A padronização do
Mil-Réis
(1918-1942)
© 2015 Marcio Rovere Sandoval
Figura 1 – Gravura do Barão do Rio Branco (1845-1912), gravado por Robert Savage (1868-1943) da American Bank Note Company (ABNCo.) s/d. Esta gravura foi utilizada pela primeira vez na cédula de 5$000 réis de 1913 (P.24; R095).
Introdução
Até
1942 o Brasil utilizou como padrão monetário o Real, consubstanciado no seu
múltiplo, o Mil-Réis. Quando da mudança da unidade monetária em 1942, as
argumentações utilizadas para a substituição do Mil-Réis pelo Cruzeiro foram
entre outras: que o antigo sistema não
atendia o principio da singularidade, eis que a unidade monetária se compunha
de mil unidades, sendo incompatível com o sistema decimal, já adotado pelo
Brasil em 1862; que não havia uniformização dos tipos de cédulas, eis que
existiam 62 tipos em circulação em 10 valores e que ainda não havia
padronização de tamanho, ocorrendo que mesmo cédulas do mesmo valor
apresentavam dimensões distintas.
Assim,
o sistema foi considerado vetusto necessitando ser substituído. Observando
aqueles 62 tipos, a primeira vista, dificilmente se tem uma noção de conjunto,
ainda mais se observarmos pela forma (classificação por valores) estabelecida
pelos catálogos ([1]).
Devemos
ainda considerar que naquela época as cédulas haviam sido emitidas por órgãos
distintos, tanto pelo próprio Tesouro como pelo Banco do Brasil e pela Caixa de
Estabilização.
A
uniformização dos tipos de cédulas viria com o novo padrão, ou seja, com o
Cruzeiro, que emitiu cédulas próprias a partir de 1943.
Afinal,
as cédulas do mil-réis teriam sido emitidas sem um ordenamento lógico como
afirmavam os defensores da reforma? Ou isto foi apenas uma pretexto a mais para
implementar a mudança do padrão?
Analisando
a questão verificamos que a partir de 1918 até 1942 ([2]), as
cédulas seguiam uma padronização bem definida, conforme as empresas que
realizavam a impressão. O sistema deixava a desejar apenas pela falta de
praticidade em virtude de não ser decimal e ainda pelo fato do Governo não
desmonetizar as estampas antigas, fato este que persistiria mesmo com o advento
do Cruzeiro, como veremos.
A Uniformização dos tipos de cédulas
Em
1941 segundo procedimentos administrativos da Caixa de Amortização verificou-se
a necessidade, apesar do período de Guerra, de se alterar o padrão monetário do
Mil-Réis para o Cruzeiro. Vejamos o que nos informa F. dos Santos Trigueiros:
“...em janeiro de 1941, o então
Diretor da Caixa de Amortização, Gladstone Rodrigues Flores, informando um
processo de sua repartição, encaminhou-o à Junta Administrativa, sugerindo a
adoção do Cruzeiro. Estava a Junta promovendo uma concorrência para encomenda
de novas estampas de papel-moeda, com o fim de uniformizar os tipos de cédulas
e pareceu-lhe oportuna a modificação do padrão vigente, pois a disparidade de tamanho
existia até entre cédulas do mesmo valor. Quando a nova unidade surgiu,
tínhamos em circulação cinqüenta e seis tipos de notas ([3]), sendo
35 do Tesouro, 14 do Banco do Brasil e 7 da extinta Caixa de Amortização.” (in,
Dinheiro no Brasil. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial Ltda., 2ª Edição,
1987, p.192). (grifo nosso).
Como
se sabe, desde o Império, as cédulas brasileiras vinham sendo produzidas no
exterior, situação esta que se manteria praticamente inalterada até 1970.
Apenas na década de 80 passamos também a produzir o papel de impressão que
antes era importado.
Mudar
o padrão e uniformizar os tipos de cédulas, que era um argumento oportuno,
escondia na verdade uma falha governamental, qual seja, o não recolhimento das
estampas antigas que continuavam em circulação, mesmo aquelas emitidas no
inicio do século.
Uma análise das espécies circulantes em 1942
anteriores à reforma do padrão
Como
vimos, em 1942 tínhamos 62 tipos de cédulas em circulação em 10 valores (1, 2,
5, 10, 20, 50, 100, 200, 500 mil réis e 1 conto de réis ([4]). Com
exceção das cédulas impressas pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro (CMRJ),
todas haviam sido impressas no exterior, por três empresas distintas, são elas:
American Bank Note Company (ABNCo.) de Nova York, Cartiere P. Milani (CPM) de Milão ([5]) e Wartelow & Sons limited (W&S) de
Londres.
Para
ficarmos em um só exemplo, vejamos as cédulas de 1$000 réis circulantes em
1942:
Cédulas emitidas pelo Tesouro Nacional:
2. 1$000 (1919 - 1950) – 10ª estampa – ABNCo. (148 mm X 68 mm ) R077; P.6
3. 1$000 (1920 - 1950) – 11ª estampa – CMBRJ (126 mm X 62 mm ) R078; P.7
4. 1$000 (1921 - 1950) – 12ª estampa – CMBRJ (144 mm X 70 mm ) R079; P.8
5. 1$000 (1923 - 1950) – 13ª estampa – CMBRJ (137 mm X 70 mm ) R080; P.9
Cédulas emitidas pelo Banco do Brasil:
6. 1$000 (1923 - 1955) – 1ª estampa – ABNCo. (123 mm X 62 mm ) R193; P.110B
Podemos
constatar que havia 6 tipos de cédulas de 1$000 réis em circulação em 1942,
impressas por duas empresas, a ABNCo.
e a CMRJ. Todas com dimensões distintas e com motivos diferentes, a exceção das
impressas pela CMRJ em que todas homenageavam David Campista. Da cédula de 10
mil-réis existiam 9 tipos...
