© 2013 Marcio Rovere Sandoval
Fig. 1 e 2 - Letra hipotecaria do Banco do Café no valor de 100 mil-réis da 1ª Estampa e Série 1ª (P.S541, V.I.Lissa 679 e J.Vinicius 50). Cerca de 1929. (181 mm x 88mm).
Apesar de intensa pesquisa pouco encontramos sobre o Banco do Café. A que tudo indica ele teve vida efêmera. (cerca de 1927-1932?).
Trata-se de letras hipotecárias como consta no próprio anverso do documento. Os valores são de 100$000 e 500$000 réis. Essas letras não foram emitidas. Conhecemos dois catálogos que trazem informações sobre estas letras, o Catalogo de J. Vinicius de Cédulas do Brasil de 1982 e o de Violo Ídolo Lissa – Catálogo do Papel Moeda do Brasil de 1987. As informações constantes nestes catálogos são breves e praticamente se restringem as informações contidas na própria letra.
Descrição das letras:
São mencionados dois artigos legais, o Decreto nº 169-A, de 19 de fevereiro de 1890 e o Decreto nº 370, de 2 de maio de 1890, respectivamente a Lei Hipotecária e a sua regulamentação.
A descrição da letra de 100 mil-réis é a seguinte:
Anverso: verde-azulado sobre sépia, em calcografia e litografia. No centro, figura de duas mulheres – Alegoria da Paz e da Liberdade. Reverso: sépia, em litografia. Impressão : ABNCo. (American Bank Note Company – Nova York). Quantidade: cerca de 400.000 (em consideração às séries) (*) Ver atualização em
anexo.
Encontramos 4 séries, como podemos verificar abaixo:
Fig. 3 – Detalhe das letras hipotecárias do Banco do Café, temos a indicação da estampa (1ª) e das séries (1ª à 4ª). Como em geral cada série tem 100.000 exemplares (inclusive a numeração das letras tem 6 dígitos) podemos concluir que foram impressas cerca de 400.000 cédulas de 100 mil-réis.
Estas letras são semelhantes[1] à cédula de 500 mil-réis do Tesouro Nacional de 1907 (P.86, R157).
A de 500 mil-reis:
Anverso: Violeta sobre sépia, em calcografia e litografia. No centro o mesmo quadro alegórico da anterior. Anverso: sépia em litografia. Impressão : ABNCo. Quantidade:? (*) Ver atualização em
anexo.
Lissa classifica esta letra como muito rara e traz os seguintes comentários finais: "A finalidade por que se propôs o Banco do Café não logrou êxito, motivo pelo qual a emissão dessas letras não chegou a entrar em circulação".
As letras de 500 mil-réis ao que tudo indica só existem modelos (specimen), que apareceram nos últimos anos (acreditamos que se trata dos arquivos da ABNCo., que passaram a ser comercializados a partir de 2007).
Sobre o Banco do Café encontramos uma alteração nos seus estatutos pelo Decreto Executivo n° 19.792 de 25 de março de 1931 e ainda no Diário Oficial do Estado de São Paulo de 08 de dezembro de 1932, p.11, uma publicação mencionando as atividades do banco (ativo e passivo), sua sede na Rua Três de Dezembro n°14, em São Paulo. Esta publicação foi assinada pelo Diretor-Gerente – Antonio Augusto Barros Penteado e pelo Diretor Abel H. Drumond.
Fig.4 – Specimen de uma Letra hipotecaria do Banco do Café no valor de 500 mil-réis da 1ª Estampa e Série 1ª (P.S542, V.I.Lissa 679a e J.Vinicius 51). Cerca de 1929. (181 mm x 88mm).
Clique nas imagens para ampliar.
Bibliografia:
- Catálogo J. Vinicius de Cédulas do Brasil, 1982.
- Diário Oficial do Estado de São Paulo de 08 de dezembro de 1932, p.11.
- http://www6.senado.gov.br/sicon/
Autor: Marcio R. Sandoval (sterlingnumismatic@hotmail.com)
Atualização
Da letra de 100 mil-réis
Quantidade impressa: 200.000, séries de 1-4
Data da impressão pela American Bank Note Company: setembro de 1929
Cada série comportava 50.000 cédulas (Série 1:
1-50.000, série 2: 50.001-100.000, série 3: 100.001-150.000 e série 4:
150.001-200.000)
Da letra de 500 mil-réis
Quantidade impressa: 20.000, séries de 1-4
Data da impressão pela American Bank Note Company: setembro de 1929
Cada série comportava 5.000 cédulas (Série 1:
1-5.000, série 2: 5.001-10.000, série 3: 10.001-15.000 e série 4:
15.001-20.000)
Estes dados tem como base o livro: Latin American BankNote Records – American Bank Note Company Archives. Ricardo M. Magan, Firts Edition,
2005.
Publicado no Boletim da SNB (Sociedade Numismática Brasileira – São Paulo) n° 70 de 2013,
p.52-54.