© 2011 Marcio Rovere Sandoval
Fig. 1 – Detalhe da
cédula de 100 pesos da Argentina (2011) que vem sendo produzida pela Casa da
Moeda do Brasil em virtude do acordo denominado “União Transitória de Empresas
– UTE”, existentes entre a Casa da Moeda do Brasil e a Casa da Moeda da
Argentina.
Tais
cédulas são similares às produzidas anteriormente pela CdM-A, de 100 pesos,
cujo homenageado é Julio Argentino Roca.
Estampas similares vinham sendo emitidas desde 1992 (P.345), em 1999 temos a
P.351 e em 2003 a P. 357.
Inicialmente
a previsão era a produção de 140.000.000 (cento e quarenta milhões de cédulas)
de 100 pesos, mas de novembro de 2010
até final de janeiro de 2011, já haviam sido entregues cerca de 106.000.000
(cento e seis milhões) de cédulas, com a previsão de se entregar mais
50.000.000 (cinqüenta milhões) de cédulas até o final de fevereiro de 2011.
A
cédula de 100 pesos da Argentina
circula com um valor equivalente a cerca de R$40 (quarenta reais), sendo, no
momento, o maior valor em circulação no país vizinho. A Argentina vinha
enfrentando dificuldades pela falta de numerário especialmente no período de
maior consumo que é o final do ano.
Além
do atendimento realizado à Argentina, a CdM-B está produzindo cédulas para o
Paraguai e Haiti.
Para
o Paraguai existe uma previsão de entrega de cerca de 40.000.000 (quarenta milhões)
de cédulas nos valores de 5 e 10 guaranis
até o início do segundo semestre de 2011. Não encontramos referências, até o
momento, ao que tange às estampas. Estas são cédulas de pequeno valor, se
consideramos que 2,75 guaranis
equivale a aproximadamente 1 real.
No
caso do Haiti, não se trata de venda e sim de doação que ocorre no momento da reconstrução do país, que foi assolado por
um terremoto em 12 de janeiro de 2010. O valor a ser impresso é o de 20 gourdes (foram impressas 47.408.000 cédulas pela CMB). A correspondência com o real é da ordem de 25 gourdes para 1 real (2011).
Nestes
dois casos, do Paraguai e do Haiti, como ocorreu com a cédula da Argentina, é
provável que não haja produção de novas estampas, ou seja, se utilizará os
motivos das cédulas anteriormente em circulação.
Como
se trata de produtos de segurança, as empresas produtoras de papel-moeda, geralmente,
são discretas no fornecimento de informações a cerca de seus produtos, não
sendo a Casa da Moeda do Brasil (CdM-B) exceção à regra.
A
Casa da Moeda do Brasil é uma empresa mais do que centenária, foi fundada em
1694, ou seja, conta com 317 anos. Além das moedas e outros produtos de
segurança, passou a produzir cédulas para o Brasil, de maneira experimental, ainda
no Século XIX (cédulas para o Banco do Brasil a partir de 1854). Em 1970 passou
a produzir, em escala industrial, as cédulas brasileiras que antes eram
produzidas no exterior, principalmente pela companhia norte-americana American Bank Note Company (ABNCo.) e pela
Thomas de La Rue (TDLR), inglesa.
A
CdM-B adquiriu recentemente novos maquinários vindo da empresa KBA-Giori, hoje
KBA-NotaSys, de Lausane, Suíça.
A produção de cédulas
para o mercado externo nos anos 80
A
produção de cédulas para outros países por parte da Casa da Moeda do Brasil
teve início em 1984, para a Bolivia (os denominados “cheques de gerência”), Costa Rica, Equador, Peru, e Venezuela[2].
Vejamos estas emissões:
Bolívia - cheques de gerência
P.188[3]
|
$b 100.000 pesos bolivianos
|
quantidade: 20.000.000
|
1984
|
P.188
|
$b 100.000 pesos bolivianos
|
quantidade: 25.000.000
|
1985
|
P.189
|
$b 500.000 pesos bolivianos
|
quantidade: 35.000.000
|
1985
|
P.190
|
$b 1.000.000
pesos bolivianos
|
quantidade: 35.000.000
|
1985
|
P.192A
|
$b 5.000.000
pesos bolivianos
|
quantidade: 20.000.000
|
1985
|
P.192B
|
$b 10.000.000 pesos bolivianos
|
quantidade: 10.000.000
|
1985
|
Cédulas reaproveitadas através de
superimpressão
P.197
|
$b 0,10 pesos bolivianos
|
reaproveitada da P.188
|
1987
|
P.198
|
$b 0,50 pesos bolivianos
|
reaproveitada da P.189
|
1987
|
P.200
|
$b
5 pesos bolivianos
|
reaproveitada da P.192A
|
1987
|
P.201
|
$b 10
pesos bolivianos
|
Reaproveitada da P.192B
|
1987
|
Venezuela – cédulas
P.64
|
B$ 20 bolivares
|
quantidade: 80.000.000
|
1984
|
Fig. 3 – Anverso da
cédula de B$ 20 bolivares (P.64), da Venezuela, emitida em 1985 e impressa pela
Casa da Moeda do Brasil (CdM-B). À direita, temos Jose Antonio Paez.