Vejamos
o que cada empresa produziu durante este período (1918-1942).
A
partir das cédulas de 10$000 (14ª estampa), 100$000 (14ª estampa) e 500$000 (12ªestampa), todas impressas pela ABNCo. e emitidas pelo Tesouro Nacional em 1918,
temos a padronização das cédulas impressas por aquela empresa, que seguirá o
mesmo feitio até a última estampa, qual seja, a da cédula de 500 mil-réis da15ª estampa (1931-1955). Este mesmo visual elaborado pela ABNCo. a partir de
1918 teve ainda continuidade nas novas cédulas do cruzeiro, emitidas a partir
de 1943.
Figura
2
– Specimen da cédula de 10 mil-réis
da 14ª estampa (1918-1950), R107s; P.36, (171 mm X 80 mm ), impressa pela American Bank Note Company (ABNCo.) para
o Tesouro Nacional, cujo homenageado é Campos Salles (*). Esta foi uma das
primeiras cédulas emitidas desta “família” que teve inicio em 1918 e que
manteve as mesmas linhas gerais até a última concepção em 1931-42, da cédula de
500 mil-réis da 15ª estampa (1931-1955).
(*) Manoel Ferraz de Campos
Salles, Presidente da República de 1898 a 1902
As
características comuns do anverso destas cédulas são: estampa em azul sobre
fundo policrômico e um medalhão central com a efígie de um homenageado. É
interessante notar que as dimensões aumentavam conforme o valor da cédula,
ajudando na identificação e dificultado o trabalho dos falsários.
São 15 estampas em 9 valores, vejamos:
1. 1$000 (1919 - 1950) – 10ª estampa – ABNCo. (148 mm X 68 mm ) R077; P.6
2. 2$000 (1919 - 1950) – 12ª estampa – ABNCo. (150 mm X 68 mm ) R085; P.14
3. 5$000 (1924 - 1950) – 19ª estampa – ABNCo. (162 mm X 74 mm ) R100; P.29
4. 10$000 (1918 - 1950) – 14ª estampa – ABNCo.
(171 mm
X 80 mm )
R107; P.36
5. 10$000 (1924 - 1955) – 17ª estampa – ABNCo.(170 mm
X 80 mm )
R110; P.39
6. 20$000 (1919 - 1950) – 14ª estampa – ABNCo.
(180 mm
X 83 mm )
R117; P.46
7. 20$000 (1924 - 1955) – 16ª estampa – ABNCo.(180 mm
X 83 mm )
R119; P.48
8. 50$000 (1924 - 1949) – 16ª estampa – ABNCo.(180 mm
X 83 mm )
R129; P.58
9. 100$000 (1918 - 1950) – 14ª estampa – ABNCo.
(186 mm
X 86 mm )
R139; P.68
10. 100$000 (1924 - 1953) – 16ª estampa –ABNCo. (186 mm
X 85 mm )
R141; P.70
11. 200$000 (1919 - 1950) – 14ª estampa –ABNCo. (189 mm
X 89 mm )
R150; P.79
12. 200$000 (1924 - 1955) – 16ª estampa –ABNCo. (189 mm
X 87 mm )
R152 P.81
13. 500$000 (1918 - 1949) – 12ª estampa –ABNCo. (193 mm
X 89 mm )
R160; P.89
14. 500$000 (1924 - 1950) – 14ª estampa –ABNCo. (193 mm
X 89 mm )
R162; P.91
15. 500$000 (1931 - 1955) – 15ª estampa –ABNCo. (193 mm
X 89 mm )
R163; P.92
No
reverso destas cédulas já predomina os motivos nacionais exclusivos, com
exceção da Alegoria do Comércio e de Minerva, presentes nas cédulas de 5$000réis (de 1924) e na de 20$000 réis (de 1919 e 1924), respectivamente. Nestes
casos, estes motivos constam de outros produtos (cédulas, certificado de ações,
etc.) impressos pela ABNCo. para outros países.
Figura
3
– Specimen da cédula de 5 mil-réis da
19ª estampa (1924-1950), R100s; P.29, (162 mm X 74 mm ), impressa pela American Bank Note Compnay (ABNCo.) para o Tesouro Nacional, cujo
homenageado é o Barão do Rio Branco(*). Esta cédula guarda grandes similitudes
com a de 5 mil-réis da 14ª estampa de 1913, quando se utilizou pela primeira
vez a imagem do medalhão (figura 1).
(*) José Maria da Silva
Paranhos Júnior (1845-1912), Cônsul Geral do Brasil em Liverpool (1876 a 1893) e Ministro das
Relações Exteriores (1902-1912), entre outros.
Figura 4 – Na seqüência dos medalhões que ornam o anverso das cédulas temos da esquerda para a direita: Regente Feijó (1$000 réis de 1919), Marquês de Olinda (2$000réis de 1919), Barão do Rio Branco (5$000 réis de 1924), Campos Salles (10$000 de 1918 e 1924) e Deodoro da Fonseca (20$000 de 1919 e 1924).
