domingo, 26 de fevereiro de 2017

A VITÓRIA DE SAMOTRÁCIA DURANTE A 2ª GUERRA MUNDIAL

                                                                                    © 2017 Marcio Rovere Sandoval


Figura 1 – Detalhe da prova do anverso da cédula de 50 dracmas de 1944 (P.169x; 115 X 69 mm) da Grécia retratando a Vitória de Samotrácia (220-185 a.C.)


                        Durante a 2ª Guerra Mundial o Castelo de Valençay se tornou um depósito secreto de obras do Museu do Louvre. Dentre elas podemos citar a estatuária antiga, notadamente a Vitória de Samotrácia e a Vênus de Milo. Elas escaparam por pouco da destruição em 16 de agosto de 1944, quando a 2ª Divisão SS Das Reich, atacou a cidade de Valençay em represaria a morte de dois soldados alemães causada por membros da resistência. O Duque de Talleyrand, prevalecendo do título alemão de Príncipe de Sagan, e, sobretudo, Gérald Van der Kemp, futuro Conservador de Versailles, negociaram com os alemães a fim de que eles poupassem o Castelo de Valençay e suas obras artísticas insubstituíveis. O episódio é relatado pelo próprio Gérald Van der Kemp, vejamos:

“Logo que cheguei à zona livre foi-me confiado o depósito de Valençay, ou seja, a responsabilidade dos tesouros armazenados nas caves do palácio, propriedade do Duque de Talleyrand, que ali habitava (...). Estava ali a Vitória de Samotrácia, a Vénus de Milo, os Escravos de Michelangelo, todo o Museu Camondo, os Museus Cognacq-Jay, Guimet, de Arte Moderna, de Fontainebleau; mais as coleções Rothschild, David-Weil e outras da mesma importância, levados para lá em caminhões aos cuidados dos museus nacionais. De 1940 a 1944 vivi em Valençay. Assisti às conversações entre o Duque de Talleyrand e o Conde von Metternich, que tinha sido nomeado diretor alemão para a proteção das obras de arte (...) O duque também era Príncipe de Sagan, título alemão. Tinha pensado em vender as suas terras com o título ao Marechal Göring. Este estava muito tentado a tornar-se Príncipe de Sagan, "devolvendo assim à Alemanha" um título caído nas mãos dos estrangeiros (...). O duque faleceu no seu leito tranquilamente. Em França, não se toca jamais nos duques" (in, Vilallonga, José Luis de. Gold Ghota. Paris: Le livre de Poche, 1972, p.309).

E continua :

 “Os alemães decidiram fuzilar no local o Sr. Conservador, que neste caso era eu, e encontrei-me encostado ao muro, em frente a um pelotão pronto para atirar. Durante este tempo, alguém já havia posto fogo ao palácio. Eu era o único que sabia onde se encontravam os dutos de água (...) Falei-lhes em algumas palavras das coleções (...). Tempo perdido. Então, exasperado, comecei a gritar: “Se Valençay arder, vocês serão fuzilados em vinte e quatro horas, assim que alguém for anunciar ao Marechal Göring o desaparecimento nas chamas de todos os tesouros de arte francesa: o oficial e o intérprete empalideceram. Fui imediatamente libertado. Com os habitantes de Valençay reunidos em grande número, consegui controlar o incêndio. Os soldados já haviam posto granadas sob os móveis do salão onde eu tinha mandado guardar o Museu Guimet. O resgate durou quarenta e oito horas. Em janeiro de 1945 deixei Valençay depois de despedidas muito frias feitas ao Duque – e instalei-me no Castelo de Montal onde se encontravam armazenadas todas as caixas do Louvre” (op.cit. p.311 e 312)

Em Valençay, neste episódio, quarenta imóveis foram incendiados e oito pessoas foram assassinadas.



Figura 2 – Cartão Postal colorizado do Castelo de Valençay s/d (cerca de 1910-20), circulado nos anos 30.


Bibliografia:

- Wikipédia – verbete em português “Castelo de Valençay” e verbete em francês Château de Valençay. 26-02-2017.

Standard Catalog of World Paper Money, 1368-1960. Albert Pick - Edited by George S. Cuhaj. Iola/USA: Krause Publications, 12 th edition, 2008.


Obs.: Não tivemos acesso ao livro Gold Ghota de Vilallonga, por este motivo fizemos adaptações e correções no texto da Wikipédia em português (verbete: Castelo de Valençay), onde encontramos a transcrição do texto de Vilallonga. O artigo em francês da Wikipédia menciona o acontecimento, mas não transcreve o texto, o que não nos permitiu uma nova tradução. O autor do livro Gold Ghota era romancista, daí nos vem a questão: Este episódio seria verídico? 



Veja o outro texto sobre a Vitória de Samotrácia.



Veja um vídeo sobre os Castelos de la Loire  (em francês).


Autor: Marcio R. Sandoval
E-mail: marciosandoval@hotmail.com


© 2017 Marcio R. Sandoval