Bilhetes e Notas[1] do primeiro
Banco do Brasil
Figura
1
– Foto da antiga Rua Direita (atual 1° de Março) no Rio de Janeiro (18,5 x 21,6 cm Coleção Gilberto Ferrez[3]),
vista por anônimo da Casa Leuzinger[4],
cerca de 1860. O prédio em primeiro plano foi, no século XVII, a Casa dos
Governadores, que passou a ser depois “dos Contos”, isto é, da Fazenda. De 1815 a 1835 abrigou a sede
do 1° Banco do Brasil. Em 1870, foi demolido para dar lugar ao edifício
construído pela Associação Comercial para abrigar a terceira Praça do Comércio
do Rio de Janeiro; as obras iniciaram-se em 1880 e finalizaram apenas em 1906.
Ali funcionou de 1906 até início dos anos vinte, além da terceira Praça do
Comércio, a “Bolsa de Fundos Públicos do Rio de Janeiro” (a Bolsa de Valores).
Em 1926, o Banco do Brasil instalou nele sua sede. Atualmente, o prédio abriga
o Centro Cultural do Banco do Brasil no Rio de Janeiro (CCBB/RJ).
O primeiro Banco do
Brasil
O Alvará de 12 de outubro de 1808,
assinado pelo então Príncipe Regente D. João (1808-1815), criou o Banco do Brasil[5],
conferindo-lhe poder de emissão. Sua criação está ligada à transferência da Coroa
Portuguesa para o Brasil.
No
curso das Guerras Napoleônicas, com a radicalização das disputas entre a França
e a Inglaterra, foi declarado, por Napoleão Bonaparte, o Bloqueio Continental,
que consistia em impedir o acesso aos navios ingleses aos portos das demais
nações europeias.
Portugal,
aliado e dependente econômico da Inglaterra, não aceitou, ou melhor, não pode aceitar
o bloqueio, sendo, por esse motivo, invadido pelas tropas napoleônicas.
D.
João, com auxílio da Inglaterra se refugiou na Colônia na América, levando
consigo sua Corte[6]. A
presença da Corte no Brasil[7],
a Abertura dos Portos[8]
(1808) e a falta de metais preciosos para atender às necessidades do meio circulante
foram alguns fatores que levaram à criação de um Banco emissor, o Banco do
Brasil, o primeiro Banco do mundo dito português[9].
Foi criado por sugestão de Dom Rodrigo de Souza Coutinho (o Conde de Linhares),
com a intenção de fomentar o comércio e a criação de uma indústria
manufatureira. Mas a verdadeira intenção na criação do Banco, que veio,
inclusive, consubstanciada no próprio Alvará de criação, era a de financiar a
despesa pública. Foi também um instrumento dócil nas mãos do Governo para lhe
emprestar quanto dinheiro necessitasse para a manutenção da Corte, sendo assim,
na prática, um simples caixa suplementar do Tesouro.
No
entanto, a história do Banco tomou rumos inesperados; mesmo sobre suas notas
desvalorizadas “fez-se a independência, impulsionou-se
o progresso material, consolidou-se a unidade nacional – em uma palavra,
constitui-se politicamente o Brasil”.[10]
Além
do dinheiro que o Banco emprestava ao Governo para suas despesas, serviu também
o papel desvalorizado do Banco para o financiamento de obras públicas, no Rio
de Janeiro. Entre elas podemos citar o prédio da Praça do Comércio[11],
construído entre 1819 e 1820, projetado pelo arquiteto da Missão Artística
Francesa, Grandjean
de Montigny.
Nesse
diapasão, o 1° Banco do Brasil foi o quarto banco emissor do mundo, apenas
precedido pelo Banco da Suécia (1668), da Inglaterra (1694) e da França (1800).
Foi também, o primeiro banco público emissor estabelecido no continente
americano.
A
sede do Banco do Brasil ficava no Rio de Janeiro, em um prédio situado na Rua
Direita (atual Primeiro de Março), como veremos detalhadamente a seguir.
No
início, houve dificuldades na subscrição das cem primeiras ações do Banco, o
que provocou retardo em seu funcionamento. O Governo, necessitando de recursos,
recorreu a um empréstimo na Inglaterra, enviando como garantia de seu débito 50
mil quilates de diamante mineiro; a amortização da dívida seria paga em
prestações anuais de 60 mil libras[12].
Seus
bilhetes, inicialmente lastreados, se transformaram em notas inconversíveis,
quando da liquidação, em 1829.
Os
primeiros bilhetes foram emitidos em 1810, sendo os primeiros da espécie
(bilhetes de banco) a circular no Brasil. No início, eram lastreados e podiam
ser trocados ao portador por moeda sonante, à vista. Tinham curso forçado e
eram aceitos pela Real Fazenda em todos os recebimentos e utilizados em todos
os seus pagamentos.
A
falsificação dos bilhetes do Banco foi equiparada ao crime de moeda falsa,
incorrendo na pena de morte aos falsários.
Em
1815, a
então Colônia se tornou em termos administrativos - Reino Unido de Portugal,
Brasil e Algarves, status alcançado
pela presença da Família Real, que permaneceu no Brasil até 1821.
Em
conformidade com a Carta de Lei de 16 de fevereiro de 1816, criaram-se Caixas
Filiais do Banco do Brasil, na Bahia (1818) e em São Paulo (1820).
O
Banco passou a enfrentar dificuldades, quando D. João VI retirou todo o ouro e
as jóias nele depositados, pouco antes de seu retorno a Portugal. Mesmo com a
falta de lastro[13] para os
bilhetes, as emissões prosseguiram, o que veio a causar a desvalorização da
moeda e a elevação dos preços.
O
Banco foi liquidado em 1829[14],
como previam seus estatutos e pela condição de insolvência em que se encontrava.
Seus bilhetes continuaram a circular por algum
tempo com a “garantia” governamental, até serem substituídos por cédulas do
Tesouro Nacional. A dívida do Governo para com o Banco contribuiu
majoritariamente para sua insolvência e posterior liquidação.
Em
1828, tiveram início as primeiras emissões do Tesouro Nacional, quais sejam, as
cédulas para o resgate da moeda de cobre na Bahia que foram estendidas, em 1833,
para as demais províncias. Todas essas emissões foram largamente falsificadas,
o que levou o Governo, com a Lei de 6 de outubro de 1835, a substituir todas
essas emissões, incluindo os bilhetes e notas do extinto Banco, pelas novas
cédulas do Tesouro Nacional, impressas na Inglaterra, pelo impressor Perkins, Bacon & Petch (PB&P.),
de Londres[15].
A sede do 1°
Banco do Brasil
Durante
os cinco primeiros anos de funcionamento[16],
o banco teve sede em um prédio na esquina da Rua Direita (atual Primeiro de
Março) com São Pedro, no Rio de Janeiro, esta última desaparecida com a
abertura da Avenida Presidente Vargas[17].
Em 1815, foi transferido para um prédio que havia sido a Casa dos Governadores,
de 1698 até 1743[18], que
passou a ser depois “dos Contos”, isto é, da Fazenda. Essa casa também se
situava na Rua Direita, sendo umas das melhores casas da cidade. De 1815 a 1835 abrigou a sede
do 1° Banco do Brasil. Na imagem reproduzida acima (figura 1), podemos ver uma
das raras fotografias em que o prédio aparece.
Figura
2
– Detalhe da vista da marinha da cidade do Rio de Janeiro, do morro do Castelo
até o morro de São Bento, com a legenda “St.
Sebastian Ville Episcopale du Brésil”, inserida no livro “Relation d’un Voyage fait en 1695, 1696,
1697, aux côtes d’Afrique, Detroit de Magellan, Brésil et Cayenne..., do Sieur
François Froger, Paris, 1698[19].
Gravação a buril. A letra A é a Casa dos
Governadores, que será, na sequência, Casa
dos Contos (por abrigar a Junta da Fazenda e o Erário Régio) e sede do 1° Banco do Brasil[20].
Na letra B, temos os Beneditinos; na C,
os Carmelitas e na E, os Capuchinhos.