Figura
5 –
Na seqüência dos medalhões que ornam o anverso das cédulas temos da esquerda
para a direita: Artur Bernardes (50$000 réis de 1924), Afonso Pena (100$000
réis de 1918 e 1924), Prudente de Morais (200$000 réis de 1919 e 1924), José
Bonifácio (500$000 de 1918 e 1924) e Floriano Peixoto (500$000 de 1931).
Dos
motivos nacionais temos: A Avenida Beira Mar no Rio de Janeiro (10$000 réis de1918 e 1924), A Vista do Flamengo, do Catete e do Largo do Machado, também no
Rio de Janeiro (100$000 réis 1918 e 1924), o Palácio Monroe, antiga sede do
Senado, no Rio de Janeiro (200$000 réis de 1919 e 1924) e finalmente o Brasão
da República (500$000 réis 1918, 1924 e 1931).
As
cédulas impressas pela ABNCo. representavam a maior parte da circulação. Destas
15 estampas foram impressas cerca de 279.900.000 cédulas ([7]) entre
1918 e 1942.
Figura
6 –
Detalhe do reverso da cédula de 100$000 réis da 16ª estampa (1924-1953), R141;
P.70, com Vista do Flamengo, do Catete e do Largo do Machado no Rio de Janeiro.
A cédula de 100$000 réis da 14ª estampa de 1918 traz a mesma vista na cor
sépia.
A família xilográfica impressa pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro (CMRJ)
Nos
anos 20, a
Casa da Moeda do Rio de Janeiro imprimiu várias estampas para o Tesouro
Nacional pelo processo xilográfico. Pela quantidade de estampas e de cédulas
produzidas, esta iniciativa talvez se tenha constituído na mais ousada
tentativa de se produzir o papel-moeda no Brasil antes dos anos 70.
A
xilografia é um processo de gravação feito a mão sobre madeira e que
possibilita a reprodução da imagem gravada sobre papel ou outro suporte
adequado. No caso do papel-moeda, a madeira gravada era submetida ao processo
da galvanoplastia (recobrimento metálico) obtendo-se, assim, uma matriz do que
se pretendia imprimir.
Este
processo quase artesanal foi utilizado na época pela CMBRJ por não se ter o know-how na produção de papel-moeda por
processos mais modernos como a calcografia ou talho doce (gravura em chapa de
metal) utilizado pelos grandes impressores, como a American Bank Note Company, desde o Século XIX. Registra-se que se
tratava de uma indústria altamente especializada e que até os anos 60 existiam
no mundo apenas cerca de vinte fabricantes.
A
produção da Casa da Moeda do Rio de Janeiro, nos anos 20, pode ser considerada
como experimental ([8])
e que se destinava, sobretudo, a complementar o meio circulante composto
principalmente de cédulas impressas no exterior.
Figura
7 – Specimen da cédula de 2mil-réis da 15ª estampa (1923-1950), R088; P.17, (143 mm X 71 mm), impressa pelo método
xilográfico pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro (CMRJ) para o Tesouro
Nacional, cujo homenageado é Joaquim Murtinho (*). Estas cédulas impressas pela
CMRJ foram emitidas pelo Tesouro Nacional entre os anos de 1920 e 1924, num
total de 17 estampas em 10 valores.
(*) Joaquim Duarte Murtinho (1848-1911) Ministro da Fazenda de Campos Salles.
Figura
8 – Na
seqüência dos medalhões que ornam o anverso das cédulas temos da esquerda para
a direita: David Campista (1$000 réis de 1920), novamente David Campista (1$000
réis de 1921), Joaquim Murtinho (2$000 réis de 1920) e novamente Joaquim
Murtinho (2$000 réis de 1921), curiosamente mais jovem.
Figura 9 – Na seqüência dos medalhões que ornam o anverso das cédulas temos da esquerda para a direita: Rodrigues Alves (5$000 réis de 1922), Sabino Alves Barroso Jr. (10$000 réis de 1924) e Ruy Barbosa (100$000 réis de 1924).
Foram
produzidas pelo método xilográfico pela CMRJ 17 estampas em 10 valores,
totalizando 34.850.000 cédulas, ou seja, aproximadamente 10% da produção da
ABNCo. para o Brasil, entre 1918 e 1942, vejamos:
1. 1$000réis (1920-1950) – 11ª estampa – CMRJ (126 mm X 62 mm ) R078; P.7
2. 1$000réis (1921-1950) – 12ª estampa – CMRJ (144 mm X 70 mm ) R079; P.8
3. 1$000réis (1923-1950) – 13ª estampa – CMRJ (137 mm X 70 mm ) R080; P.9
4. 2$000
réis (1920-1950) – 13ª estampa – CMRJ (147 mm X 74 mm ) R086; P.15
5. 2$000réis (1921-1950) – 14ª estampa – CMRJ(146 mm X 72 mm ) R087; P.16
6. 2$000réis (1923-1950) – 15ª estampa – CMRJ (143 mm X 71 mm ) R088; P.17
7. 5$000
réis (1920-1932) – 16ª estampa – CMRJ (157 mm X 75 mm ) R097; P.26
8. 5$000
réis (1922-1932) – 17ª estampa – CMRJ (155mm X 76 mm ) R098; P.27
9. 5$000réis (1923-1932) – 18ª estampa – CMRJ (153 mm X 73 mm ) R099; P.28
10. 10$000réis (1923-1932) – 15ª estampa – CMRJ (172 mm X 86 mm ) R108; P. 37
11. 10$000
réis (1924-1949) – 16ª estampa – CMRJ (167 mm X 84 mm ) R109; P.38
12. 20$000
réis (1923-1932) – 15ª estampa – CMRJ (167 mm X 82 mm ) R118; P.47
13. 50$000
réis (1923-1949) – 15ª estampa – CMRJ (174 mm X 86 mm ) R128; P.56
14. 100$000
réis (1924-1932) – 15ª estampa – CMRJ (180 mm X 90 mm ) R140; P.69
15. 200$000
réis (1922-1932) – 15ª estampa – CMRJ (184 mm X 90 mm ) R151; P.80
16. 500$000
réis (1924-1932) – 13ª estampa – CMRJ (183 mm X 90 mm ) R161; P.90
17. 1.000$000
réis (1921-1950) – 1ª estampa – CMRJ (200 mm X 93 mm ) R164; P.93
Figura
10 –
Alegoria da Agricultura, detalhe que orna o anverso da cédula de 10$000 réis de1923 (15ª estampa) impressa pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro pelo método
xilográfico. Esta cédula circulou por nove anos e foi desmonetizada em 1932.