Peru – cédulas
P.132a
|
100 intis
|
quantidade: 50.000.000
|
1984 (1985)
|
P.132b
|
100 intis
|
quantidade: 50.000.000
|
1985 (1986)
|
P.132b
|
100 intis
|
quantidade: 80.000.000
|
1986
|
P.131a
|
50
intis
|
quantidade: 50.000.000
|
1986
|
P.131b
|
50
intis
|
quantidade: 50.000.000
|
1987
|
Fig. 4 – Anverso da
cédula de 100 intis, do Peru (P.132a), emitida em 1985 e impressa pela Casa da
Moeda do Brasil (CdM-B). À direita, temos Ramon Castilla.
Costa Rica – cédulas
P.253
|
50
colones
|
quantidade: 15.000.000
|
1986 (1987-1988)
|
P.258
|
100 colones
|
quantidade:?
|
1992
|
Equador – cédulas[4]
P.125 a
|
1000 sucres
|
quantidade: 150.000.000
|
1986
|
P.125b
|
1000 sucres
|
quantidade: 100.000.000
|
1988
|
P.127a
|
10.000 sucres
|
quantidade: 100.000.000
|
1988
|
No
que tange a cédula de 1000 sucres do
Equador (P.125 a e b), o Catálogo World
Paper Money indica como impressor a Thomas
de La Rue (TDLR), da mesma forma que o faz com a P.120. No caso desta
última assiste razão ao catálogo, eis que consta na margem branca o nome do
impressor, Thomas de La Rue, o que
não se verifica no caso da P.125, que nada apresenta na margem branca.[5]
No
livro da Casa da Moeda do Brasil de Cleber Batista Gonçalves consta a
ilustração da cédula de 1000 sucres (P.125) não deixando dúvidas que a Casa da
Moeda do Brasil imprimiu esta cédula.
No
caso da cédula de 10.000 sucres (P.127) o World
Paper Money indica como impressor o Banco Central do Equador (BCdE), mas a P.127a foi impressa, efetivamente, pela Casa da Moeda do Brasil (CdM-B); prefixos AB, AC, AD, AE e AF.
Fig. 6 – Anverso da
cédula de 1000 sucres, do Equador (P.125b), emitida em 1988 e impressa pela
Casa da Moeda do Brasil (CdM-B). À esquerda, temos Riminahut. Estas cédulas não
contém a marca do impressor.
Uma interessante
coleção
Uma
coleção básica das cédulas impressas pela Casa da Moeda do Brasil (CdM-B) na
década de 80, para a Bolívia, Venezuela, Peru, Costa Rica e Equador
totalizariam 21 estampas[6].
Poderíamos
incluir ainda nesta coleção, para podermos comparar o trabalho de impressão, cédulas
similares impressas por outras empresas, conforme a tabela abaixo:
Bolívia
CdM-B
|
G&D
|
P.192A
|
P.191
|
P.192B
|
P.192
|
Obs.: Os cheques de gerência P.183 ($b 10.000
pesos bolivianos), P.184 ($b 20.000 pesos bolivianos) e P.185 ($b 50.000 pesos
bolivianos), impressos pela empresa norte-americana JBNC (Jeffries Bank Note Company), apresentam similaridades com as
cédulas impressas pela CdM-B apesar de serem de valores diferentes.
Venezuela
CdM-B
|
ABNCo.
|
TDLR
|
P.64
|
P.53 e
64A
|
P.63
|
Peru
CdM-B
|
TDLR
|
BDDK
|
P.131
|
P.130
|
|
P.132
|
P.133
|
Costa Rica
CdM-B
|
ABNCo.
|
TDLR
|
P.253
|
-
|
P.251/257
|
P.258
|
P.254/261
|
P.248
|
Equador
CdM-B
|
TDLR
|
P.125
|
P.120
|
P.127a
|
Empresas
impressoras de papel-moeda mencionadas nesta matéria:
Fig.7 – Marca da Casa da Moeda do Brasil no
reverso da cédula de 50 intis do Peru (P.131b) de 1987.
Bibliografia:
Gonçalves,
Cleber Batista. Casa da Moeda do Brasil. 1989 Ano do Centenário da República.
Rio de Janeiro: Casa da Moeda do Brasil, 2ª edição, 1989.
CUHAJ, Georg S. Standard Catalog of World Paper
Money. Modern Issues 1961-Present. Iola: Krause Publications, 15 th edition,
2009.
Sobre este mesmo assunto veja a atualização: "CASA DA MOEDA DO BRASIL – PRODUÇÃO DE CÉDULAS PARA O MERCADO EXTERNO (QUADRO GERAL)"
Sobre este mesmo assunto veja a atualização: "CASA DA MOEDA DO BRASIL – PRODUÇÃO DE CÉDULAS PARA O MERCADO EXTERNO (QUADRO GERAL)"
Autor: Marcio R. Sandoval (sterlingnumismatic@hotmail.com)
Matéria
publicada originalmente no Boletim n° 64 da
Associacão Filatélica e Numismática de Santa Catarina (AFSC) em agosto de 2011.
© 2011 Marcio R. Sandoval
[1] A sigla da Casa da Moeda do Brasil
é CMB, aqui empregamos a sigla utilizada pela World Paper Money, CdM-B, para diferenciá-la da Casa da Moeda da
Argentina (CdM-A).
[2] As que temos conhecimento.
[4] O Equador adotou o dólar americano em setembro de 2000, sendo que as últimas emissões
em sucres são de 1999.
[5] Neste caso pode ser que a Thomas de La Rue tenha fornecido parte das cédulas e as outras
tenham sido fornecidas por outras companhias entre elas a Casa da Moeda do
Brasil.
[6] Poderíamos ainda aumentar este número incluindo
ai os “specimen” ou cédulas modelo,
os de erros de impressão, variações nas cores (porventura existentes), etc.