A
história deste prédio se confunde com a própria história da cidade e mesmo,
diríamos, os primórdios da formação do país. Em 1555, os franceses capitaneados
por Nicolas Durand de Villegagnon
apossaram-se da baia de Guanabara e estabeleceram uma Colônia na Ilha de
Sergipe (atual Villegagnon) e lá
ergueram um forte (Forte Coligny).
Era a França Antártica. Essa colônia
foi atacada e destruída pelos portugueses em 1560. Em 1° de março de 1565, para
consolidar a posse da terra, foi fundada a cidade de “São Sebastião do Rio de Janeiro”. Inicialmente, a povoação foi
instalada num istmo entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar. Depois, por
questões de defesa, a cidade foi refundada no alto do Morro do Castelo, de onde
começou sua expansão. O primeiro eixo dessa expansão foi justamente a Rua
Direita (atual 1° de Março[21]).
Ao
que tudo indica, o prédio da Casa dos Governadores foi construído nos
primórdios do século XVII[22],
mas a primeira notícia concreta que se tem dele é que, em 1698[23],
pertencia ao provedor da Fazenda Pedro de Souza Pereira, sendo, então, a melhor
casa da cidade. Foi adquirida, naquele ano, para servir de residência aos governadores
do Rio de Janeiro, servindo a essa destinação até 1743. Ficou mais conhecida
como Casa dos Contos do que Casa dos Governadores, porque nesta Casa da Provedoria se recolhiam os cabedais da Coroa,
importantes em avultados contos de réis[24].
Vejamos
o que nos relata Gilberto Ferrez acerca do antigo prédio da Casa dos
Governadores, depois “Casa dos Contos”, que abrigou o 1° Banco do Brasil, na
antiga Rua Direita[25].
“É (...) dessa casa que se fala no
precioso Diário Anônimo de uma viagem às
costas d’África e às Índias Espanholas de 1702-3” .
“A rua mais comercial e a mais freqüentada, é aquela onde mora o
governador e que chamam a grande rua. É bastante larga, bastante comprida e
compreende sozinha mais da metade da cidade.” [...] “No meio desta rua, do lado
do mar está a Casa do Governador,
que não é grande coisa.
É óbvio que, comparada aos palácios
e castelos da França, era pouca coisa. Mas no Brasil colonial, com parcos
recursos técnicos e financeiros, essa sóbria residência era um nobre casarão à
feição da arquitetura brasileira do século XVII – como atesta a fotografia da
Casa G. Leuzinger, de c. 1860. Infelizmente
foi demolida em 1870 para dar lugar, mais tarde – após grandes reformas – ao
Banco do Brasil.
Tinha doze janelas de sacada no
segundo pavimento, notando-se sobre uma delas as armas do Império e quatro
portas e quatro janelas no primeiro pavimento. Ainda se nota junto à parede
desse edifício um dos antigos oratórios que serviam para os Passos da procissão
do Senhor, que saía da igreja da Misericórdia.” (in, O Paço da cidade do Rio de Janeiro. Gilberto Ferrez. Rio de
Janeiro: Fundação Pró-Memória, 1985, p. 11/13). (grifo nosso)
Em
1711, a
então Casa dos Governadores foi retratada em chamas em uma estampa anônima[26],
quando, em 1710, o corsário francês Jean
François Duclerc invadiu o Rio de Janeiro.
Em
1805, o prédio foi assaltado e incendiado por ladrões e logo depois foi
reconstruído pelo Vice-Rei D. Fernando José de Portugal, permanecendo ali a
Junta da Fazenda. Em 1808, com a chegada da Família Real, a Junta da Fazenda
foi alçada a Real Erário que, em 1815, foi transferido, dando lugar à sede do
1° Banco do Brasil.
Vejamos,
em Pizarro[27], a
descrição do assalto ao prédio da então Junta da Fazenda:
“Acontecendo em dias do ano de 1805 que, por uma sociedade de homens
dados ao latrocínio, se incendiasse a Casa dos Contos, onde a Real Junta da
Fazenda tinha o seu assento, à sua mui ativa vigilância e disposição (do Vice-Rei) deveram os cofres ficar salvos e livres do menor desfalque: Arruinada,
porém, a casa e sendo por esse motivo renovada (...)”.
Finalmente,
em cerca de 1870, a
casa já em mau estado de conservação (figura 1), diríamos mesmo em estado de
abandono, foi infelizmente demolida, dando lugar, ao edifício construído pela
Associação Comercial para abrigar a terceira Praça do Comércio do Rio de
Janeiro. As obras iniciaram-se em 1880 e finalizaram em 1906. Ali funcionou, de
1906 até inicio dos anos vinte, além da terceira Praça do Comércio, a “Bolsa de
Fundos Públicos do Rio de Janeiro”, ou seja, a Bolsa de Valores. Em 1926, o
Banco do Brasil instalou nele sua sede. Atualmente o prédio abriga o Centro
Cultural do Banco do Brasil no Rio de Janeiro (CCBB - RJ).
Os bilhetes e as notas do Banco
Figura
3
– Bilhete do 1° Banco do Brasil de 8$000 réis de 1810 (1ª emissão), N° 61316 (antiga Coleção Julius Meili, n°43 e 24[28]),
reprodução a partir da Iconografia do Meio Circulante do Brasil, 1972 (cerca de
190 X 150 mm [29]).
No canto superior esquerdo temos uma alegoria com o “Flussgott[30]”,
ou seja, “deus do rio”, e a vista de uma das fortalezas da baía do Rio de
Janeiro. O bilhete tem três assinaturas, sendo uma no reverso, de Antonio José
de Araujo. Trazia a seguinte legenda[31]:
“Rio de Janeiro. A Junta do Banco do
Brazil em nome da Assembléia Geral delle pagará ao portador à vista a quantia
de oito mil réis valor da presente Nota n° Sessenta e um mil trezentos e
dezesseis. O Director Presidente. Jose Ribeiro da Fonseca e ? (assinatura
ilegível). Julius Meili classifica esse bilhete como “sehr rar”, ou seja, muito raro.
Com vimos, o 1° Banco do Brasil
iniciou suas emissões em 1810. Para a 1ª emissão foram comprovados 17 valores
entre 21 que podem ter existido. Para a 2ª emissão temos apenas dois valores,
emitidos para fazer frente à necessidade de troco e, finalmente, a 3ª emissão,
com 19 valores, determinada concomitantemente à liquidação do Banco, dando a
esta o curso forçado e a inconversibilidade. Tinham como objetivo substituir as
emissões anteriores por outras de “melhor padrão”, tendo em vista a verificação
dos valores em circulação. Na verdade, estavam formalizando sua inconversibilidade
em metal. Os bilhetes e notas do Banco foram desmonetizadas em 1841[32].
Conforme
o Artigo 1° dos estatutos do Banco, datados de 8 de outubro de 1808, como
vimos, ele teria o direito de iniciar suas emissões logo que tivesse em caixa
as cem primeiras ações. Em virtude de ser um negócio desconhecido, os comerciantes,
a princípio, tiveram receio de subscrever as ações, o que veio a retardar o
início das atividades do banco, verificado apenas em 11 de dezembro de 1809.
A
1ª emissão deu-se em 1810, sendo os primeiros bilhetes semelhantes à libra
esterlina.
Abaixo,
apresentamos um exemplar de 1810 da libra esterlina (um bilhete falso de época)
em que se pode notar a semelhança com os primeiros bilhetes do 1° Banco do
Brasil, notadamente a legenda “I promise
to pay to...”. Nesse sentido, os bilhetes do 1° Banco do Brasil eram mais
“modernos”. Já não continham o nome do consignado, apenas a expressão “pagará ao portador à vista...”. Posteriormente,
foi suprimido o nome do consignado nos bilhetes ingleses, restando apenas “to pay the bearer on demand...”.