Não
encontramos ainda os motivos que levaram o Tesouro Nacional a desmonetizar
quase a metade das estampas impressas pela CMRJ em 1932. Falsificação
excessiva? Desgaste anormal? Boa parte delas sofreu falsificação, mas as da
ABNCo. também foram falsificadas apesar de utilizarem métodos mais
aperfeiçoados.
A família de 1936
impressa pela Waterlow & Sons deLondres (W&S)
Em
1936 a
empresa inglesa Waterlow & Sons(W&S) ([9])
de Londres imprimiu para o Tesouro Nacional três valores, 50, 100 e 200
mil-réis. Uma característica marcante destes valores impressos pela W&S é o
fato de apresentarem, além da numeração arábica tradicional, o valor da cédula
em algarismos romanos, ou seja, 50 (L), 100 (C) e 200 (CC).
Figura 11 – Specimen da cédula de 50 mil-réis da 17ª estampa (1936-1952), R130s; P.59, (
(*) Prefeito do antigo
Distrito Federal (1901-1902).
Foram
impressas 18.100.000 cédulas dos três valores indicados e todas foram
desmonetizadas em 1952, vejamos:
1. 50$000 (1936 - 1952) – 17ª estampa – W&S
(139 mm
X 78 mm )
R130; P.59
2. 100$000 (1936 - 1952) – 17ª estampa –
W&S (148 mm
X 76 mm )
R142; P.71
3. 200$000 (1936 - 1952) – 17ª estampa –
W&S (156 mm
X 79 mm )
R153; P.82
Figura
12 – Os três homenageados nas cédulas impressas pela W&S, da esquerda
para direita temos: Xavier da Silveira (50 mil-réis), Santos Dumont (100
mil-réis) e Saldanha Marinho (200 mil-réis).
Figura
13 – Reverso da cédula de 200 mil-réis com vista do Flamengo e Jardins da
Glória no Rio de Janeiro.
A
cédula de 50 mil-réis da 17ª estampa da W&S foi reaproveitada para as
primeiras emissões do cruzeiro em 1942 recebendo uma dupla superimpressão em
forma de rosácea, com os seguintes dizeres: CASA DA MOEDA – 50 CRUZEIROS. Foram
aproveitadas um pouco mais de 700.000 cédulas, das séries 79/86 e algumas da
série 42. Esta é uma das cédulas mais escassas da coleção brasileira.
A família do Banco
do Brasil impressa pela American Bank
Note Company (ABNCo.) de Nova York
Em 1923 foi o Banco do Brasil
novamente autorizado a emitir ([10]), seria
a última vez e por um breve período, apenas três anos. Foram emitidas cédulas
impressas pela ABNCo. nos valores de 1, 2, 5, 10, 20, 50, 100, 200, 500
mil-réis e 1 conto de réis, cédulas estas da 1ª estampa, todas emitidas em
1923.
Em
1926 o Governo Federal assumiu as emissões do Banco do Brasil e criou o Caixa
de Estabilização na tentativa de uma reforma monetária que não logrou êxito.
Em
1930, em virtude da Revolução, o Banco do Brasil foi autorizado a fazer uma
emissão de emergência, surge daí as cédulas da 2ª estampa, também impressas
pela ABNCo.; os valores emitidos foram: 5, 10, 20 e 50 mil-réis.
A
ABNCo. imprimiu para o Banco do Brasil cerca de 108.750.000 cédulas, sendo 14 estampas
em 10 valores.
Todas
estas cédulas seguem um mesmo padrão, no entanto, o Banco do Brasil utilizou
para as primeiras emissões, cédulas cedidas pelo Tesouro Nacional nos valores
de 500$000 réis e 1 conto de réis, ambas da 1ª estampa impressas pela CMBRJ.
Figura
14 – Specimen da cédula de 1
conto do réis da 1ª estampa (1923-1955), R202s: P.123 (185 mm X 81 mm ), impressa pela ABNCo.
para o Banco do Brasil, cujo homenageado é D. Pedro I. No reverso temos um
painel com quadro de Pedro Américo “Independência ou Morte” (O Grito do
Ipiranga). Este mesmo tema foi retomado na cédula de 200 cruzeiros de 1943
(C037-43).
