa sugestão feita
a um colega sobre como organizar uma pequena coleção partindo de cédulas de
países diferentes e que guardariam algo em comum e de sentido mais amplo do que
apenas suas imagens temáticas. Existem detalhes que podem ter escapado a nossa
atenção e mesmo incorreções que nós nos comprometemos a corrigir, visto
tratar-se de um assunto incomum e de parca bibliografia.
Bibliografia
- Dictionnaire historique de la France sous l’occupation. Michèle et Jean-Paul Cointet. Paris: Tallandier,
2000.
- Die Deutschen
Banknoten ab 1871 –
Holger Rosenberg, Gietl Verlag, 2007.
- Mark der Allierten
Militärbehörd – Moneypedia (www.moneypedia.de)
- Note d’information nº 128.
L’Echange des Billets et des Pièces en Francs Français contre Euro. Banque de
France, février 2002.
- Standard Catalog of
World Paper Money –
General Issues (1368-1960), 12th edition, Edited by George S. Cuhaj,
Krause Publications, 2008.
- World
War II Allied Military Currency. Raymond S. Toy, Carlton
F. Schwan, fourth edition, Ohio ,
1974.
Publicado originalmente no Boletim da Associação Filatélica e Numismática de Santa Catarina (AFSC), n° 65de março de 2012.
© 2012 Marcio R. Sandoval
Anexos:
Autor: Marcio R. Sandoval
E-mail:
sterlingnumismatic@hotmail.com
Blog: http://sterlingnumismatic.blogspot.caPublicado originalmente no Boletim da Associação Filatélica e Numismática de Santa Catarina (AFSC), n° 65de março de 2012.
© 2012 Marcio R. Sandoval
Anexos:
Folhetos de propaganda atribuídos aos alemães
contra os aliados anglo-americanos (cerca de 1944). Na reprodução à esquerda,
uma cédula de 5 francos (P.115a), conhecida como “billet drapeau”.
Na reprodução à direita, novamente um “billet
drapeau” (P.115a) e algumas afirmações interessantes: “Observe esta cédula,
Quem a garante? Ninguém! Nem um Estado, nem um banco, nenhuma assinatura. (...)
É um pedaço de papel sobre o qual se contentou em imprimir um valor”. Não
falta, neste folheto, um comentário anti-semita “une escroquerie juive”, ou
seja, uma “fraude judaica”.
[1] As datas correspondem ao período aproximado em
que estas cédulas circularam (em relação aos quatro países considerados), não
tendo a pretensão de exatidão.
[3] Governo militar de ocupação, constituído de
oficiais anglo-americanos que, durante a 2ª Guerra Mundial, tinha como
propósito administrar os territórios liberados das tropas do Eixo.
[4] Todas estas cédulas apresentam no
reverso a bandeira francesa.
[5] Foram impressas cédulas para circulação, mas
não foram emitidas, desconhecemos a quantidade.
[6] Cidade alemã situada na fronteira
com a Bélgica e Holanda.
[7] A única classificação existente
refere-se à impressão, russa ou americana, conforme a existência ou não da
marca do impressor.
[8] Esta variante não consta do “World Paper Money – General Issues”,
ela aparece no Catálogo Holder Rosenberg (206e).
[9] Apenas 10 teriam sido emitidas.
[10] Estas cédulas não são mencionadas expressamente no World Paper Money para a Coréia, existe apenas a informação de que
foi utilizado o numerário emitido pela Administração Militar Americana para o
setor sul. Estas emissões estão catalogadas juntamente com as do Japão.