Vejamos:
Figura
4
– Bilhete do Banco da Inglaterra[33],
10 libras de 22 de fevereiro de 1810, no caso um falso da época. Vinheta de
Britânia, à esquerda. Número do bilhete 4201. Traz a seguinte legenda: “I Promise to pay to Mr. Henry Hase or
bearer on Demand the Sum of Ten Pounds 1810 Feb". 22 London 22 Feb". 1810 For the Govr:
and Compa of the Bank of England [34]. Apresenta duas
assinaturas e quatro carimbos de Forjado “Forged”. (Fonte: The Saleroom, London/UK)
Os bilhetes da 1ª emissão (1810-1829)
A 1ª emissão do Banco foi iniciada em 1810. Os bilhetes, como os da Real
Extração, apresentavam-se em talões e eram cortados na margem esquerda onde apresentavam
arabescos e uma alegoria em formato quadrangular[35].
Procedia-se dessa forma para uma futura verificação de autenticidade pela
comparação com a linha de corte.
Características
comuns da 1ª emissão (figura 3): Anverso: unifaciais[36],
impressão preta sobre papel branco, em calcografia[37].
No canto superior esquerdo, temos uma alegoria com o “Flussgott”, ou seja, “deus do rio”, e a vista de uma das
fortalezas da baía do Rio de Janeiro. Nesse caso, o “deus do rio”, a nosso ver,
é a personificação das águas da Baía de Guanabara, na visão mitológica
greco-romana. Também evoca a Abertura dos Portos, o comércio e os aspectos da
baía, com seus morros e fortificações. As alegorias da 2ª e 3ª emissões dão
força a esta hipótese. A imagem também é recorrente em outros documentos de
época, como nas Apólices da Dívida Pública do Império e da Província do Rio de
Janeiro. Apresentam duas assinaturas. Reverso: sem impressão, destinado à
assinatura autenticadora. Conforme nos informa F. dos Santos Trigueiros, teriam
sido impressos na Imprensa Régia ou no Real Erário, na Rua do Sacramento, com chapas vindas de Londres[38].
Apresentam filigrana ou marca d`agua, com os dizeres “Banco do Brasil” na
vertical (lado esquerdo) e o valor em algarismos, também na vertical, do lado
direito[39].
Além de pequenas diferenças de
impressão devido às diferentes placas empregadas na fabricação, temos a
numeração tanto em algarismos, como por extenso, manuscrita. O valor em
algarismos aparece em alguns bilhetes manuscrito. Acreditamos haver uma maior
variedade que não foi possível analisar pela escassez de imagens.
Ao que tudo indica, esses primeiros
bilhetes foram impressos com métodos ainda meio rudimentares, provavelmente com
placas de cobre, que se desgastavam rapidamente, sendo necessária sua
substituição frequente, o que ocasionava uma grande variedade de tipos,
dificultando a verificação de autenticidade. Assim, seriam comuns diferenças na
impressão em bilhetes de mesmo valor, o que efetivamente se constata nos
bilhetes remanescentes. Esses métodos foram sendo modernizados e os bilhetes da
3ª emissão já vinham gravados em “chapas de aço endurecidas” (Patent Hardened Steel Plate), como
veremos. Não temos notícias sobre a falsificação desses bilhetes, mas
certamente ocorreram, como nas demais emissões. Nesse caso, havia a pena de
morte, como vimos.
1ª Emissão[40]
1. 30$000 réis
|
(1810 - 1829)
|
(JM, 28°[41])
|
198 X
|
2. 40$000 réis
|
(1810 - 1829)
|
(JM, 29°)
|
190 X
|
3. 50$000 réis
|
(1810 - 1829)
|
(JM, 30°)
|
190 X
|
4. 60$000 réis
|
(1810 - 1829)
|
(JM, 31°)
|
190 X
|
5. 70$000 réis
|
(1810 - 1829)
|
(JM, 32°)
|
190 X
|
6. 80$000 réis
|
(1810 - 1829)
|
(JM, 33*)
|
195 X
|
7. 90$000 réis
|
(1810 - 1829)
|
(JM, 34)
|
195 X
|
8. 100$000
réis
|
(1810 - 1829)
|
(JM, 35* e 36)
|
180 X 130/135 mm
|
9. 200$000
réis
|
(1810 - 1829)
|
(JM, 37°)
|
180 X
|
10. 300$000
réis
|
(1810 - 1829)
|
(JM, 38°)
|
180 X
|
11. 400$000
réis
|
(1810 - 1829)
|
(JM, 39°)
|
180 X
|
12. 4$000 réis
|
(1813 - 1829)
|
(JM, 22°)
|
180 X
|
13. 6$000 réis
|
(1813 - 1829)
|
(JM, 23*)
|
185 X
|
14. 8$000 réis
|
(1813 - 1829)
|
(JM, 24)
|
190 X
|
15. 10$000 réis
|
(1813 - 1829)
|
(JM, 25°)
|
195 X
|
16. 12$000 réis
|
(1813 - 1829)
|
(JM, 26°)
|
195 X
|
17. 20$000 réis
|
(1813 - 1829)
|
(JM, 27°)
|
195 X
|
Julius Meili[42]
reproduziu seis exemplares destes bilhetes em sua obra, quais sejam: bilhetes
de 6, 100, 8, 80, 90 e 100 mil-réis e ainda mencionou a existência de um
exemplar de 90 mil-réis na coleção de Guilherme Diniz Rodrigues, vejamos:
Valor
|
Número
|
Coleção a
que pertenciam
|
Coleção atual
|
6$000
|
33325
|
Antonio
Gonçalves da Cunha n° 23*
|
(?)
|
90$000[43]
|
(?)
|
Guilherme
Diniz Rodrigues
|
(?)
|
100$000
|
9153
|
Guilherme
Diniz Rodrigues n° 35*
|
(?)
|
8$000
|
61316
|
Julius
Meili n° 24
|
CCBB/RJ
|
80$000
|
16020
|
Luiz
Carvalho n° 33*
|
?
|
90$000
|
14924
|
Julius
Meili n° 34
|
CCBB/RJ
|
100$000
|
16479
|
Julius
Meili n° 36
|
CCBB/RJ
|
Outros bilhetes de que
temos notícias da existência:
Valor
|
Número
|
Coleção a
que pertenciam
|
Coleção
atual
|
6$000
|
33322
|
(?)
|
(?)
|
40$000
|
1725
|
(?)
|
Museu do Banco Central
|
40$000
|
5220
|
F. dos Santos Trigueiros
|
(?)
|
50$000
|
7587
|
(?)
|
Museu Valores BC
|
60$000
|
7639
|
José Benedito de Moura
|
Museu Valores BC
|
90$000
|
19200
|
(?)
|
Museu Valores BC
|
90$000
|
9012
|
(?)
|
Museu Valores BC
|
100$000
|
12113
|
(?)
|
Museu Valores BC
|
100$000
|
12208
|
(?)
|
Museu Valores BC
|
90$000
|
9225
|
F. dos Santos Trigueiros
|
(?)
|
90$000
|
9525
|
(?)
|
? (Heritage Auctions)[44]
|
90$000
|
1683 (?)
|
Revista Numismática (SNB)
|
(?)
|
100$000
|
12113
|
(?)
|
Museu Valores BC
|
?
|
?
|
(?)
|
Museu Histórico Nacional
|
?
|
?
|
(?)
|
Museu Histórico Nacional
|
Desses
bilhetes, Julius Meili afirma não ter visto nenhum exemplar dos de: 4, 10, 12,
20, 30, 40, 50, 60, 70, 200, 300 e 400 mil-réis. Apenas os bilhetes de 40, 50 e
60 mil-réis apareceram nos dias de hoje.
Em
Violo Ídolo Lissa[45],
temos a indicação do grau de raridade, mas ele não revela os parâmetros dessa
classificação. Assim, temos para os bilhetes de 4 a 100 mil-réis o grau RR, ou
seja, muito raro, e para os valores de 200, 300 e 400 mil-réis o de RRR, correspondendo
a raríssimo. Por comparação com o bilhete manuscrito da Real Extração (n° 2),
também classificado como RRR, temos que aquele bilhete é único do gênero
conhecido.