Figura
15 –
Na seqüência dos medalhões que ornam o anverso das cédulas temos da esquerda
para a direita: Campos Salles (1$000 réis de 1923), Prudente de Morais (2$000réis de 1923), Barão do Rio Branco (5$000 réis de 1923), Sampaio Vidal (10$000de 1923) e Artur Bernardes (20$000 de 1923).
Figura
16 e 17 – Na seqüência dos medalhões que ornam o anverso das cédulas temos da
esquerda para a direita: Deodoro da Fonseca (50$000 réis de 1923), Regente
Feijó (100$000 réis de 1923), D. Pedro II (200$000 réis de 1923), José
Bonifácio (500$000 de 1923), D. Pedro I (1.000$000 réis de 1923), Rodrigues
Alves (10$000 réis de 1930) e o Marquês de Olinda (50$000 réis de 1930).
Banco do Brasil (4°)
(CMBRJ)
1. 500$000 réis (1923-1924) – 1ª estampa – CMRJ
(185 mm
X 90 mm )
R191; P.110
2. 1.000$000 réis (1923-1924?) – 1ª estampa –
CMRJ (200 mm
X 93 mm )
R192; P110A
(ABNCo.)
1. 1$000 réis (1923-1955) – 1ª estampa – ABNCo.
(123 mm
X 62 mm )
R193; P.110
2. 2$000 réis (1923-1955) – 1ª estampa – ABNCo.(125 mm
X 64 mm )
R194; P.111
3. 5$000 réis (1923-1955) – 1ª estampa – ABNCo.(130 mm
X 70 mm )
R195; P.112
4. 10$000 réis (1923-1955) – 1ª estampa –ABNCo. (138 mm
X 71 mm )
R196; P.114
5. 20$000 réis (1923-1955) – 1ª estampa –ABNCo. (145 mm
X 75 mm )
R197; P.116
6. 50$000 réis (1923-1955) – 1ª estampa – ABNCo.
(154 mm
X 75 mm )
R198; P.118
7. 100$000 réis (1923-1955) – 1ª estampa –ABNCo. (162 mm
X 79 mm )
R199; P.120
8. 200$000 réis (1923-1955) – 1ª estampa – ABNCo.
(169 mm
X 79 mm )
R200; P.121
9. 500$000 réis (1923-1955) – 1ª estampa –ABNCo. (177 mm
X 81 mm )
R201; P.122
10. 1.000$000 réis (1923-1955) – 1ª estampaABNCo. (185 mm
X 81 mm )
R202; P.123
11. 5$000 réis (1930-1955) – 2ª estampa ABNCo.
(130 mmX 70 mm )
R203; P.113
12. 10$000 réis (1930-1955) – 2ª estampa ABNCo.(137 mm
X 72 mm )
R204; P.115
13. 20$000 réis (1930-1955) – 2ª estampa ABNCo.
(146 mm
X 75 mm )
R205; P.117
14. 50$000 réis (1930-1955) – 2ª estampa ABNCo.
(153 mm
X 76 mm )
R206; P.119
A
emissão do Banco do Brasil foi toda desmonetizada em 1955 e se constituiu,
segundo Trigueiros, na série mais bem acabada do mil-réis, tanto no que diz
respeito às características de segurança (foi das cédulas do mil-réis as de
menor índice de falsificação), quanto ao fato das cédulas evoluírem em tamanho
em proporção ao valor, facilitando a identificação e dificultando a adulteração
e falsificação. O nome do Brasil foi escrito corretamente, com “S”, enquanto as
cédulas do Tesouro Nacional continuariam com “Z” até 1932. Nesta série foram
homenageados 12 personalidades históricas (Fig.14, 15 e 16) e todos os reversos
apresentam motivos nacionais.
Figura
18 – Reverso da cédula de 20 mil-réis (R197; P.116) com vista do Palácio da
Liberdade em Belo Horizonte, no anverso desta cédula temos Artur Bernardes,
nascido em 1875, na cidade de Viçosa em Minas Gerais.
A família da Caixa
de Estabilização impressa pela American
Bank Note Company (ABNCo.) de Nova York
Figura
19 – Specimen do bilhete de 1
conto do réis da 1ª estampa (1927-1951), R190s: P.109 (193 mm X 92 mm ), impressa pela ABNCo.
para a Caixa de Estabilização, no medalhão temos um rosto de mulher (alegoria)
realizada pelo gravador Sukeichi Oyama,
da ABNCo., com base na pintura de Paul Thumann's – "The Fates" (*).
(*) Veja sobre este assunto o artigo “Joaquim Murtinho e o caso da Cédula de 2 mil-réis de 1900” de nossa autoria, publicado no Boletim daAFSC n°63, de março de 2011, p.4-19.
A
Caixa de Estabilização foi criada pelo Decreto n°5.108 de 18 de dezembro de
1926, que tinha como objetivo uma reforma monetária, que visava a criação do
Cruzeiro e a conversibilidade de todo o papel-moeda em circulação, em ouro, na
base de 2 gramas para 10$000 réis.
Inicialmente foram utilizadas
cédulas aproveitadas do Tesouro Nacional, todas impressas pela ABNCo., quais
sejam: 10$000 réis da 17ª estampa, 20$000 réis da 16ª estampa, 50$000 réis da16ª estampa, 100$000 réis da 16ª estampa, 200$000 réis da 16ª estampa e 500$000réis da 14ª estampa.
Os
bilhetes apresentavam uma superimpressão onde se lê: “A
CAIXA DE ESTABILIZAÇÃO pagará ao portador, à vista, no Rio de Janeiro, em ouro,
conforme a Lei nº 5108, de 18 de dezembro de 1926,
a quantia de (...) VALOR RECEBIDO
EM OURO”.
Figura
20
– Detalhe do bilhete de 50$000 réis da 16ª estampa (1926-1951), R180; P.109C (180 mm X 83 mm ), impressa pela ABNCo.
inicialmente para o Tesouro Nacional (R129; P.58) e aproveitado pela Caixa de
Estabilização através da superimpressão que vemos no detalhe acima.
Os
bilhetes próprios da Caixa de Estabilização foram emitidos em 1927, impressos
também pela ABNCo. e traziam, todos eles, no anverso o mesmo rosto de mulher do
reverso da cédula de 100$000 réis (R106: P.65) de 1909. Esta efígie é obra do
gravador Sukeichi Oyama, da ABNCo.,
com base na pintura de Paul Thumann's – "The Fates" (Fig.19).
A
efígie enigmática de mulher apresenta pequenas variações segundo os valores. As
chancelas também apresentam variações que ainda não encontram reflexo nos
catálogos.
Figura
21 –
Reverso do bilhete de 100$000 réis da Caixa de Estabilização (1927-1951) R187;
P.106 (187 mm
X 85 mm ).
O prédio representado que se situa na Avenida Rio Branco no Rio de Janeiro,
serviu a Caixa de Estabilização de 1926 a 1930 e hoje abriga o Departamento do
Meio Circulante (MECIR) do Banco Central.
Figura
22 –
Reverso do bilhete de 500$000 réis da Caixa de Estabilização (1927-1951) R189;
P.108 (192 mm
X 91 mm ).
Representação do quadro de Victor Meirelles de 1872, intitulado “Combate Naval do Riachuelo” (420 cm X 820 cm ), batalha da Guerra
do Paraguai, que se encontra no Museu Histórico Nacional no Rio de janeiro.
Caixa de Estabilização
Aproveitadas do Tesouro Nacional
1. 10$000 (1926 - 1951) – 17ª estampa – ABNCo.
(171 mm
X 80 mm )
R178; P.109A
2. 20$000 (1926 - 1951) – 16ª estampa – ABNCo.
(180 mm
X 83 mm )
R179; P.109B
3. 50$000 (1926 - 1951) – 16ª estampa – ABNCo.
(180 mm
X 83 mm )
R180; P.109C
4. 100$000 (1926 - 1951) – 16ª estampa – ABNCo.
(186 mm
X 85 mm )
R181; P.109D
5. 200$000 (1926 - 1951) – 16ª estampa – ABNCo.
(189 mm
X 87 mm )
R182; P.109E
6. 500$000 (1926 - 1951) – 14ª estampa – ABNCo.
(193 mm
X 89 mm )
R183; P.109F
Próprias da Caixa de Estabilização
1. 10$000 (1927 - 1951) – 1ª estampa – ABNCo. (170 mm X 80 mm ) R184; P.103
2. 20$000 (1927 - 1951) – 1ª estampa – ABNCo. (180 mm X 85 mm ) R185; P.104
3. 50$000 (1927 - 1951) – 1ª estampa – ABNCo. (182 mm X 85 mm ) R186; P.105
4. 100$000 (1927 - 1951) – 1ª estampa – ABNCo.
(187 mm
X 85 mm )
R187; P.106
5. 200$000 (1927 - 1951) – 1ª estampa – ABNCo.
(188 mm
X 90 mm )
R188; P.107
6. 500$000 (1927 - 1951) – 1ª estampa – ABNCo.(192 mm
X 91 mm )
R189; P.108
7. 1.000$000 (1927 - 1951) – 1ª estampa –ABNCo. (193 mm
X 92 mm )
R190; P.109
Com
a crise mundial de 1929 foram necessários apenas alguns meses para que as
reservas metálicas da Caixa de Estabilização se esgotassem e inviabilizassem o
êxito da reforma. O Decreto n° 19.423 de 11 de novembro de 1930 encerrou suas
atividades. Seus bilhetes continuaram em circulação e puderam ser trocados com
ágio pelo Banco do Brasil até 1951 (Decreto n° 20.621 de 7 de novembro de
1931).
Foram
impressas cerca de 66.200.000 cédulas próprias para a Caixa de Estabilização e
cerca de 700.000 aproveitadas do Tesouro Nacional.
Conclusão
Em
1942 tínhamos em circulação 62 cédulas do mil-réis (estampas) em 10 valores.
Das cédulas que seguem um padrão definido, ou seja, apresentam características
comuns e que foram emitidas a partir de 1918, temos:
- As cédulas impressas pela ABNCo. para o Tesouro Nacional composta de 15
estampas em 9 valores (1918-1942).
- Os bilhetes impressos pela ABNCo. para a Caixa de Estabilização composta de 13 estampas em 7 valores (1926-1927).
- Os bilhetes impressos pela ABNCo. para o Banco do Brasil composta de 14
estampas em 10 valores (1923-1930).