Sobre
a existência de bilhetes com valores superiores a 400$000 réis, temos em Lissa:
"A existência de bilhetes com
valores acima de 400 mil réis consta do Relatório do Visconde do Rio Seco, de
1821, então presidente da Junta do Banco do Brasil - Afonso Arinos, História do
Banco do Brasil, volume 1, página 98 -, e do trabalho da Comissão de Liquidação
do Banco do Brasil em 1830 - obra citada, páginas 238 e 239, embora não se
conheça nenhum exemplar desses valores." (ob. cit., p. 49)
Os bilhetes
mencionados seriam dos seguintes valores: 500$000 (38), 600$000 (39), 800$000
(40) e 1.000$000 (41) de réis, todos com as mesmas características dos
anteriormente citados, mas, como vimos, não se conhece nenhum exemplar desses
valores.
As notas da 2ª emissão
(1828-1829)
Figura
5
– Nota do 1° Banco do Brasil de 1$000 réis de 1828 (2ª emissão), N° 40765
(antiga Coleção Julius Meili, n°40), reprodução a partir da Iconografia do Meio
Circulante do Brasil, 1972 (cerca de 170 X 125 mm ). No centro, parte
superior, temos a alegoria da Abertura dos Portos, com novamente o “Flussgott”, ou seja, o “deus do rio”. Trazia
a seguinte legenda[46]:
“Banco do Brazil. A Junta do Banco do Brasil
em nome da Assembléia Geral delle pagará ao portador á vista a quantia de hum
mil réis valor da presente Nota n° Quarenta mil setecentos e sessenta e cinco.
O Director Presidente. Duas assinaturas. Trazia, ainda, uma assinatura no
reverso. A única diferença é que não há menção ao Rio de Janeiro como nos
bilhetes da 1ª emissão.
O
Decreto de 4 de julho de 1828 autorizou o Banco a emitir notas do valor de 1 e
2 mil-réis e a multiplicar as de 4 e 12 mil-réis, dentro, porém, dos limites de
sua emissão.
Essa
medida foi necessária tendo-se em vista a falta de notas de pequeno valor, o
que entravava o comércio.
Características
comuns da 2ª emissão: Anverso: impressão preta sobre papel branco-azulado, em
calcografia. Reverso: sem impressão, destinado à assinatura autenticadora.
Conforme nos informa F. dos Santos Trigueiros, as notas teriam sido impressas
na Imprensa Régia ou no Real Erário, na Rua do Sacramento, com chapas vindas de Londres. É provável que
apresentem filigrana ou marca d`água, mas não tivemos a oportunidade de
verificar. Pela semelhança que apresentam com as notas da 3ª emissão, é
possível que as chapas tenham sido gravadas também por Perkins, Heath & Company (PH&Co.). Como as da 1ª emissão,
essas notas eram cortadas na margem esquerda, onde apresentavam arabescos, para
futura comparação com a linha de corte para verificação de autenticidade. Esses
arabescos e outros motivos que ornam o valor (lado esquerdo da nota) e a numeração
(lado direito da nota), são diferenciados. O restante do bilhete guarda as
mesmas características.
2ª emissão
1.
1$000 réis
|
(1828 - 1839)
|
(JM, 40)
|
170 X
|
2.
2$000 réis
|
(1828 - 1839)
|
(JM, 41)
|
175 X
|
Essas
notas entraram em circulação um pouco antes da liquidação do Banco, em 1828,
pela falta crônica de notas divisionárias, ou seja, falta de troco no comércio.
Percebe-se, com isso, que a circulação de bilhetes havia se tornado algo
indispensável para o comércio e que, mesmo com a extinção do Banco, seus
bilhetes continuariam a circular até sua substituição pelos bilhetes do Tesouro
Nacional.
As
notas dessa emissão, bem como da posterior, não eram mais conversíveis em
espécies metálicas. Com essas notas se teria iniciado, pelo menos formalmente,
a circulação do papel-moeda inconversível no Brasil. Desaparecia, assim, a
moeda-papel (bilhetes). No entanto, posteriormente, os bancos privados[47]
emitiriam bilhetes com lastro, até os anos 30, quando vieram a desaparecer. Estão
nesse contexto as experiências da Caixa de Conversão (1906-1913[48])
e de Estabilização (1926-1930). O Tesouro Nacional, no entanto, desde o início,
não teve nenhum escrúpulo em fomentar o meio circulante com papel-moeda
inconversível. O papel-moeda veio a se consolidar, como vimos, depois da Grande
Guerra (1ª Guerra Mundial), mas antes, como se depreende dos discursos
parlamentares, tinha fervorosos opositores.
As notas da 3ª emissão
(1829-1841)
Figura
6
– Nota do 1° Banco do Brasil de 6$000 réis de 1829 (3ª emissão), N° 55298
(Coleção José Benedito de Moura), reprodução a partir da Iconografia do Meio
Circulante do Brasil, 1972 (cerca de 175 X 120 mm ). Anverso: No centro,
parte superior, temos a alegoria da Abertura dos Portos, com novamente o “Flussgott”, ou seja, o “deus do rio”,
como as notas 2ª emissão, mas com a imagem invertida na horizontal. Abaixo da
vinheta principal, de ambos os lados, Alegoria do Comércio (Mercúrio,
navegação, cornucópia...). Trazia a seguinte legenda: “Banco do Brazil. O Thesoureiro da Junta do Banco do Brazil pagará á
vista ao portador desta, a quantia de Seis Mil Reis, valor recebido. Rio de
Janeiro ...de ...18.... Duas assinaturas. Abaixo, acima da margem branca, o
nome do impressor com a indicação do método de impressão, qual seja, “Perkins & Heath London – Patent
Hardened Steel Plate”. Reverso: No centro, a legenda “Banco do Brazil” e,
nos quatro cantos, medalhões com um homem de perfil, laureado. Assinatura na
vertical.
Características
comuns da 3ª emissão: Anverso: impressão preta sobre papel branco, em
calcografia (valores de 1, 2, 4, 8, 10, 12, 20, 30, 40 e 50 mil réis); em azul
(valores de 60 e 90 mil-réis); em ardósia (valor de 70 mil-réis); em amarelo
telha (valor de 80 mil-réis); em sépia (valor de 100 mil-réis) e verde (valores
de 200, 300 e 400 mil-réis). No centro, parte superior, alegoria da “Abertura
dos Portos[49]”, abaixo,
de ambos os lados, “alegoria do Comércio”. Reverso: as cores são conforme
descrito no anverso, também em calcografia. Nos cantos, medalhões circulares
com busto de homem de perfil, laureado e de busto nu[50],
ornados de rosáceas. No centro, a inscrição “Banco do Brazil”, também com
ornamentos em forma de rosáceas. Em ambos os lados, temos o nome do impressor “Perkins & Heath London – Patent Hardened
Steel Plate” (PH&Co.) na parte inferior, mas acima da margem branca,
dentro do quadro da nota. Em 1829, houve alteração na razão social da empresa,
sendo que, em alguns casos, já aparece o nome do sucessor, qual seja, Perkins & Bacon – Patent Hardened Steel
Plate”.
3ª emissão
1.
1$000 réis
|
(1829 – 1839)
|
(JM, †42*)
|
190 X
|
97.505 (6.346)
|
2.
2$000 réis
|
(1829 – 1839)
|
(JM, †43*)
|
190 X
|
49.400 (5.433)
|
3.
4$000 réis
|
(1829 – 1839)
|
(JM, †44)
|
190 X
|
86.417 (2.086)
|
4.
6$000 réis
|
(1829 – 1839)
|
(JM, 45)
|
175 X
|
60.473 (968)
|
5.
8$000 réis
|
(1829 – 1839)
|
(JM, †46)
|
190 X
|
55.025 (656)
|
6.
10$000 réis
|
(1829 – 1839)
|
(JM, †47)
|
190 X
|
51.531 (541)
|
7.
12$000 réis
|
(1829 – 1839)
|
(JM, †48)
|
190 X
|
48.888 (367)
|
8.
20$000 réis
|
(1829 – 1839)
|
(JM, †49)
|
190 X 115mm
|
40.744 (326)
|
9.
30$000 réis
|
(1829 – 1839)
|
(JM, †50)
|
190 X
|
18.019 (126)
|
10.
40$000 réis
|
(1829 – 1839)
|
(JM, †51)
|
190 X
|
21.568 (124)
|
11.
50$000 réis
|
(1829 – 1839)
|
(JM, †53)
|
190 X
|
9.998 (50)
|
12.
60$000 réis
|
(1829 – 1841)
|
(JM, †54*)
|
190 X
|
15.183 (69)
|
13.
70$000 réis
|
(1829 – 1841)
|
(JM, 55°)
|
190 X
|
13.252 (75)
|
14.
80$000 réis
|
(1829 – 1841)
|
(JM, †56)
|
180 X
|
16.999 (123)
|
15.
90$000 réis
|
(1829 – 1841)
|
(JM, †57)
|
190 X
|
13.900 (63)
|
16.
100$000 réis
|
(1829 – 1841)
|
(JM, 58)
|
175 X
|
19.412 (132)
|
17.
200$000 réis
|
(1829 – 1841)
|
(JM, †59*)
|
190 X
|
11.463 (71)
|
18.
300$000 réis
|
(1829 – 1839)
|
(JM, †60)
|
190 X
|
6.999 (47)
|
19.
400$000 réis
|
(1829 – 1841)
|
(JM, 61°)
|
190 X
|
3.999 (23)
|
Na
última coluna, temos o total de bilhetes e notas da 1ª e 2ª emissões, que foram
substituídos e, entre aspas, as que deixaram de vir ao troco[51].
A 3ª emissão não corresponde ao total das notas e bilhetes emitidos pelo Banco,
apenas dos que se encontravam em circulação no momento da substituição, eis que
foram feitos recolhimentos mais ou menos regulares durante quase toda a existência
do Banco.
Essa
emissão foi feita assim para a verificação dos cômputos em giro, já que a
escrituração do Banco[52]
era irregular.
Pela
primeira vez, no meio circulante, aparece a expressão “valor recebido”, ou seja, indicando a existência de lastro
monetário, justamente ao contrario da realidade, já que as notas da 3ª emissão[53],
apesar de dizerem ser “de melhor padrão”
eram inconversíveis em espécies metálicas e a expressão com a “garantia de nação” significava apenas
que poderiam ser trocadas (como efetivamente foram) por cédulas de papel-moeda
do Tesouro Nacional.
Como vimos, essas notas circularam
até 1841, quando foram definitivamente desmonetizadas. Após a extinção do
Banco, suas notas circularam sob a responsabilidade do Governo. A terceira
emissão do Banco, que substituiu a moeda-papel das emissões anteriores (que
possuíam lastro, pelo menos em tese, e foram trocadas durante um bom tempo por
numerário metálico), agora passavam, na prática, ao papel-moeda inconversível.
Apesar
da extinção prematura do 1° Banco do Brasil, novas instituições seriam criadas
e, em 1851, por iniciativa do Visconde de Mauá (Irineu Evangelista de Souza)
criou-se uma nova instituição com o nome de Banco do Brasil (2º Banco do
Brasil) e, em 1853, por iniciativa do Visconde de Itaboraí (Joaquim José
Rodrigues Torres), o Banco do Brasil de Mauá foi fusionado com o Banco
Comercial do Rio de Janeiro (fundado em 1838). Temos aí um novo Banco (3° Banco
do Brasil). O Visconde de Itaboraí é considerado o fundador do atual Banco do
Brasil.
Legislação
- Estatutos do Banco do Brasil – 8 de outubro
de 1808
- Alvará de 12 de outubro de 1808 (criação do
Banco do Brasil)
- Decreto de 4 de julho de 1828 (notas de 1$000
e 2$000 réis - 2ª emissão)
- Lei de 23 de setembro de 1829 (determinando a
liquidação do Banco e substituição dos seus bilhetes por outros de novo e “melhor
padrão”, dando a estes o curso forçado e inconversibilidade e obrigando-se à
Nação ao pagamento deles - 3ª emissão)
- Decreto de 17 de outubro de 1834
(substituição das cédulas do antigo padrão)
- Decreto de 22 de julho de 1841 (substituição
das notas do Banco extinto)
Bibliografia
AMARAL, J. Vinicius do. Catálogo J. Vinicius de
Cédulas do Brasil, 1773 a
1980. São Paulo; 1ª edição, 1981-82.
ARAUJO, José de Sousa Pizarro e. Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das
Províncias Anexas à jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil, dedicadas a
El-Rei Nosso Senhor D. João VI. Rio de Janeiro: Imprensa Régia, 8 Volumes,
1820-1822. (disponível on line pela Biblioteca do Senado):
http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/182898
CAVALCANTI, Amaro. O Meio Circulante Nacional.
Rio de Janeiro: Impressa Nacional, 1893.
COARACY, Vivaldo. O Rio de Janeiro no Século 17. Rio de
Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1944.
FRANCO, Afonso Arinos de Melo. História do Banco do Brasil (Primeira fase –
1808-1835). Brasília: Banco do Brasil, 1973.
FERREZ, Gilberto. O Paço da Cidade do Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro: Fundação Pró-Memória, 1985.
História do Banco do
Brasil. Diretoria
de Marketing e Comunicação do Banco do Brasil, Belo Horizonte: Del Rey, Fazenda
Comunicação & Marketing, 2ª ed. rev., 2010.
LISSA, Violo Ídolo. Catálogo do Papel-Moeda do Brasil – 1771-1986. Brasília: Editora
Gráfica Brasiliana Ltda., 1987.
LEVY, Fortunée. Cédulas do 1° Banco do Brasil. São Paulo: Revista Numismática
(Sociedade Numismática Brasileira – SNB), 1944, p.46-53.
MEILI. Julius. O Meio Circulante no Brasil - Parte I – As Moedas da Colônia do Brasil.
Zurique: Tipografia de Jean Frey, 1897.
MEILI. Julius. O Meio Circulante no Brasil - Parte III - A Moeda Fiduciária no Brasil,
1771 até 1900. Zurique: Tipografia de Jean Frey, 1903.
MEILI, Julius. Coleção Numismática de Julius Meili - As Moedas da Colônia do Brasil, 1645 até 1822. Zurique: Impressão
Brunner & Hauser, 1895.
SANDRONI, Paulo. (organização e
supervisão) Novíssimo
Dicionário de Economia. São Paulo: Editora Best
Seller, 1999.
SILVA RAMOS, Bernardo de Azevedo da. Catálogo da Coleção Numismática de Bernardo
de Azevedo da Silva Ramos. Tipografia della Real Academia de Lincei, Roma,
1900, apêndice I a XXI.
TRIGUEIROS, F. dos Santos. Dinheiro no Brasil.
Rio de Janeiro: Leo Cristiano Editorial, 2ª edição, 1987.
TRIGUEIROS,
F. dos Santos. Iconografia do Meio Circulante do Brasil. Banco Central do
Brasil, Gerência do Meio Circulante, 1972.
WIKIPÉDIA
(pesquisas diversas)
Observação: Nosso objetivo em realizando este
texto foi de mostrar aspectos menos conhecidos sobre a história do 1° Banco do
Brasil e de seus bilhetes. Assim, não tivemos a pretensão de tudo dizer e analisar
de um assunto tão vasto, que é a história da nossa primeira instituição
financeira, qual seja, o 1° Banco do Brasil.
Anexo I – Legislação atinente ao 1° Banco do
Brasil ou que a ele se refere.
Nota: Julius Meili apresentou o Extrato da legislação do Brasil concernente
ao Meio Circulante do período de 1694 a 1822 no volume de 1895 (As moedas da
Colônia do Brasil. 1645 até 1822. Zurique: Impressão de Brunner & Hauser,
1895, p.XIII a XXV) em alemão e cuja tradução em português, o Sr. Bernardo de
Azevedo da Silva Ramos de Manaus havia publicado no volume III, apêndice p. I a
XXI, de sua Coleção Numismática[54].
O período de 1822 a
1900 foi publicado em português no volume de 1903 de Julius Meili (O Meio
Circulante no Brasil. Parte III – A Moeda Fiduciária no Brasil 1771 até 1900.