- As cédulas impressas pela CMRJ para o Tesouro Nacional composta de 9
estampas em 5 valores (1920-1924).([11])
- As cédulas impressas pela W&S para o Tesouro Nacional composta de 3
estampas em 3 valores (1936)
Foram
emitidas 62 estampas de maneira ordenada (acima temos 54 já que 8 cédulas da
CMRJ foram desmonetizadas em 1932). Como vimos, tínhamos, também, 62 estampas
em 1942, composta destas 54 que circulavam somadas as 8 estampas que não fazem
parte destas famílias (6 estampas da ABNCo e 2 da CPM), compondo as 62 estampas
em circulação (coincidência numérica).
Naquele
mesmo ano de 1942 com o surgimento do Cruzeiro foram aproveitadas 8 cédulas do
mil-réis através da utilização da dupla superimpressão, aumentando para 70 os
tipos de cédulas em circulação.
Em
1943 e 1944 foram lançadas as novas cédulas do Cruzeiro (de aspecto e dimensões
padronizadas), em 10 estampas e 10 valores, impressas pela ABNCo., aumentando
para 80 tipos as cédulas em circulação. Em 1948 surge a cédula de 500 cruzeiros
da 2ª estampa impressa pela Thomas de La
Rue de Londres (TDLR), seguida em 1949 das cédulas de 50, 100, 200 e 1000
cruzeiros. Temos assim, 85 estampas em circulação em 1949.
Em
1950 três antigas cédulas do mil-réis saem de circulação e temos mais três
novas cédulas do cruzeiro da 2ª estampa, permanecendo 85 estampas em
circulação, pensamos ser este o maior número de cédulas em circulação.
Em
1955, data em que todas as cédulas do mil-réis foram desmonetizadas, ainda havia
18 estampas deste padrão em circulação.
Assim,
o Governo substitui o padrão como era necessário, mas deixou as antigas
estampas em circulação por mais de uma década e não é sem motivo que as cédulas
do mil-réis são mal conservadas, eis que circularam a exaustão.
A
disparidade de tamanho das cédulas, tanto mencionada nas justificativas para a
substituição do sistema acabou por prevalecer em muitas ocasiões nos padrões
posteriores ao mil-réis, apesar de não ser a solução mais adequada. Nas atuais
cédulas do real podemos notar que elas evoluem em tamanho em proporção ao
valor, como mencionava Trigueiros em relação às cédulas do Banco do
Brasil.
O
antigo sistema seguiu um padrão bem definido, que pode ser observado na
classificação das cédulas conforme o impressor, assim temos as cédulas do
Tesouro Nacional (impressas pela ABNCo., CMRJ e W&S), as cédulas do Banco
do Brasil (impressas pela ABNCo.) e as cédulas da Caixa de Estabilização
(impressas pela ABNCo.).
Figura
23 –
Detalhe do reverso da cédula de 5$000 réis (1924 - 1950) – 19ª estampa – ABNCo.
(162 mm
X 74 mm )
R100; P.29. Alegoria da Indústria e do
Comércio.
Durante
este período (1918-1942), as cédulas do Tesouro Nacional constituíam o grosso
da circulação, diríamos a principal e as outras foram projetos que não tiveram
seguimento (emissões do Banco do Brasil e da Caixa de Estabilização).
As
cédulas impressas pela CMRJ foram feitas de forma experimental e se destinavam
a complementar as cédulas impressas no exterior.
Quando
da mudança do padrão em 1942, na prática, foram cortados os zeros, eis que os
valores continuaram os mesmos, sem os zeros, sendo o sistema apenas
simplificado. A aparência das cédulas também foi mantida, anverso em azul.
Bibliografia:
- Casa da Moeda do
Brasil. Cleber Baptista Gonçalves. Rio de Janeiro: Casa da Moeda do Brasil, 2ª
edição, 1989.
- Catálogo do papel-moeda do Brasil 1771-1986, emissões oficiais, bancárias e regionais. Violo Ídolo Lissa. Brasília: Editora Gráfica Brasiliense, 3ª edição, 1987.
- Catálogo do papel-moeda do Brasil 1771-1986, emissões oficiais, bancárias e regionais. Violo Ídolo Lissa. Brasília: Editora Gráfica Brasiliense, 3ª edição, 1987.
- Catálogo J. Vinicius
de Cédulas do Brasil. J. Vinicius 1982.
- Cédulas Brasileiras da República.
Emissões do Tesouro Nacional. F. Dos Santos Trigueiros (org.). Rio de Janeiro:
Banco do Brasil. 1965.
- Cédulas do Brasil 1833 a 2011. Claudio Patrick Amato, Irlei Soares
das Neves, Julio Ernesto Schütz, 5ª edição, 2011.
- Diário Oficial da União, diversos.
- Editais da Caixa de Amortização, diversos números entre 1918 e 1955.
- Editais da Caixa de Amortização, diversos números entre 1918 e 1955.
- Dinheiro no Brasil.
F. dos Santos Trigueiros, Leo Cristiano Editorial Ltda., 2ª edição, 1987.
- Iconografia do Meio
Circulante, Banco Central do Brasil, 1972.
- Os Bancos Centrais. Augusto F.R. Magalhães, Rio de
Janeiro, A Casa do Livro, 1971.
- Standart
Catalog of World Paper Money – General Issues (1368-1960), Krause
Publications, 12th edition, Iola, 2008.
Autor: Marcio R. Sandoval
E-mail: sterlingnumismatic@hotmail.com
Publicado originalmente no Boletim da AFSC (Associação Filatélica e Numismáticade Santa Catarina) n°69 de março de 2015, p.4-22.
© 2015 Marcio R. Sandoval
ANEXO – Nas paginas seguintes apresentamos algumas
comparações entre emissões do Mil-Réis e do Cruzeiro que julgamos interessantes
para a complementação do artigo.
Figura
2
– Specimen da cédula de 5 mil-réis da
19ª estampa (1924-1955), R100s; P.29, (162 mm X 74 mm ), impressa pela ABNCo. para o Tesouro
Nacional, cujo homenageado é o Barão do Rio Branco. Trata-se do mesmo medalhão
e características semelhantes em relação à Figura 1. Diríamos aqui que a cédula
foi atualizada com nova roupagem para se adequar a nova família, notadamente
com a mudança na cor, ou seja, estampa em azul sobre fundo policrômico.
Figura
3
– Specimen da cédula de 5 cruzeiros 1ª
estampa (1943-1967), C017s; P.134, (157 mm X 67 mm ), impressa pela ABNCo. para o Tesouro
Nacional, cujo homenageado é o Barão do Rio Branco. Novamente o mesmo medalhão
e demais características guardando semelhança com a da Figuras 1 e 2. Diríamos
aqui, novamente, que a cédula foi atualizada com uma nova roupagem para se
adequar a nova família do Cruzeiro; de 5$000 réis para 5,00 cruzeiros. Foram 54
anos de convívio com esta gravura do Barão do Rio Branco, em quatro estampas. A
quarta foi gravada em 1950 pela Thomas de
La Rue & Company de Londres, a partir do mesmo retrato, constituindo-se
na 2ª estampa da cédula de 5 cruzeiros, que também circulou até 1967. A diferença marcante
das cédulas impressas na Inglaterra é que a cor do anverso é marrom.
Figura
4
– Specimen da cédula de 20 mil-réis
da 16ª estampa (1924-1955), R119s; P.48, (180 mm X 83 mm ), impressa pela ABNCo.
para o Tesouro Nacional, cujo homenageado é Deodoro da Fonseca.
Figura 5 – Specimen da cédula de 20 cruzeiros 1ª estampa (1943-1972), C023s; P168b., (
Figura
6 – Specimen da cédula de 1
conto do réis da 1ª estampa (1923-1955), R202s; P.123 (185 mm X 81 mm ), impressa pela ABNCo.
para o Banco do Brasil, cujo homenageado é D. Pedro I.
Figura 7 – Specimen da cédula de 200 cruzeiros da 1ª estampa (1943-1973), C038s; P.154a (
Publicado originalmente no Boletim da AFSC (Associação Filatélica e Numismáticade Santa Catarina) n°69 de março de 2015, p.4-22.
© 2015 Marcio R. Sandoval
[1] Os catálogos agrupam as
cédulas por valores para facilitar a localização, no entanto, dificultam outras
observações, como, por exemplo, o fato da cédula pertencer a uma “família” de
cédulas que apresentam características comuns.
[2] As cédulas do mil-réis
impressas pela ABNCo. continuaram a ser emitidas até 1942, com pequenas
diferenças no que tange a posição dos elementos de identificação individual
(número da cédula, da estampa e da série). A última concepção de estampa da
ABNCo., no entanto, foi da cédula de 500 mil-réis de 1931.
[3] Em realidade existiam 62
tipos de cédulas em circulação, conforme nos referimos na matéria intitulada “O Meio Circulante na Mudança da Unidade
Monetária (do Mil-Réis para o Cruzeiro em 1942)”, publicado no boletim da
AFSC, n° 46, de setembro de 1999, p.17-22.
[4] Oportuno notar que as primeiras
cédulas próprias do Cruzeiro lançadas em 1943-44 compunham-se de 10 valores, ou
seja, 1, 2, 5, 10 , 20, 50, 100, 200, 500 e 1000 cruzeiros. Todas haviam sido
impressas pela ABNCo. e apresentavam o anverso na cor azul com um medalhão
central, além de possuírem todas as mesmas dimensões (157 mm X 67 mm ).
[5] Estas cédulas não foram incluídas
neste estudo por terem sido emitidas antes de 1919.
[6] Apresentamos na seqüência o
valor da cédula, o ano de emissão e desmonetização, a estampa, a empresa
impressora, as dimensões, o número da cédula no catálogo brasileiro e
internacional.
[7] Número não oficial baseado nas
séries. Deste total foram aproveitadas pela Caixa de Estabilização cerca de
700.000 cédulas e pelo próprio Tesouro Nacional cerca de 49.100.000 cédulas
para as primeiras emissões do Cruzeiro através da dupla superimpressão e ainda
temos cerca de 52.500.000 cédulas perdidas no Atlântico por ocasião do
torpedeamento dos navios durante a 2ª Guerra Mundial.
[8] Aqui se trata apenas de uma
opinião, ou seja, uma constatação do autor.
[9] Veja a matéria intitulada “Waterlow & Sons impressores
de papel-moeda e outros documentos de segurança (1810-1961)”, de nossa
autoria, publicado no Boletim da AFSC n° 66, agosto de 2012, p.4-15.
[10] Lei n° 4.635 de 5 de janeiro de 1923.
As últimas emissões do banco haviam ocorrido em 1893/94, com a denominação de
Banco da República do Brasil, ou o 3° Banco do Brasil para alguns
historiadores. O 4° Banco do Brasil nasceu com o decreto n° 1.455 de 30 de
setembro de 1905 que vem até os nossos dias.
[11] Oito estampas foram desmonetizadas
em 1932.