Zurique: Tipografia de Jean Frey, 1903, p. XVII a LVIII). Na parte que foi
traduzida por Silva Ramos, fizemos algumas adaptações e ainda traduzimos alguns
trechos que não haviam sido traduzidos ou não foram por nós encontrados. Também
incluímos a legislação pertinente ao Banco e que não foi relacionada por Meili
(no quadro) Assim, em relação ao 1° Banco do Brasil, temos:
- 12 de outubro de 1808. Alvará. Fundação do
primeiro Banco do Brasil, com o capital inicial de 1200 contos de réis, que
sucessivamente foi elevado até 3200 contos. O Governo participou com 1000
contos. A duração foi fixada para 20 anos, a contar do começo dos seus
trabalhos, e o Banco tinha o direito de emissão de notas. As notas de menor
valor deveriam ser de 30$000 réis; porém já no começo, foram emitidas notas de
4$000 réis. Depois de findo o prazo de privilégio, no ano 1829, entrou o Banco em
liquidação, e o Governo assumiu a responsabilidade das notas em circulação no
valor aproximado de 19.000 contos de réis. (Coleção de Leis Brasileiras e
Manuscrito Galvão)
Decreto de 24 de janeiro de 1809
|
Nomeação de diretores e deputados da Junta do
Banco do Brasil
|
Alvará de 27 de março de 1811
|
Definição de regras para o levantamento de
fundos depositados no Banco do Brasil
|
Decisão de 8 de agosto de 1812
|
Entrada da Real Fazenda no capital do Banco
do Brasil através de fundo proveniente da cobrança de impostos
|
Carta Régia de 22 de agosto de 1812
|
Atribuição de honras e mercês aos
subscritores de capital do Banco do Brasil
|
Alvará de 20 de outubro de 1812
|
Fixação dos impostos que revertem a favor do
Banco do Brasil
|
Alvará de 24 de setembro de 1814
|
Definição da execução das dívidas ao Banco do
Brasil enquanto dívidas fiscais
|
Carta de Lei de 16 de fevereiro de 1816
|
Criação de caixas de desconto, filiais do
Banco do Brasil
|
- 4 de julho de 1818. Decreto. Criação de uma
secção especial no Banco do Brasil, com filiais nos distritos mineiros, para a
compra de metais preciosos. (Coleção de Leis Brasileiras).
- 2 de setembro de 1818. Carta Régia.
Comunicação do Decreto de 4 de julho de 1818 ao Governador de Minas Gerais, com
a nova de que as respectivas fábricas começariam a funcionar em janeiro do ano
seguinte, e que trocariam o ouro em pó contra notas da Caixa central do Banco
do Brasil, a razão de Rs. 1$200 por oitava de 22 quilates. (Coleção de Leis
Brasileiras).
- 19 de novembro de 1818. Decreto. Proibição,
para o período de oito meses, de enviar moedas provinciais desta Praça para a Bahia,
Pernambuco e Maranhão ou qualquer parte fora desta Província, atendendo à falta
que se experimenta nesta Praça, de moeda Provincial para as transações
mercantis com as Províncias deste Reino e compra dos gêneros do consumo geral
dos mercados públicos desta Capital. Os comerciantes que tiverem que fazer
remessas que o façam mediante letras sacadas pelo Banco do Brasil, ou outros
comerciantes naquelas praças. (Coleção de Leis Brasileiras).
- 21 agosto 1821. Aviso. Para atender às
necessidades de caixa do Banco do Brasil, a Casa da Moeda do Rio de Janeiro
deve promover a cunhagem mensal de moedas de cobre no valor de 70 contos de
réis. (manuscrito Galvão)
Decisão de 3 de julho de 1820
|
Determinação sobre aceitação de pagamentos da
Real Fazenda com notas do Banco do Brasil
|
Decisão de 1 de setembro de 1820
|
Determinação sobre a troca da moeda entrada
na Junta da Fazenda da Bahia por notas do Banco do Brasil
|
Decreto de 5 de março de 1821
|
Criação de comissão para analisar o estado do
Banco do Brasil
|
Decreto de 23 de março de 1821
|
Declaração dos empréstimos feitos pelo Banco
do Brasil ao Real Erário como dívidas nacionais e compromisso de entrega de
diamantes e jóias como pagamento
|
- 6 de dezembro de 1821. Aviso. Revoga a filial
de compra de ouro do Banco do Brasil em Vila Rica. (Coleção de Leis
Brasileiras).
Portaria do Ministério da Fazenda de 15 de
outubro de 1822
|
Proibiu o Banco de fazer novas emissões
(consequência da retirada dos metais preciosos do cofre do Banco por D. João
VI)
|
Portaria do Ministério da Fazenda de 23 de
abril de 1823
|
Confirmação da Portaria de 15 de outubro de
1822 (primeira portaria “em favor da valorização do meio circulante”)
|
- 20 de setembro de 1826 - Aviso (Coleção
Nabuco) A certo juiz de fora declarou-se ser responsável por notas falsas
recebidas. (p. XXII)
- 4 de julho de 1828 - Decreto autoriza o Banco
do Brasil a emitir notas dos valores de Rs.1$000 e Rs.2$000 e obriga-o a
multiplicar as de Rs.4$000 a Rs.12$000 dentro, porém, dos limites da sua
emissão... (p. XXIII)
- 23 de setembro de 1829. Lei determina a
extinção do Banco do Brasil, criado pela lei de 12 de outubro de 1808,
substituindo-se as suas notas por outras de novo e melhor padrão e obrigando-se
a Nação ao pagamento delas. (p. XXIV)
- 31 de outubro de 1829. Decreto nomeia os
membros e dá instruções para a comissão encarregada da liquidação do Banco do
Brasil. (p.XXIV)
- 1 de junho de 1830. Proposta do governo
(Amaro Cavalcanti, obra citada, I, pag. 181) (...) criação de um novo Banco, e
para outras providências sobre o papel bancário circulante. (p. XXV)
- 2 de setembro de 1830. Portaria determina que
se dê princípio à emissão das notas do novo padrão, inutilizando-se por meio de
carimbo as notas velhas que forem legalmente substituídas pelo novo padrão.
(p.XXV)
- 15 de dezembro de 1830. Lei manda cessar de
1° de julho de 1831 em diante o cunho da moeda de cobre e aplicar as sobras da
receita (cousa puramente imaginaria naquela época) no resgate das notas do Banco
do Brasil e das cédulas da Bahia. (p.XXVI)
- 4 de outubro de 1831 - Decreto marca prazo de
sete meses para o recebimento das Notas do Banco do velho padrão. (esse prazo
foi prolongado pelo decreto de 4 de abril de 1832 e subsequentes.) (p.XXVII)
- 4 de abril de 1832. Decreto prorroga por mais
3 meses o prazo marcado para a substituição das Notas do Banco do velho padrão.
(p.XXVIII)
- 29 de março de 1833. Decreto declara que no
dia 15 de maio futuro dar-se-ha por finda a substituição das notas do Banco do
velho padrão. (Veja-se o Decreto de 14 de Maio do mesmo ano.) (p. XIX)
- 14 de maio de 1833. Decreto. Prorrogação do
prazo marcado para a substituição das Notas do Banco do velho padrão até o dia
31 do corrente. (Houve novas prorrogações pelos decretos de 4 de junho de 1833,
de 17 de outubro de 1834 e de 22 de julho de 1841.) (p. XIX)
- 1 de junho de 1833. Decreto autoriza o
governo a determinar o prazo, findo o qual deixarão de circular, como moeda, as
notas do velho padrão do extinto Banco do Brasil, e a mandar abrir, para a substituição
das atuais notas do novo padrão, outra estampa com as palavras: "No
Tesouro Nacional se pagará." (Sem a clausula de pagáveis á vista). (p.
XXX)
- 23 de outubro de 1833. Decisão de remeter ao
Presidente das Províncias da Bahia, notas do Banco para a substituição das
cédulas dilaceradas, emitidas pelo resgate da moeda de cobre e para o troco das
cédulas de maiores valores. (p.XXXI)
- 30 de outubro de 1835. Decreto autoriza o
governo a queimar todas as notas do extinto Banco, e as do novo padrão, que
sobrarão depois de feita a substituição. (p.XXXIV)
- 13 de abril de 1836. Decisão fixa o 31 de
Julho seguinte para se ultimar a substituição dos conhecimentos e cédulas, como
determinou o art. 5 da lei de 6 de Outubro de 1835. (p. XXXV)
- 15 de abril de 1836. Decisão prorroga o prazo
para se acabar a substituição dos conhecimentos e cédulas para 31 de Outubro seguinte.
(Por Portaria de 31 de maio desse mesmo ano foi essa data alterada para 31 de
Agosto daquele ano.) (p.XXXV)
- 31 de maio de 1836. Decisão revoga o prazo
marcado na ordem de 15 de abril a.c., para a substituição das cédulas na
Província do Rio de Janeiro, por constar ao Governo, que se pretendia
introduzir do Estrangeiro uma porção de cédulas falsas, principalmente dos
valores de 100$000 e 20$000, e fixa o dia 31 de agosto para o indicado fim, devendo-se
dessa data em diante fazer o desconto de 10% mensais, na forma do artigo 5 da
lei de 6 de Outubro de 1835. (p.XXXV)
- 4 de Julho de 1836. Circular. Remete às
Tesourarias das Províncias uma nota dos sinais por que se distinguem as cédulas
falsas de Rs. 100$000, que consta se imprimirão em Paris, e chamou a atenção sobre
as de 20$000, de que já havia ciência de falsificação, e pela circular de 11 do
mesmo mês se indica ainda outros sinais. (p.XXXV)
- 17 de Janeiro de 1837. Portaria Circular
manda recolher as notas do extinto Banco dos valores de 1$000 a 50$000 como já
se praticou com as de 300$000, por causa das falsas e falsificadas, que
apareceram na circulação. (p.XXXVI)
- 22 de Julho de 1841. Decreto autoriza o
governo a mandar trocar, dentro do prazo improrrogável de quatro meses, as
notas do extinto banco e a abrir de novo o troco das notas de 50$000, que havia
terminado. (p.XXXVIII)
Anexo II
Figura
7
– Bilhete do 1° Banco do Brasil de 90$000 réis de 1810-1829 (1ª emissão), N° 9012 (Coleção do Museu de Valores do Banco
Central – imagem gentilmente enviada pelos técnicos daquela instituição). Vemos
ai o reverso com a assinatura autenticadora de “Antonio José de Araujo”.
Figura
8
– Alegoria dos bilhetes de 8 e 90 mil-réis da 1ª emissão do Banco do Brasil.
Podemos identificar pequenas diferenças na gravação, demonstrando a existência
de chapas de impressão distintas. Esta é a primeira imagem (distinta do brasão
de armas) gravada nos bilhetes do Brasil.
Figura
9
– Detalhe da alegoria da notas da 2ª e 3ª emissão do Banco do Brasil. São
imagens semelhantes, poderíamos dizer até mesmo “iguais”, salvo as pequenas
diferenças devido à distinção das placas de impressão e ao fato da imagem da
direita ser invertida na horizontal.
Autor: Marcio R. Sandoval
E-mail: marciosandoval@hotmail.com
Publicado no Boletim da
Associação Filatélica e Numismática de Santa Catarina (AFSC) n° 71, de novembro
de 2016, p.3-26.
© 2016 Marcio R. Sandoval
© 2016 Marcio R. Sandoval
[1] Considera-se “bilhete” o documento representativo da
moeda emitido por banco ou outro estabelecimento autorizado pelo Governo com
promessa de reembolso em espécie metálica. A “nota” apresenta as mesmas características com exceção da promessa
de reembolso, sendo, portanto, inconversível. Hoje, estes conceitos são
hipotéticos frente à realidade de um papel-moeda de curso legal e
inconversível. A ideia do lastro monetário permaneceu viva até os anos 30,
quando foi definitivamente posta de lado.
[2] Período de existência do
Banco. As primeiras emissões datam de 1810 e a desmonetização de todas as
emissões foi realizada em 1841.
[3] A Coleção Gilberto Ferrez foi adquirida, em 1998, pelo Instituto
Moreira Salles (IMS). A imagem provém do livro: O Paço da Cidade do Rio de Janeiro. Gilberto Ferrez. Rio de
Janeiro: Fundação Pró-Memória, 1985, p.13. O Arquivo Histórico do Banco do
Brasil possui a mesma foto, nos levando a pensar que se trata de outra tiragem
do mesmo negativo.
[4] Estabelecimento comercial de Georg Leuzinger (1813-1892), fotógrafo
suíço que chegou ao Brasil em 1832 e adquiriu, em 1840, uma papelaria que logo
transformou em oficina de gravura, tipografia e litografia. Na década de 1860, Leuzinger instalou ali um ateliê
fotográfico. Também funcionou como casa editorial.
[5] Cognominado o “1° Banco do
Brasil”, eis que esta primeira “fase” da história do banco teve formalmente fim
com sua liquidação em 1829. Um entendimento mais moderno considera que esta é a
primeira fase da atual instituição, que já conta com 208 anos.
[6] A leva inicial foi estimada
em 15.000 reinóis (este entendimento não é pacífico).
[7] Havia uma necessidade premente de
financiar as despesas governamentais.
[8] O Decreto de Abertura dos Portos às
Nações Amigas foi promulgado em Salvador (Carta Régia de 28 de janeiro de 1808),
quatro dias após a chegada da Família Real ao Brasil.
[9] O Banco de Portugal seria criado
bem mais tarde, em 1846. O primeiro banco português, o Banco de Lisboa, no
entanto, foi criado em 1821.
[10] F. dos Santos Trigueiros.
Dinheiro no Brasil. Rio de Janeiro: Leo Cristiano Editorial. 2ª edição, 1987,
p. 82.
[11] Antepassado da Bolsa de
Valores. Hoje, o prédio abriga a Fundação Casa França Brasil, entidade cultural
que se ocupa de eventos artísticos e exposições.
[12] História do Banco do Brasil.
Afonso Arinos de Melo Franco. Primeira Fase 1808-1835. 1° V. Brasília: 1973,
p.34-35.
[13] Segundo o Alvará de 12 de outubro
de 1808, os bilhetes eram pagáveis ao portador, à vista. Mas, segundo os
Estatutos, o Banco poderia emitir notas ilimitadamente, apenas com a “necessária cautela para que elas fossem
pagas na sua apresentação...”.
[14] Extinção do Banco – Lei de 23 de setembro de 1829.
[15] O seu sucessor, Perkins Bacon & Co (PB&Co.),
viria a imprimir, em 1839, o primeiro selo postal do mundo, o Penny Black.
[16] O Banco começou a funcionar desde o momento em que
conseguiu integralizar as 100 primeiras ações, na conformidade do Art. 1° de
seus Estatutos, ou seja, em finais de 1809.
[17] História do Banco
do Brasil. Diretoria de Marketing e Comunicação do Banco do Brasil. 2. ed.
rev. Belo Horizonte: Del Rey, Fazenda Comunicação
& Marketing, 2010, p. 13.
[18] Esta foi a segunda a ser
assim designada.
[19] Esta obra foi reeditada em
1699 e 1700.
[20] Mais tarde, ali também estiveram o
Correio e a Caixa de Amortização.
[21] Ganhou esse nome em 1875 em
homenagem à vitória aliada, na Batalha de Cerro Córa, que pôs fim à Guerra do
Paraguai, em 1° de março de 1870.
[22] Não encontramos nenhuma referência
ao ano de construção.
[23] COARACY, Vivaldo. O Rio de Janeiro
no Século 17. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1944, p. 226-227)
[24] Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias Anexas à
jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil, dedicadas a El-Rei Nosso Senhor D.
João VI. José de Souza Azevedo Pizarro e Araujo.
Rio de Janeiro: Imprensa Régia, 1820-1822, Vol. VII, p. 32.
[25] Parte dessa citação foi incluída na
matéria sobre o Palácio Monroe, publicada no Boletim n° 68 da AFSC, que
repetimos aqui pela pertinência do relato.
[26] Manuscrito anônimo de 1711 da
Biblioteca da Ajuda (Lisboa): Relação da
chegada d`armada francesa a este Rio de Janeiro em 16 de agosto de 1710. (in O Paço da Cidade do Rio de Janeiro. Gilberto
Ferrez. Rio de Janeiro: Fundação Pró-Memória, 1985, p. 11 e 12).
[27] Citado por Afonso Arinos na História do Banco do Brasil, p. 59; no
entanto, não localizamos em Pizarro.
[28] Esse bilhete foi reproduzido
na obra de Julius Meili em duas ocasiões, a primeira no volume de 1895 (As
Moedas da Colônia do Brasil – Tabela XL, n° 43), cuja descrição se encontra no
volume de 1897, pag. 256 (O Meio Circulante no Brasil, Parte I - As Moedas da
Colônia do Brasil). Depois foi inserido, também, na Parte III – A Moeda
Fiduciária no Brasil, Estampa 6, n° 24. Em 1972, aparece na Iconografia do Meio
Circulante do Brasil, edição do Banco Central, pg. 147, n°190, pertencente à
Coleção do Museu do Banco do Brasil (atual CCBB – RJ).
[29] O Catálogo J. Vinicius de
Cédulas do Brasil, 1773 à 1980, 1ª edição 1981-82, de autoria de José Vinicius
do Amaral, indica as dimensões dos bilhetes do 1° Banco do Brasil. Comparando
com o bilhete de 8$000 réis, reproduzido na Iconografia do Meio Circulante do
Banco Central, obra de 1972, essas dimensões conferem aproximadamente. Como os
bilhetes eram cortados, suas dimensões são irregulares.
[30] Conforme se refere Julius Meili no primeiro volume do “O
Meio Circulante do Brasil, Parte 1 – As Moedas da Colônia do Brasil”, pg. 256
(obra em língua alemã), que traz a descrição do bilhete de 8$000 réis do 1°
Banco do Brasil.
[31] O número do bilhete, o valor
em algarismos, a expressão vista, o
valor por extenso e o número da nota por extenso eram manuscritos.
[32] Em relatório do Ministério da
Fazenda, apresentado em 8 de maio de 1841 (referente a 1840), o então Ministro
da Fazenda Miguel Calmon du Pin e Almeida traz a “Conta de Substituição das
notas do Extinto Banco do Brasil a Cargo do Governo...” (p.N4). Essa
contabilidade provinha da Caixa de Amortização. Julius Meili, no seu volume sobre a Moeda Fiduciária, traz à pg. 19
o mesmo relatório e aponta o Manuscrito do Conselheiro Miguel Archanjo Galvão,
que foi inspetor da Caixa de Amortização de 1887 a 1896, como fonte.
[33] Optamos aqui por
reproduzir um bilhete da libra esterlina (falso da época), ou seja, o bilhete
reproduzido não foi emitido pelo Banco da Inglaterra. Em virtude do copyright sobre os bilhetes emitidos
pelo Banco da Inglaterra, é restrita a reprodução, mesmo para fins meramente
ilustrativos, tendo-se em vista que todo bilhete emitido depois de 1694 é
válido, podendo ser trocado por bilhetes atuais, mesmo se sabendo que o valor
numismático é muito superior. A legislação que trata do assunto é o Currency Banknotes Act de 1928 e o Forgery and Counterfeiting Act de 1981.
[34] A legenda “I Promise to pay...” constante nos bilhetes do Banco da Inglaterra
é a mesma desde as primeiras emissões do Banco (1694) até a atualidade. Hoje
elas não apresentam mais o nome do consignado, ou seja, não são mais nominais.
[35] Em muitas ocasiões até mesmo
a alegoria aparece cortada.
[36] No entanto, o reverso apesar
de não conter impressão, era reservado à assinatura autenticadora.
[37] Alguns autores
indicam a utilização da litografia como método utilizado para a impressão desses
bilhetes. A litografia foi introduzida na Inglaterra, no inicio do século XIX, sendo
possível que tenham enviado pedras litográficas para o Brasil para a impressão
desses bilhetes, mas não temos nenhuma confirmação neste sentido, sendo mais
plausível a utilização de uma chapa gravada (calcografia). A litografia foi
utilizada na Inglaterra, nos primeiros tempos, para a reprodução de partituras
musicais.
[38] Dinheiro no Brasil. F. dos
Santos Trigueiros. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial, 2ª edição, 1987,
p.82 (grifo nosso). Essa informação também se encontra em Julius Meili, V.III
(1903), p. 14. No entanto, não pode ser afastada a possibilidade de ter sido
realizada a gravação por um dos gravadores da Imprensa Régia, notadamente Romão Elói de Almeida, que veio de
Lisboa em 1809, onde havia atuado na Tipografia do Arco do Cego e era
profissional da gravura em metal.
[39] Constatada no bilhete de 100
mil-réis n°12208, pertencente à Coleção do Museu de Valores do Banco Central.
[40] A classificação foi feita
pelo ano de emissão e pela sequência de valores; as dimensões aproximadas têm
como base a obra de José Vinicius do Amaral, ob. cit., p.99-104, que
acreditamos estar próxima da realidade. Na terceira coluna, temos a catalogação
da obra de Julius Meili, sendo que o (*) indica que o exemplar pertencia a
outra coleção; (°) indica que ele não conheceu nenhum exemplar. Os demais eram
bilhetes de sua coleção.
[41] Catalogação de Julius Meili. A numeração marcada com
(*) significa que os exemplares encontravam-se em outras coleções, com (°)
significa que ele não chegou a conhecer nenhum exemplar e os com (†) não foram
reproduzidos por serem apenas variantes, apresentando diferenças no tamanho, na
cor, no arranjo ou na declaração de valor.
[42] O Meio Circulante no Brasil.
Parte III – A Moeda Fiduciária no Brasil 1771-1900. Zurique, Tipografia de Jean
de Frey, 1903.
[43] Mencionado (não foi
reproduzido) por Julius Meili no Volume I (As Moedas da Colônia do Brasil) do
Meio Circulante, 1898, p. 279.
[44] Vendida pela Heritage Auctions (Florida)
por US$5,000.00, em 7 de janeiro de 2016. Estado de Conservação: Very Fine (20).
[45] Catálogo do Papel-Moeda do
Brasil – 1771-1986. Violo Idolo Lissa. Brasília: Editora Gráfica Brasiliana
Ltda., 1987.
[46] O número da nota em
algarismos e por extenso eram manuscritos.
[47] Podemos ai incluir o próprio
Banco do Brasil.
[48] Período de emissão dos
bilhetes. A Caixa de Conversão foi incorporada à Caixa de Amortização, em
1920.
[49] Podemos ver aqui, novamente,
a presença do “Flussgott”, ou seja,
“deus do rio”, como nos bilhetes da 1ª e 2ª emissão.
[50] Como ocorre na Peça da
Coroação com D. Pedro I.
[51] Em Julius Meili, no volume que
trata da Moeda Fiduciária (V.III do Meio Circulante, 1903), p.19, temos
detalhadamente as datas de início e de encerramento dessa substituição, que se
procedeu de 1836 a
1841. Dá como fonte dessas informações o Manuscrito do Conselheiro Manuel
Arcanjo Galvão. Encontramos informações semelhantes na “Conta da substituição
das notas do extinto Banco do Brasil a cargo do Governo, emitidas na Província
do Rio de Janeiro” Relatórios do Ministério da Fazenda, 1840, p.N° 4 e N° 5.
(publicado em 1841). Nesse caso, as informações provinham da Caixa de
Amortização.
[52] Como afirmavam seus delatores
que desejavam a liquidação do Banco.
[53] Podemos, também, acrescentar
as da 2ª emissão.
[54] Catálogo da
Coleção Numismática de Bernardo de Azevedo da Silva Ramos - Tipografia della Real Academia de Lincei,
Roma, 1900, apêndice I a XXI.